Caroline Fourest lança este "Choc de Prejugés" um livro que é apresentado (ver os 6 primeiros minutos deste clip) com um discurso que bate forte nas correntes políticas francesas que tentam tirar proveito próprio do mau estar gerado nas cités. Por um lado Fourest dirige-se à política securitária de Sarkozy, Le Pen e De Villiers, cada um apostando em diferentes variantes da política do bastão, e por outro Fourest não poupa a vitimização do integrismo velado representado por Tariq Ramadan, cujo comunitarismo isola ainda mais a própria comunidade e desencadeia acções comunitaristas igualmente integristas entre as restantes comunidades religiosas. Vai ser certamente uma das minhas próximas leituras, parece-me ser um livro que toca onde dói e uma das raras reflexões que decifra uma boa parte do problema das cités francesas. Aconselho vivamente este livro a todos aqueles que discutiram recentemente o problema do véu na blogosfera.
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Ano Internacional do Sol em Coimbra
As primeiras iniciativas realizadas no âmbito do Ano Internacional do Sol ocorrerão durante a IX Semanal Cultural da Universidade de Coimbra cujo lema será: "Estou vivo e escrevo Sol". Estão previstos um workshop, duas exposições, três palestras e actividades para alunos dos ensinos básico e secundário. Informações para a inscrição nos diferentes eventos podem ser encontradas aqui.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Onde é que estão as televisões de esquerda?
Ler este certeiro texto do Paulo Querido sobre esse vício do cronista luso que consiste em afirmar que a comunicação social é dominada pela esquerda.
Onde é que estão as televisões de esquerda?
PS- Estou plenamente convencido que haveria espaço para um projecto televisivo em canal aberto com qualidade e com audiências razoáveis coordenado por gente de esquerda e pela nova direita intelectual. Desconfio que esta direita também não tem pachorra para o circo kitsch da TVI e da SIC generalista.
Onde é que estão as televisões de esquerda?
PS- Estou plenamente convencido que haveria espaço para um projecto televisivo em canal aberto com qualidade e com audiências razoáveis coordenado por gente de esquerda e pela nova direita intelectual. Desconfio que esta direita também não tem pachorra para o circo kitsch da TVI e da SIC generalista.
sábado, fevereiro 24, 2007
Sábado em Coimbra XXXIII: sombras de Pessoa
Nas ruas da baixa ainda há leitarias, tasquinhas, serve-se mau vinho,
por ali encalhados no tempo vagueiam muitos personagens singulares.
Chamo-lhes sombras de Pessoa, são alcoólicos da leitura, bêbados da retórica,
recriam a baixa de Lisboa do início do século XX, na Coimbra do século XXI.
Marxistas esclarecidos (dizem eles), DJs franco-atiradores, cyber-alfarrabistas,
"jovens" dos anos 80 encalhados entre o punk e o gótico, a fauna é variada.
Talvez avariada...
Parecem-me relíquias do Universo de Pessoa a cavalo em Gagarine e Carl Cox
Sábado em Coimbra XXXII
por ali encalhados no tempo vagueiam muitos personagens singulares.
Chamo-lhes sombras de Pessoa, são alcoólicos da leitura, bêbados da retórica,
recriam a baixa de Lisboa do início do século XX, na Coimbra do século XXI.
Marxistas esclarecidos (dizem eles), DJs franco-atiradores, cyber-alfarrabistas,
"jovens" dos anos 80 encalhados entre o punk e o gótico, a fauna é variada.
Talvez avariada...
Parecem-me relíquias do Universo de Pessoa a cavalo em Gagarine e Carl Cox
Sábado em Coimbra XXXII
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Klepsýdras de Ouro 2006
Melhor Filme
"Partículas Elementares" de Oskar Roehler.
Ler comentário na rubrica Klepcinema.
Melhor Actriz
Martina Gedeck pela sua interpretação nos filmes "Partículas Elementares" e "As Vidas dos Outros"
Melhor Actor
Denzel Washington pela interpretação no filme "Infiltrado".
Melhor Filme Fantástico
"Perfume" de Tom Tykwer
Melhor Filme Político
"As Vidas dos Outros" de Florian Henckel von Donnersmarck
Melhor Diálogo
O diálogo entre Keith Frazier (Denzel Washington) e um polícia branco no filme "Infiltrado" de Spike Lee. Frazier pergunta ao polícia se já foi alguma vez ferido em serviço e este responde-lhe que sim, por um indivíduo negro. Após algum mau estar entre os dois, Frazier insiste para que o polícia descreva como é que esse negro o feriu... A troca de palavras que se segue é Spike Lee puro.
Este é apenas um entre uma série de diálogos memoráveis que abundam neste filme.
Melhor Cena de Dança
A subversiva dança da Olive no concurso de Miss em "Little Miss Sunshine" de Jonathan Dayton e Valerie Faris. Ver aqui no You Tube.
"Partículas Elementares" de Oskar Roehler.
Ler comentário na rubrica Klepcinema.
Melhor Actriz
Martina Gedeck pela sua interpretação nos filmes "Partículas Elementares" e "As Vidas dos Outros"
Melhor Actor
Denzel Washington pela interpretação no filme "Infiltrado".
Melhor Filme Fantástico
"Perfume" de Tom Tykwer
Melhor Filme Político
"As Vidas dos Outros" de Florian Henckel von Donnersmarck
Melhor Diálogo
O diálogo entre Keith Frazier (Denzel Washington) e um polícia branco no filme "Infiltrado" de Spike Lee. Frazier pergunta ao polícia se já foi alguma vez ferido em serviço e este responde-lhe que sim, por um indivíduo negro. Após algum mau estar entre os dois, Frazier insiste para que o polícia descreva como é que esse negro o feriu... A troca de palavras que se segue é Spike Lee puro.
Este é apenas um entre uma série de diálogos memoráveis que abundam neste filme.
Melhor Cena de Dança
A subversiva dança da Olive no concurso de Miss em "Little Miss Sunshine" de Jonathan Dayton e Valerie Faris. Ver aqui no You Tube.
Klepsýdras de Ouro 2006 às 12:30
A terceira edição das Klepsýdras de Ouro que recompensam o cinema realizado no ano de 2006 terá lugar pelas 12:30. Podem começar a montar as tendas junto à passadeira de veludo azul, mas peço-vos pela Nossa Senhora de Fátima que não se empurrem, nem atirem papéis para o chão, senão tenho que soltar os pit bull.
Palmarés
Melhor Filme 2005:"L'Enfer" de Danis Tanovic
Melhor Filme 2004:"A Queda" de Oliver Hirschbiegel
Melhor Actriz 2005: Isabelle Carré pelo filme "Entre ses Mains"
e Cécile De France pelo filme "As Bonecas Russas"
Melhor Actor 2005: José Garcia pelos filmes "A Caixa Negra" e "Golpe a Golpe"
Melhor Ficção Científica 2005: "A Ilha" de Michael Bay
Melhor Filme Fantástico 2005: "A Caixa Negra" de Richard Berry
Melhor Diálogo 2005: "ENRON" de Alex Gibney
Melhor Cena de Dança 2005: "Entre ses Mains" de Anne Fontaine
Melhor Filme Político 2005: "ENRON: The Smartest Guys in the Room" de Alex Gibney
Palmarés
Melhor Filme 2005:"L'Enfer" de Danis Tanovic
Melhor Filme 2004:"A Queda" de Oliver Hirschbiegel
Melhor Actriz 2005: Isabelle Carré pelo filme "Entre ses Mains"
e Cécile De France pelo filme "As Bonecas Russas"
Melhor Actor 2005: José Garcia pelos filmes "A Caixa Negra" e "Golpe a Golpe"
Melhor Ficção Científica 2005: "A Ilha" de Michael Bay
Melhor Filme Fantástico 2005: "A Caixa Negra" de Richard Berry
Melhor Diálogo 2005: "ENRON" de Alex Gibney
Melhor Cena de Dança 2005: "Entre ses Mains" de Anne Fontaine
Melhor Filme Político 2005: "ENRON: The Smartest Guys in the Room" de Alex Gibney
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Conversa Aquecimento Global em Coimbra
Para os interessados, hoje no café Santa Cruz em Coimbra pelas 21:30, haverá uma conversa sobre aquecimento global onde estarei presente na mesa acompanhado do João Gabriel da Quercus e da deputada Alda Macedo.
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Amen ou o valor da vida
O filme "Amen" de Costa-Gavras fala muito sobre o valor da vida na óptica do Vaticano. As vidas de que se fala em "Amen" não são espermatozóides, fetos ou embriões, são as vidas de adultos e crianças, na sua grande maioria judeus, mas também ciganos, homossexuais e outras minorias que encontraram a morte nos campos de extermínio do regime nazi. A obra de Gavras ilustra muito bem o papel dúbio do Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial, sobretudo a tolerância perante os excessos nazis, é que apesar de tudo para a Igreja os nazis combatiam os comunistas.
"Amen" conta o combate intransigente do padre Riccardo Fontana - interpretado muito bem por Mathieu Kassovitz - pelos valores autênticos do cristianismo contra a hipocrisia do Vaticano que se manteve indiferente às informações crescentes da realidade dos campos de concentração nazis. Fontana consegue o apoio de Kurt Gerstein, um graduado alemão que vive atormentado com os crimes praticados nos campos de concentração, mas a luta de ambos será sabotada pela política do Papa Pio XII. Maior ajuda obterão numerosos nazis que conseguem escapar ao fim da guerra fugindo para a América do Sul através de uma preciosa colaboração do Vaticano.
"Amen" conta o combate intransigente do padre Riccardo Fontana - interpretado muito bem por Mathieu Kassovitz - pelos valores autênticos do cristianismo contra a hipocrisia do Vaticano que se manteve indiferente às informações crescentes da realidade dos campos de concentração nazis. Fontana consegue o apoio de Kurt Gerstein, um graduado alemão que vive atormentado com os crimes praticados nos campos de concentração, mas a luta de ambos será sabotada pela política do Papa Pio XII. Maior ajuda obterão numerosos nazis que conseguem escapar ao fim da guerra fugindo para a América do Sul através de uma preciosa colaboração do Vaticano.
Fim das lâmpadas incandescentes na Austrália
Via Aba de Heisenberg, a notícia da interdição de lâmpadas incandescentes na Austrália. Um passo corajoso e útil para poupar energia que poderia ser seguido por cá.
domingo, fevereiro 18, 2007
...Then it's the Bomb that will bring us together
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que surgiram no meio militar dos EUA tendências securitárias esquizofrénicas que cedo geraram a oposição do meio científico ao mais alto nível, onde figuras como Einstein ou Oppenheimmer - o director do Projecto Manhattan - tiveram um papel importante para a alertar para o perigo que representava o desenvolvimento de armas nucleares cada vez mais potentes. Para cada alerta da comunidade científica havia sempre uma teoria justificativa militar para que a próxima arma mais potente fosse a solução de todos os problemas. O resultado desta política é o que se sabe, a URSS ficou com o record da arma mais potente jamais construída (a Tsar Bomba com 50 Mt de potência), e mesmo depois dos EUA terem ganho a Guerra Fria, os seus actuais governantes não se sentem seguros, ao ponto de continuarem a propor projectos "defensivos" megalómanos, como a defesa antimísseis que pretendem agora instalar na Europa de Leste.
Um dos grandes responsáveis pelas teorias justificativas securitárias - que no fundo são muito semelhantes à teoria de que estamos mais seguros se fizermos a Guerra contra o Terrorismo - é Edward Teller, mais conhecido no meio científico como o Dr. Estranho Amor. Teller possui um reportório para a utilização de explosões nucleares para fins "pacíficos" que faria furor em pleno Inferno de Dante: para abrir canais, construir portos, arrasar montanhas, produzir energia, para estudar a composição química da Lua e provar a teoria da relatividade de Einstein fazendo explodir uma bomba na face mais afastada do Sol. Teller defendeu sempre que as bombas nucleares promoviam a paz e opôs-se ao tratado de supressão de testes nucleares de superfície. Para quem não sabe, os testes nucleares de superfície são a maior tragédia da era nuclear após Hiroshima, tendo morrido cerca de 170 mil pessoas como consequência dos produtos de fissão altamente radioactivos espalhados na atmosfera aquando de cada ensaio.
No blogue Cinco Dias, a Joana Amaral Dias chamou muito bem a atenção para mais uma dessas teorias justificativas esquizofrénicas da autoria de John Bolton, segundo o qual correu mal a negociação que levou ao fecho do seu principal reactor nuclear da Coreia do Norte porque passou a mensagem de que "portar mal compensa". Isto é discurso Dr. Estranho Amor puro e duro. E o problema é que o mundo tem vindo a ser dominado pelo espírito Dr. Estranho Amor em grande medida através dessa brilhante ideia da Guerra contra o Terrorismo. A contabilização dos mortos já vai bem longa sem que se vejam indícios de acalmia do terrorismo islâmico. O recente alerta dos físicos nucleares para o grande aumento de probabilidade de autodestruição da humanidade é para ser bem levado a sério e se não for a via diplomática que resultou com a Líbia e com a Coreia do Norte, corremos o risco de proporcionar um futuro cataclísmico às próximas gerações que faria bem as delícias do Dr. Estranho Amor.
Um dos grandes responsáveis pelas teorias justificativas securitárias - que no fundo são muito semelhantes à teoria de que estamos mais seguros se fizermos a Guerra contra o Terrorismo - é Edward Teller, mais conhecido no meio científico como o Dr. Estranho Amor. Teller possui um reportório para a utilização de explosões nucleares para fins "pacíficos" que faria furor em pleno Inferno de Dante: para abrir canais, construir portos, arrasar montanhas, produzir energia, para estudar a composição química da Lua e provar a teoria da relatividade de Einstein fazendo explodir uma bomba na face mais afastada do Sol. Teller defendeu sempre que as bombas nucleares promoviam a paz e opôs-se ao tratado de supressão de testes nucleares de superfície. Para quem não sabe, os testes nucleares de superfície são a maior tragédia da era nuclear após Hiroshima, tendo morrido cerca de 170 mil pessoas como consequência dos produtos de fissão altamente radioactivos espalhados na atmosfera aquando de cada ensaio.
No blogue Cinco Dias, a Joana Amaral Dias chamou muito bem a atenção para mais uma dessas teorias justificativas esquizofrénicas da autoria de John Bolton, segundo o qual correu mal a negociação que levou ao fecho do seu principal reactor nuclear da Coreia do Norte porque passou a mensagem de que "portar mal compensa". Isto é discurso Dr. Estranho Amor puro e duro. E o problema é que o mundo tem vindo a ser dominado pelo espírito Dr. Estranho Amor em grande medida através dessa brilhante ideia da Guerra contra o Terrorismo. A contabilização dos mortos já vai bem longa sem que se vejam indícios de acalmia do terrorismo islâmico. O recente alerta dos físicos nucleares para o grande aumento de probabilidade de autodestruição da humanidade é para ser bem levado a sério e se não for a via diplomática que resultou com a Líbia e com a Coreia do Norte, corremos o risco de proporcionar um futuro cataclísmico às próximas gerações que faria bem as delícias do Dr. Estranho Amor.
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
A importância que se dá à ciência
A Suiça e a Noruega são dois países de média dimensão europeia, como Portugal, mas são muito mais ricos do que nós. Os Noruegueses e os Suíços também gostam de futebol, como os Portugueses. Os Suíços até vão organizar o próximo Europeu da especialidade, em conjunto com a Áustria. Os Noruegueses adoram desporto, não apenas futebol, e praticam-no, são uma nação de desportistas. Os Noruegueses e os Suíços também vêem telenovelas e programas de variedades da vida real, mas vêem muito menos do que os Portugueses, tal como vêem muito menos futebol do que os Portugueses. Mas, os Noruegueses e os Suíços dão muito mais importância à cultura e à ciência do que os Portugueses. Talvez isso contribua muito para que sejam mais ricos (ignorando o petróleo norueguês do Mar do Norte). Durante a semana que passei no Acelerador Europeu de Radiação de Sincrotrão, constatei que uma das 40 linhas de saída do feixe gerado no Sincrotrão é propriedade conjunta da Noruega e da Suiça, para utilização exclusiva dos investigadores destes países. Também gostava de ter um país assim...
Berlinale
Seguir os interessantes comentários do José Mário Silva em directo da Berlinale no blogue A Invenção de Morel.
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
História de O em dia de São Valentim
Dominique Aury amava Jean Paulhan, mas Paulhan era um típico coureur de jupons, como dizem os franceses, um homem que fazia da infidelidade amorosa a regra e não a excepção. Determinada a cativá-lo definitivamente, Dominique escreve em apenas algumas noites a "História de O" e oferece-a a Jean Paulhan. Este livro que é uma das maiores declarações públicas de amor foi publicado em 1954 sobre o pseudónimo de Pauline Réage. Inicialmente, pensava-se que a "História de O" fosse obra de um homem. À luz do pudor da época era impensável que uma mulher fosse capaz de tais escritos. Só em 1994, Dominique Aury admite a autoria da obra numa entrevista à revista New Yorker.
Quando derem por vós num espaço comercial, em plena fúria consumista de São Valentim, lembrem-se de Dominique Aury. Basta um papel, um lápis e algumas palavras para se atingir o objectivo.
Relacionados:
"Dominique Aury, biographie", Angie David, Editions Léo Scheer, 2006.
"Autour de Dominique Aury", canal ARTE, Abril de 2006.
"Histoire d'O" (banda desenhada), Guido Crepax, Franco Maria Ricci Editore, 1975.
Quando derem por vós num espaço comercial, em plena fúria consumista de São Valentim, lembrem-se de Dominique Aury. Basta um papel, um lápis e algumas palavras para se atingir o objectivo.
Relacionados:
"Dominique Aury, biographie", Angie David, Editions Léo Scheer, 2006.
"Autour de Dominique Aury", canal ARTE, Abril de 2006.
"Histoire d'O" (banda desenhada), Guido Crepax, Franco Maria Ricci Editore, 1975.
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Roleta Russa vs Aquecimento Global
Imagine que está no Texas com o Luciano Amaral, o João Miranda, o Rui Moura e George W. Bush. Estes convidam-no para uma salutar sessão de roleta russa. Como é o convidado especial dão-lhe a honra de abrir o jogo e passam-lhe para as mãos uma pistola carregada com cinco balas e uma câmara vazia. A probabilidade de espalhar parte da sua massa cerebral pelas paredes após um disparo é de 83,3%.
A probabilidade que o aquecimento global seja provocado pelo homem é superior a 90%.
Aceitaria jogar com os referidos convivas?
Ler também "Sem surpresas" na Linha dos Nodos.
A probabilidade que o aquecimento global seja provocado pelo homem é superior a 90%.
Aceitaria jogar com os referidos convivas?
Ler também "Sem surpresas" na Linha dos Nodos.
Passar a pressão para a Polónia e Irlanda
Ler esta acertada entrada do António Figueira no blogue Cinco Dias sobre o aborto na Polónia e na Irlanda.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Grandes verdades
de José Medeiros Ferreira:
"em Portugal a direita política é incapaz de resolver qualquer assunto que requeira um pouco de nervo. Não democratizaram, não descolonizaram",
não despenalizaram o aborto e desconfio que também não vão descentralizar o país, acrescento eu.
"em Portugal a direita política é incapaz de resolver qualquer assunto que requeira um pouco de nervo. Não democratizaram, não descolonizaram",
não despenalizaram o aborto e desconfio que também não vão descentralizar o país, acrescento eu.
Não deixar arrastar a IVG e apoiar já quem precisa
O que interessa agora é que a IVG possa começar a ser aplicada com a maior rapidez possível. Existem mulheres em situação difícil que nas próximas semanas vão precisar de ajuda, mesmo que a IVG ainda não possa ser realizada em certas regiões do país seria importantíssimo dar já apoio através de consultas especializadas a quem se encontra nessa situação, até porque uma boa parte dos casos se resolve com recurso a uma simples pílula abortiva.
Do que conheço deste país, não me admiraria nada que por uma picuinhice administrativa (ou política) qualquer a aplicação da IVG se arrastasse por mais de um ano.
Do que conheço deste país, não me admiraria nada que por uma picuinhice administrativa (ou política) qualquer a aplicação da IVG se arrastasse por mais de um ano.
domingo, fevereiro 11, 2007
Simular estrelas e galáxias para as poder ver melhor
Na minha última crónica "3,2,1...Descolagem!" para o Portal do Astrónomo descrevo o trabalho realizado durante a semana que passei no Acelerador Europeu de Radiação de Sincrotrão em Grenoble.
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Importante é a mobilização dos votantes SIM
O mais importante para o SIM será conseguir mobilizar os seus potenciais votantes e não repetir o erro do referendo de 1998. O debate foi bem esclarecedor, convém não deixar mais vez o destino das mulheres entregues à bicharada e passarmos a outra fase do nosso desenvolvimento.
Reportagem sobre aborto na ARTE
Os europeus que viram a pequena reportagem emitida pelo canal ARTE sobre o referendo ao Aborto, devem ter ficado estupefactos com as declarações do Bastonário da Ordem dos Médicos declarando-se de uma forma quase militante (e primária também) a favor do NÃO. Pergunto-me se um representante máximo de uma Ordem deve fazer declarações deste teor como Bastonário. Quando fiz parte da direcção da Sociedade Portuguesa de Astronomia (SPA) tínhamos o cuidado de catalogar bem as declarações de teor político como declarações individuais que não representavam a opinião da SPA. Será a opinião do Bastonário igual à opinião dos médicos? Parece-me que não. Será que este país anda a dormir? Tudo se faz com a maior das latas.
Reportagem sobre aborto na ARTE
Os europeus que viram a pequena reportagem emitida pelo canal ARTE sobre o referendo ao Aborto, devem ter ficado estupefactos com as declarações do Bastonário da Ordem dos Médicos declarando-se de uma forma quase militante (e primária também) a favor do NÃO. Pergunto-me se um representante máximo de uma Ordem deve fazer declarações deste teor como Bastonário. Quando fiz parte da direcção da Sociedade Portuguesa de Astronomia (SPA) tínhamos o cuidado de catalogar bem as declarações de teor político como declarações individuais que não representavam a opinião da SPA. Será a opinião do Bastonário igual à opinião dos médicos? Parece-me que não. Será que este país anda a dormir? Tudo se faz com a maior das latas.
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Depuis qu'Otar est parti
"Depuis qu'Otar est parti" é uma obra-prima da realizadora francesa Julie Bertucceli que venceu o César para a Primeira Obra e o Grande Prémio da Crítica em Cannes em 2003, entre muitos outros prémios. Este filme narra a história de três mulheres geórgias que representam cada uma, a sua geração. Eka é uma avozinha marxista e saudosista. Marina é uma mulher criada no comunismo soviético que se sente perdida no capitalismo desregulado da nova Geórgia independente. Ada, a sua filha, faz parte da geração que não conheceu o comunismo, repelindo os vestígios do passado como se de peste se tratasse. Otar, irmão de Marina, é emigrante em Paris. Um dia as suas cartas deixam de chegar. Otar morre e Marina pede a Ada para esconder a notícia a Eka...
"Depuis qu'Otar est parti" pode ser visto como uma deliciosa parábola sobre orfandade da sociedade geórgia do paternalismo comunista, com um final particularmente delicioso e inteligente, onde a esperança rima com risco, mas Ada é jovem e está disposta a assumir riscos por conta própria.
"Depuis qu'Otar est parti" pode ser visto como uma deliciosa parábola sobre orfandade da sociedade geórgia do paternalismo comunista, com um final particularmente delicioso e inteligente, onde a esperança rima com risco, mas Ada é jovem e está disposta a assumir riscos por conta própria.
Fous ta cagoule
"eu próprio trabalho um pouco com estatísticas e previsões, conhecendo portanto a falibilidade do método. A boa previsão científica é aquela que se faz de forma cautelosa, rodeada de qualificações. Por isso me custa ouvir tantas sentenças definitivas a partir de instrumentos tão falíveis." Luciano Amaral no DN.
Lendo o artigo desta semana do Luciano Amaral fica a sensação de que ele não percebe alguns dos conceitos básicos que envolvem o estudo do aquecimento global. O Luciano "trabalha um pouco com estatísticas", os cientistas do IPCC trabalham a fundo em estatística, e durante os últimos seis anos trabalharam só em estatística climática. Todas as idades do gelo e variações significativas foram estudadas até ao horizonte de 400 mil anos atrás, inclusivamente a pequena idade do gelo do sec. XVI que pelos vistos só agora o Luciano descobriu. E baseados nesses estudos que cobrem um período nunca antes estudado concluíram com 90% de certeza que o aquecimento global é provocado pelo homem. A afirmação "90% de certeza" é em si uma afirmação cautelosa (a maior parte das vezes dizemos que temos a certeza absoluta quando temos apenas 70 ou 80 % de certeza) e de modo nenhum uma "sentença definitiva", sentença definitiva seria dizer 100% de certeza. Só uma amarga sensação de derrota ideológica que o Luciano deve estar a sentir explica este erro grosseiro (será erro?). No fundo, no fundo, o artigo do Luciano trata é de ideologia, a sua ideologia é ameaçada pela política necessária para combater o aquecimento global. O liberalismo selvagem baseado na produção ilimitada de bens tem os seus dias contados, o Estado vai ter que intervir onde as empresas falharam. Ironicamente, as experiências marxistas, o alvo do artigo do Luciano, no que toca à produtividade desmesurada e à poluição produziram resultados muito semelhantes ao liberalismo económico selvagem. Quem conhece bem os EUA e a Europa de Leste sabe que existem zonas industriais americanas que parecem tiradas a papel químico de zonas industriais dos ex-regimes comunistas. Ambas reflectem o mesmo problema: a demissão completa do Estado na regulação da poluição industrial. Na URSS isso acontecia porque o Estado não exigia responsabilidades aos seus funcionários, nos EUA o mesmo acontece porque o Estado não exige responsabilidades às empresas privadas.
Lendo o artigo desta semana do Luciano Amaral fica a sensação de que ele não percebe alguns dos conceitos básicos que envolvem o estudo do aquecimento global. O Luciano "trabalha um pouco com estatísticas", os cientistas do IPCC trabalham a fundo em estatística, e durante os últimos seis anos trabalharam só em estatística climática. Todas as idades do gelo e variações significativas foram estudadas até ao horizonte de 400 mil anos atrás, inclusivamente a pequena idade do gelo do sec. XVI que pelos vistos só agora o Luciano descobriu. E baseados nesses estudos que cobrem um período nunca antes estudado concluíram com 90% de certeza que o aquecimento global é provocado pelo homem. A afirmação "90% de certeza" é em si uma afirmação cautelosa (a maior parte das vezes dizemos que temos a certeza absoluta quando temos apenas 70 ou 80 % de certeza) e de modo nenhum uma "sentença definitiva", sentença definitiva seria dizer 100% de certeza. Só uma amarga sensação de derrota ideológica que o Luciano deve estar a sentir explica este erro grosseiro (será erro?). No fundo, no fundo, o artigo do Luciano trata é de ideologia, a sua ideologia é ameaçada pela política necessária para combater o aquecimento global. O liberalismo selvagem baseado na produção ilimitada de bens tem os seus dias contados, o Estado vai ter que intervir onde as empresas falharam. Ironicamente, as experiências marxistas, o alvo do artigo do Luciano, no que toca à produtividade desmesurada e à poluição produziram resultados muito semelhantes ao liberalismo económico selvagem. Quem conhece bem os EUA e a Europa de Leste sabe que existem zonas industriais americanas que parecem tiradas a papel químico de zonas industriais dos ex-regimes comunistas. Ambas reflectem o mesmo problema: a demissão completa do Estado na regulação da poluição industrial. Na URSS isso acontecia porque o Estado não exigia responsabilidades aos seus funcionários, nos EUA o mesmo acontece porque o Estado não exige responsabilidades às empresas privadas.
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Aborto no canal ARTE
Hoje às 20:35, no programa Zoom Europa do canal ARTE, será transmitida uma reportagem sobre os movimentos anti-aborto em Portugal. O fundamentalismo católico luso não deixa indiferente resto da Europa.
terça-feira, fevereiro 06, 2007
SIM, por vergonha
No primeiro referendo à Despenalização do Aborto votei SIM por razões científicas e por achar que o Estado deve respeitar as convicções espirituais e éticas de cada um. Mas desta vez, voto SIM por vergonha.
Estava fora do país quando ocorreu o primeiro julgamento de mulheres em Portugal. Lembro-me como se fosse hoje das imagens divulgadas pela Euronews, os rostos dos meus colegas estrangeiros reflectiam uma estupefacção silenciosa. Vivi aquele momento como se tivesse vários autocolantes colados na testa: selvagem, troglodita, macho de pacotilha, etc. Alguns colegas tentaram reconfortar-me dizendo que cada país tem os seus podres e que as coisas iriam mudar, mas um colega escocês, muito franco, disse-me: "é a vossa vertente terceiro-mundista...".
Em conversas que tive sobretudo com mulheres de outros países, sempre que referia que em Portugal o aborto era crime até às 10 primeiras semanas, gerava-se um silêncio glacial, a simpatia que o nosso país desperta ao estrangeiro que não nos conhece bem desvanecia-se naquele momento. Portugal já um país que tem fama de ser desorganizado, raramente pontual e pouco credível, o circo da condenação das mulheres que abortam é mais uma camada de terceiro-mundismo que se junta às outras. Os engraçadinhos que andaram a invocar razões económicas para votar NÃO deveriam equacionar nas suas contas não só os custos dos tribunais que julgam mulheres mas também todos os empresários que não escolhem Portugal para investir pela nossa imagem retrógada (não são poucos), em que a condenação de mulheres que abortam só funciona para nos enterrar ainda mais.
Por estas razões tenho tido muito pouca paciência discutir o aborto com o lado do NÃO, desta vez defendido por alguns dos sectores mais fanáticos da sociedade portuguesa. Quando nos apercebemos que um dos grandes arautos do NÃO é João César das Neves, um cristão que tem uma tribuna num jornal intitulada "não há almoços grátis", percebe-se que estamos a discutir ao nível da anedota.
Estava fora do país quando ocorreu o primeiro julgamento de mulheres em Portugal. Lembro-me como se fosse hoje das imagens divulgadas pela Euronews, os rostos dos meus colegas estrangeiros reflectiam uma estupefacção silenciosa. Vivi aquele momento como se tivesse vários autocolantes colados na testa: selvagem, troglodita, macho de pacotilha, etc. Alguns colegas tentaram reconfortar-me dizendo que cada país tem os seus podres e que as coisas iriam mudar, mas um colega escocês, muito franco, disse-me: "é a vossa vertente terceiro-mundista...".
Em conversas que tive sobretudo com mulheres de outros países, sempre que referia que em Portugal o aborto era crime até às 10 primeiras semanas, gerava-se um silêncio glacial, a simpatia que o nosso país desperta ao estrangeiro que não nos conhece bem desvanecia-se naquele momento. Portugal já um país que tem fama de ser desorganizado, raramente pontual e pouco credível, o circo da condenação das mulheres que abortam é mais uma camada de terceiro-mundismo que se junta às outras. Os engraçadinhos que andaram a invocar razões económicas para votar NÃO deveriam equacionar nas suas contas não só os custos dos tribunais que julgam mulheres mas também todos os empresários que não escolhem Portugal para investir pela nossa imagem retrógada (não são poucos), em que a condenação de mulheres que abortam só funciona para nos enterrar ainda mais.
Por estas razões tenho tido muito pouca paciência discutir o aborto com o lado do NÃO, desta vez defendido por alguns dos sectores mais fanáticos da sociedade portuguesa. Quando nos apercebemos que um dos grandes arautos do NÃO é João César das Neves, um cristão que tem uma tribuna num jornal intitulada "não há almoços grátis", percebe-se que estamos a discutir ao nível da anedota.
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Prazeres científicos
Aquela "cruzinha" mais acima, amarela e branca, é o prazer científico da semana passada no Acelerador Europeu de Sincrotrão. Quando se perde o tino aos dias e às noites, estas coisas recompensam o espírito e fazem esquecer a decrepitude do corpo.
sábado, fevereiro 03, 2007
Como funciona um acelerador de sincrotrão?
Aqui uma animação para leigos.
A radiação gama emitida por aqueles electrõezinhos é conduzida até às linhas de serviço (beamlines) onde instalámos amostras dos elementos principais do telescópio espacial de raios gama que estamos a desenvolver.
A radiação gama emitida por aqueles electrõezinhos é conduzida até às linhas de serviço (beamlines) onde instalámos amostras dos elementos principais do telescópio espacial de raios gama que estamos a desenvolver.
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Ponto da situação sobre Aquecimento Global
O relatório que será divulgado daqui a algumas horas pelo Painel Governamental Internacional para as Alterações Climáticas foi revisto por cerca de 2500 cientistas especialistas em climatologia e teve a contribuição escrita de mais de 1000 investigadores de 130 países. O relatório que será dividido em 4 volumes representa mais de 6 anos de trabalho. Durante todo este tempo, os investigadores envolvidos neste extenso trabalho científico levantaram-se todos os dias para ir trabalhar em assuntos complicados - em frequentes casos bem mais do que as 8 horas diárias - publicando e confrontando continuadamente as suas teorias e os seus resultados científicos com os seus pares espalhados pelo mundo. Porque é que estes investigadores continuam a ser alvo de ataques idiotas da parte de grupos de charlatães organizados, alguns bem pagos, que não investigam e que não sabem o que é a ciência? Nos dias que correm a resposta reside no fanatismo político, há uma ideologia que não está nada contente com isto, há muita coisa que cai por terra e eles sabem bem que assim é.
Um momento de humor às 5 da matina
Adoro as calinadas negacionistas do Insurgente. Esta é fabulosa:
Título irónico: "O aquecimento global não perdoa"
Entrada: "Caiu neve em Lisboa"
Conclusão: Lisboa=global, logo local=global.
O link para o Portugal Diário parece-me que ajuda a reforçar ideia.
Título irónico: "O aquecimento global não perdoa"
Entrada: "Caiu neve em Lisboa"
Conclusão: Lisboa=global, logo local=global.
O link para o Portugal Diário parece-me que ajuda a reforçar ideia.
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Turno das 0 às 8
Uma maçã bem roída no fresquinho da noite de Grenoble sob o luar reflectido pelas montanhas sem neve. Observo três ou quatro coelhos que fazem sprints na relva à volta do acelerador de partículas, coelhos acelerados portanto, e eis que inicio o turno da meia-noite às 8. No cardápio que me espera constam: cálculos, parafusos, radiação e discussão, sob o síndroma da falta de sono.
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