domingo, setembro 30, 2007

Simular as alterações do clima

A revista Science & Vie lançou um número especial dedicado às alterações do clima simultaneamente com um sítio internet onde se pode simular das alterações do clima entre 2050 e 2100 no território francês.
A revista faz o ponto da situação da investigação e da acção para combater as alterações do clima depois da publicação do relatório do IPCC, elaborado pelos melhores investigadores do mundo em climatologia.

Alterações do clima em Portugal
O prof. Filipe Duarte Santos da Faculdade Ciências de Lisboa é o responsável pelo estudo científico mais rigoroso e mais abrangente sobre o impacto das alterações do clima em Portugal. Da sua autoria, o estudo "Alterações Climáticas em Portugal, Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação" pode ser descarregado aqui.

sexta-feira, setembro 28, 2007

A nossa televisão é um circo!

O episódio de Santana Lopes na SIC Notícias (o melhor canal nacional na minha opinião) pode ser visto como um sintoma de um certo "bater no fundo" das nossas televisões. É preciso estar-se muito próximo do grau zero para um dos políticos que deve grande parte da sua carreira ao circo televisivo nacional (foi comentador de futebol e de política, lembram-se?) ser aquele que protesta de forma mais certeira contra o delírio em que se transformaram os noticiários do melhor canal de televisão.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Rentrée literária francesa II

Hoje às 22:42 na TV5 a Rentrée Lietrária Francesa continua no excelente programa Esprits Libres. Será debatido o melhor livro da Rentrée segundo os principais editores franceses e será apresentado "99 francos", o novo filme, baseado no romance do mesmo nome de Frédéric Beigbeder.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Mundo de Aventuras XLIII


Dali, Yunan, China, Janeiro de 2005

Mundo de Aventuras XLII

Os 10 sítios mais poluídos do mundo

Via Linha dos Nodos, eis a lista dos 10 sítios mais poluídos do mundo segundo a ONG Blacksmith Institute:

* Sumgayit, Azerbeijão
* Linfen, China
* Tianying, China
* Sukinda, Índia
* Vapi, Índia
* La Oroya, Peru
* Dzerzhinsk, Rússia
* Norilsk, Rússia
* Chernobyl, Ucrânia
* Kabwe, Zâmbia

terça-feira, setembro 25, 2007

Roman de Gare

"Roman de Gare" passou a ser o meu filme preferido de Claude Lelouch ("Uns e Outros"). Gostei deste policial que se constrói em torno da escrita de um livro. Esse livro intitula-se "Roman de Gare" e foi encomendado a um "escravo" (Dominique Pinon) pela escritora Judith Ralitzer (Fanny Ardant). Desde a primeira cena começamos a antecipar um crime (ou vários) que parece estar ligado à escrita livro. Será esta uma escrita maldita? A escrita de um assassínio em directo? A trama deste filme vai tomando contornos imprevistos à medida que as personagens oscilam entre uma confrangedora inocência e uma sofisticada perversão. Lelouch alimenta deliciosamente o suspense através do enquadramento de um copo de vinho, um olhar ao espelho e uma manhã de nevoeiro a bordo de um barco. Lelouche prescinde de revólveres e objectos cortantes. A arma do crime é a sofisticação...

"Roman de Gare" é uma oportunidade para apreciar dois dos meus actores preferidos: a grande diva do cinema Fanny Ardant e Dominique Pinon (excelente interpretação). A actriz Audrey Dana é uma bela revelação.

Ler ainda o David Luz sobre Roman de Gare cuja opinião é negativa.

segunda-feira, setembro 24, 2007

A ciência e a sociedade

Este texto do Prof. Carlos Fiolhais aborda um dos maiores desafios da ciência dos nossos dias: a sua interacção com a sociedade. Saber analisar os problemas em função de probabilidades e de incerteza é fundamental na complexidade do mundo de hoje. O texto dá o exemplo do caso Madeleine, dos transgénicos e da nova barragem no Alto Sabor, mas muitas outras questões se levantam quotidianamente. O dramático é que a generalidade dos portugueses não está habituado a formular os problemas dessa maneira. A importância do método científico, da matemática e da estatística tem que ser realçada na escola, sob a pena das sociedades modernas formarem cidadãos inadaptados e hostis à complexidade dos novos tempos.

domingo, setembro 23, 2007

Aprende a manipular e não serás manipulado!

Esta semana foi lançado em França o filme "99 francos", baseado no romance do mesmo nome de Frédéric Beigbeder. Depois de anos a trabalhar na arte de manipular os hábitos de consumo dos franceses, Beigbeder deixou a profissão de publicitário para divulgar a filosofia empregada pelas grandes empresas na manipulação dos consumidores desde os corredores dos supermercado até aos écrãs de televisão.

Com um percurso profissional semelhante ao de Beigbeder, o espanhol Carlos Ballesteros Garcia criou o site "Consome até morrer", onde as mesmas técnicas empregadas no mundo da publicidade são aplicadas para combater o consumismo.

sexta-feira, setembro 21, 2007

BedZED: o bairro ecológico do sul de Londres



BedZED é um curioso bairro ecológico experimental construído em Wallington no sul de Londres cuja concepção permite atingir impressionantes taxas de economia nos consumos domésticos. O BedZED atinge taxas de redução de 88% no aquecimento, 57% na utilização de água quente e 25% no consumo de electricidade, em relação à habitação média britânica. A sua construção foi
realizada utilizando materiais existentes num raio de 50 km, diminuindo substancialmente a emissão de gases de efeito de estufa durante essa fase. 15% dos materiais utilizados na construção são reutilizáveis ou recicláveis.
O bairro começou a ser habitado desde 2002, seguindo uma filosofia de composição heterogénea dos seus residentes: cerca de 1/3 dos habitantes pertence às classes mais desfavorecidas, 1/3 pertence à classe média e o outro terço à classe alta, entre os quais se encontram alguns dos que projectaram e financiaram o BedZED. Os resultados têm sido muito bons, com as populações mais desfavorecidas a assimilarem em pleno a vida social e a filosofia ecológica do bairro.

Rentrée literária francesa



O programa "Esprits Libres" (TV5 quintas às 22:30 ou France 2 sextas às 22:30) apresentado por Guillaume Durand abriu a rentrée literária francesa com um grande debate sobre o Choque de Civilizações e sobre a rentrée literária nos EUA. O debate entre os autores foi animadíssimo com crises de raiva, muita saliva nos cantos da boca e sorrisos amarelos, enfim um debate como deve ser! "La querelle de l’école" de Alain Finkielkraut e "Le rendez-vous des civilisations" de Emmanuel Todd foram os livros e os autores no centro do debate.

A emissão integral pode ser vista aqui.
Aconselho vivamente todos os que gostam de literatura a passarem os olhos pelo programa. Reparem como é perfeitamente possível fazer um programa televisivo literário interessante, vivo, variado, esteticamente atractivo e que não se destina apenas a elites.

quarta-feira, setembro 19, 2007

A condescendência da direita com o Salazarismo

Não dei muita importância ao facto de os resquícios da extrema-direita em Portugal terem gasto rios de dinheiro a comprar cartões de telemóvel e a ligar de tudo o que era aparelho telefónico para eleger Salazar a grande português. Se isto é o melhor que conseguem fazer em democracia, estamos nós muito bem. Também não dei muita importância ao facto de os antigos bufos (eram mais de 100 mil), ultras, militantes da União Nacional e todos os que comiam do tacho e viviam dos privilégios do Estado Novo terem acompanhado a iniciativa. Tal como já esperava que votassem no ditador todos os que ainda acham que Angola deveria ser nossa, muitos saudosistas, muita gente inadaptada à sociedade aberta em que vivemos hoje.

O que não acho irrelevante é Maria José Nogueira Pinto (MJNP) ter votado em Salazar. MJNP teve um acesso privilegiado à educação, cresceu em berço de ouro, não tem propriamente o perfil intelectual de um bufo reformado do regime ou de um hooligan de extrema-direita. No entanto, considero que perante aquele concurso, e apesar de ser apenas um concurso, o voto de MJNP é do ponto de vista intelectual, um acto de hooliganismo histórico. Perante um leque de ilustres figuras da nossa história, de Camões ao Infante D. Henrique, MJNP preferiu uma personagem senil que contribuiu fortemente para que em 1974 fossemos o país com a maior taxa de analfabetismo, com a pior escola, a pior universidade e uma das taxas de mortalidade infantil mais elevadas da Europa. É um acto de hooliganismo histórico tão potente do ponto de vista simbólico como queimar "Os Lusíadas" ou colocar uma bomba na Torre de Belém. Para além disso é um acto revela alguma ignorância, pois Salazar sempre venerou algumas das figuras do concurso que MJNP desprezou. Um dos ex-libris do Estado Novo, o Padrão dos Descobrimento, dá todo o destaque ao Infante D. Henrique e não ao próprio Salazar. E não é por modéstia de Salazar, é porque Salazar sabia que não chegava aos calcanhares do Infante. Só um salazarista trapalhão (que é a maior parte dos que restam) é que envereda pelo contra-senso de votar em Salazar contra as figuras que o próprio sempre glorificou como exemplares para a pátria.

A dificuldade que a direita tem em sublimar a pesada herança do passado salazarista explica muitas fugas para a frente no debate político, uma das mais representativas é a deste texto de Pacheco Pereira, muito bem desmontada pelo Rui Tavares. O atraso do nosso país deve-se sobretudo ao falhanço de uma ideologia de direita e isso é incómodo mesmo para os políticos de direita mais críticos do Estado Novo, como é o caso de Pacheco Pereira. Ora, o resultado das referidas fugas para frente, mais não fazem do que transmitir uma mensagem de condescendência em relação ao salazarismo, colocam no mesmo plano, valores que não estão no mesmo plano: a tolerância e a xenofobia, o autoritarismo e a democracia, o provincianismo e o multiculturalismo, etc. Ao colocar tudo no mesmo plano, tal como se pode ler no referido artigo de Pacheco Pereira, cria-se uma falsa ideia de que todos partem da mesma base para fazer política, sem que a difícil relação com o passado salazarista se resolva definitivamente. É por isso que MJNP não tem problemas em votar em Salazar, para ela é tudo igual, ou quase igual: autoritarismo e democracia.

PS- Este simpático texto de Pacheco Pereira sobre o hooligan Mário Machado (chamar-lhe skinhead é simpático, dá-lhe o estatuto cultural que ele não tem) é mais uma acha para a mesma fogueira.

terça-feira, setembro 18, 2007

Bélgica à venda no eBay

O humor belga não é muito conhecido na Europa, mas o bizarro episódio ocorrido este fim-de-semana ilustra bem a boa disposição deste povo mesmo quando o assunto é de caixão à cova. Perante a profunda crise institucional em que mergulhou a Bélgica, incapaz de formar governo há mais de 4 meses, acompanhada de inúmeras ameaças de divisão do país em dois ou três estados (Valónia, Flandres e Bruxelas), o belga Gerrit Six, ex-jornalista, decidiu pôr a Bélgica à venda no eBay. O valor da licitação chegou a atingir os 10 milhões de euros. Quem estiver já a pensar comprar o país onde se fazem os melhores pralinés e a melhor cerveja do mundo, tire o cavalinho da chuva, infelizmente a eBay já bloqueou o leilão.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Sobre Michel Houellebecq

Via caixa de comentários:
"Conheci agora o Michel Houellebecq via leitura do livro: Plataforma, é curioso comparar e assinalar as semelhanças e as diferenças deste autor com os anglo-saxónicos: Bret Easton Ellis, Irvine Welsh e mesmo Douglas Coupland, ambos escritores que retratam a vida nas sociedades actuais na sua solidão, vazio e também alegrias. "
Observador

Novo projecto de fusão a laser


O HiPER (High Power laser Energy Research) é o mais recente projecto de investigação cujo o objectivo é a produção de energia por fusão nuclear. O que distingue o HiPER do seu projecto concorrente, o projecto ITER, é o método utilizado para desencadear a fusão. Enquanto no ITER será tentada a realização de fusão através do confinamento magnético de um plasma de baixa densidade durante intervalos de tempo da ordem do segundo, no HiPER o confinamento será realizado por um conjunto de lasers sobre um plasma de alta densidade, durante intervalos de tempo da ordem dos nanossegundos.
O HiPER é um projecto de investigação conjunto de 9 países, entre os quais se conta Portugal. Caso sejam obtidos resultados positivos, abrir-se-á caminho à produção de energia praticamente limpa e inesgotável e contribuir significativamente para a redução da emissão de gases de efeito de estufa e da dependência dos combustíveis fósseis.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Caso Dalai Lama faz lembrar o caso Massoud

Em Abril de 2001 o Comandante Massoud, das forças da Aliança do Norte que combatia a Al Qaeda de Ben Laden, foi recebido pelo Parlamento Europeu em Estrasburgo. As várias televisões francesas aproveitaram a oportunidade para entrevistar Massoud, tendo a exposição da situação do Afeganistão dirigido pelos talibãs indignado toda a França. O governo francês não se indignou e desprezou por completo a presença de Massoud em França. Passados 5 meses a Al Qaeda iniciou a sua vaga de atentados assassinando cobardemente o Comandante Massoud a 9 de Setembro de 2001. Dois dias depois, a 11 de Setembro, o governo francês já vociferava contra os talibãs...

Certamente, o governo português também não receberia Massoud, tal como não recebeu o Dalai Lama, mas estará sempre pronto para chorar lágrimas de crocodilo pelo 11 de Setembro. É a escola Kissinger...

Para além de Massoud, o Parlamento Europeu já recebeu o Dalai Lama. Convém ter factos como este em mente, sobretudo quando se fazem críticas cheias de fervor nacionalista à democraticidade das instituições europeias, em particular ao Parlamento Europeu.

Prefiro a música cigana à música pimba

quarta-feira, setembro 12, 2007

Excelente



A primeira vez que a nossa selecção de basquetebol participa num campeonato europeu, fica entre as 12 melhores e vence Israel, um dos gigantes do basquetebol europeu. Perde com a Grécia, a campeã da Europa, apenas por 18 pontos, com a dificuldade acrescida de o nome do jogador número 4 da Grécia ter contribuido fortemente para a desconcentração dos jogadores nacionais. O resultado é histórico e muito se deve ao trabalho da escola da ex-URSS do técnico Valentyn Melnychuk.

terça-feira, setembro 11, 2007

Propinas, Nível Educacional e Abandono Escolar

Portugal é o país europeu com o nível educacional mais baixo da Europa (excluindo Malta): apenas cerca de 26% dos portugueses concluíram o 12º ano, a percentagem da população com o ensino superior é a mais baixa e as taxas de analfabetismo e de abandono escolar são as mais elevadas da Europa. O país europeu cujo nível educacional está a seguir ao nosso é Espanha com cerca de 40% da população com o 12º ano concluído, quase o dobro de Portugal. Há muito que aqui defendo que o combate a este flagelo deveria ser a prioridade número 1 nacional. Por esta razão, à luz dos referidos dados considero que o último parágrafo desta contribuição de Vital Moreira para o debate não traz nada de positivo ao combate do problema. E para não entrarmos em esquemas de pescadinha de rabo na boca respondendo à oposição às propinas afirmando que com mais propinas há mais apoio social escolar, convém ter uma ideia do nível a partir do qual um estudante português tem acesso a esse apoio social e do nível de investimento que os outros países da UE consagram ao apoio social escolar. Os números lançados pelo Pedro Sales são muito significativos. As diferenças negativas de todos os indicadores de apoio escolar não são uns meros 2 ou 3% em relação à média dos restantes países, são cerca de 20% ou mais. Estes números para um país que precisa de recuperar um atraso educacional enorme são uma vergonha. Se o Vital Moreira entregar estes números aos seus pares europeus trocando o nome dos países por letras (Portugal=A, Espanha=B, França=C, etc.), tenho a certeza que lhe responderão que o país A (Portugal) é um país rico, com um alto nível educacional, abandono escolar residual e analfabetismo inexistente. Convido-o vivamente a fazer a experiência via email com os seus ex-colegas da Comissão de Veneza, por exemplo.

O "contra" do Pedro Sales é muito bem fundamentado, está muito longe de ser um "Porque Sim". O "a favor" do Vital Moreira é que é justificado de uma forma muito fraquinha e não é apenas do ponto de vista quantitativo, como demonstram os números lançados pelo Pedro. Do ponto de vista qualitativo gostaria que o Vital Moreira me respondesse objectivamente qual é a racionalidade de, num país que tem de recuperar um enorme atraso educacional, pedir o esforço de investimento a uma larga fracção (já excluindo os ricos) dos que deveriam ser o alvo desse mesmo investimento, pelos custos acrescidos que já comportam? Se há alguma causa pela qual vale a pena pagar impostos em Portugal é a causa da recuperação do nosso atraso educacional, essa sim é verdadeiramente uma CAUSA NOSSA. Para além disso, o Vital Moreira acha que os estudantes deslocados cujos rendimentos familiares ficam um pouco acima do nível para beneficiar do apoio escolar - que é uma grande percentagem dos estudantes nas zonas mais pobres do país - se sentem ou são encorajados para estudar na Universidade com o nível de propinas que é praticado? Sobretudo quando na família e na terrinha ninguém fez esse percurso, não há hábitos de estudo, de leitura e ainda se olha com desconfiança quem estuda.

segunda-feira, setembro 10, 2007

sábado, setembro 08, 2007

Sábado em Coimbra XXXVII: a serenata

Muita da canção de Coimbra, incluindo aquilo a que se chama Fado de Coimbra, são variações da época em que o Bel Canto e as trovas italianas estavam na moda (meados do séc. XIX). Na altura as serenatas popularizaram-se entre os estudantes tendo atravessado as décadas e as modas até aos dias de hoje.

Coimbra é uma das poucas cidades da Europa do século XXI cujos habitantes têm o privilégio de assistir a uma serenata espontânea. Ela à janela, ele cá em baixo, de guitarra ao peito ou acompanhado por amigos. Aprecio a coragem dos trovadores (eu não me atreveria a tal iniciativa sob o risco de levar com uma arca frigorífica em cima). E aprecio esta resistência romântica da cidade à era do mp3 e do sofá-televisão, uma era interpassiva, como a apelida Žižek por oposição à efectiva interactividade.

Sábado em Coimbra XXXVI

Clooney para as leitoras Klepsýdra

Atendendo a múltiplos pedidos das leitoras da Klepsýdra, alguns acompanhados de protestos e até de ameaças de morte e de amputação de órgãos, decidi abrir uma excepção e fazer-lhes a vontade. Deliciai-vos sem moderação com este spot comercial do Jorge (não sei o que é que vêem neste tipo, o que é que ele tem a mais do que eu, mas enfim...):

quinta-feira, setembro 06, 2007

O Sonho Europeu em português

Graças a um fiel leitor descubro que "O Sonho Europeu" de Jeremy Rifkin foi finalmente traduzido para português (editora ?). É uma obra fundamental para percebermos a especificidade da Projecto Europeu no contexto mundial. Uma obra que recomendo vivamente aos meus leitores, sobretudo para aqueles estão mais à esquerda no espectro político.

Livro Klepsýdra ***** (5 estrelas)

quarta-feira, setembro 05, 2007

Princípio da precaução: UE vs EUA II

"...had the precautionary principle been invoked in the past, many of the adverse effects of new scientific and technological introductions might have been prevented, or at least mitigated, and they cite the introduction of halocarbons, and the tear in the ozone hole in the Earth's upper atmosphere, the outbreak of BSE in cattle, growing antibiotic-resistant strains of bacteria caused by the over-administering of antibiotics to farm animals, and the widespread deaths caused by asbestos, benzene and PCBs."

"The REACH system requires companies to conduct safety and environmental tests to prove that the products they are producing are safe. If they can't, the products will be banned from the market. (...) In America, newly introduced chemicals are generally assessed to be safe, and the burden is primarily put on the consumer and the public at large or the government to prove they cause harm. (...) In the US, regulation is designed, for the most part, to address environmental problems once they occur. (...) The vast majority of non-pesticide chemicals are not screened or tested at all before introduction into the market."

"... the US has integrated aspects of the precautionary principle into some of its environmental regulations, for the most part America's approach and standards are far more lax than the EU's, while still arguably better than those of many other countries."

"For example, in the USA, the Animal and Plant Health Inspection Service, of the United States Department of Agriculture (USDA), is responsible for monitoring health problems in the nation's farm animals and plants. But the USDA is also charged with the responsability of promoting American agricultural products. In countless instances, the department has been less then rigorous in the pursuit of potential adverse environmental and health effects caused by existing agricultural practices"

"What the US didn't understand is that Europe's opposition to the introduction of GMO's was not just a political maneuver to gain a bargaining chip with the US on trade, but something far more important. (...) Europeans argue that because GMOs are alive, reproduce, mutate, proliferate, and can contaminate and create ireeversible niches, they pose potential threats that are global in scale and therefore require a different level of oversight."

"The European Dream: How Europe’s Vision of the Future is Quietly Eclipsing the American Dream", Jeremy Rifkin, ed. Polity, 2004, pag. 321-331

Paul Haggis em Veneza

Paul Haggis, o autor do excelente "Colisão" está presente no Festival de Veneza com o filme "In the Valley of Elah". O filme narra a história do pai de um soldado americano no Iraque que tenta encontrar o paradeiro do seu filho, desaparecido depois de ter regressado aos EUA.

terça-feira, setembro 04, 2007

Princípio da precaução: UE vs EUA

O americano Jeremy Rifkin, um profundo conhecedor da UE (foi conselheiro de Prodi na Comissão Europeia), na sua obra "The European Dream" exprime-se sobre as diferença de filosofia entre a UE e os EUA sobre a introdução de novas tecnologias e de produtos no mercado e na sociedade:

"The European Union is forging ahead on a wide regulatory front, changing the very conditions and terms governing how new scientific and technological pursuits and products are introduced into the marketplace, society, and the environment. Its bold iniciatives put the European Union far ahead of the United States, and the rest of the world in procedures and protocols overseeing scientific and technological endeavors. Behind all of its newfound regulatory zeal is the looming question of how best to model global risks and create a sustainable and transparent approach to economic development."

"Europe's new sensitivity to global risks has led it to champion the Kyoto Protocol on climate change, the Biodiversity Treaty, the Chemical Weapons Convention, and many other treaties and accords designed to reduce global, environmental, and health risks. The US government has refused, to date, to ratify any of the above agreements"

"In November 2002, the European Commission adopted a communication on the use of the precautionary principle in the regulatory oversight of science and technology innovations and the introduction of new products into the marketplace, society, and environment. (...) The first use of the precautionary principle in public policy came in the 1970s in Germany. (...) The precautionary principle «was to be used in situations of potentially serious or irreversible threats to health or the environment, where there is a need to act to reduce potential hazards before there is strong proof of harm, taking into account the likely costs and benefits os action and inaction»"

"The European Dream: How Europe’s Vision of the Future is Quietly Eclipsing the American Dream", Jeremy Rifkin, ed. Polity, 2004, pag. 322-329

segunda-feira, setembro 03, 2007

domingo, setembro 02, 2007

DOC o belo restaurante de Rui Paula

Era fim-de-semana de Páscoa. Pela manhã, em Pinhão, no coração da região vinícola do Douro dou-me conta de uma triste realidade. Eu e alguns turistas estrangeiros percorríamos a vila como baratas tontas à procura de uma garrafeira ou uma loja de produtos vinícolas. Havia uma garrafeira de jeito, mas estava fechada. Confirmo a minha ideia das minhas mini-férias no Douro. A população local serve feudalmente os produtores das grandes caves e vive completamente desligada do turismo vinícola, ao contrário de outras regiões vinícolas europeias que visitei: Mosela Alemã, Alsácia e Champanhe. Subsiste a cultura dos senhores, dos capatazes e dos miseráveis servos. Chocou-me! O Douro tem a paisagem natural mais bem conservada e mais bonita entre as regiões vinícolas que conheço, mas é de longe a região em que a população local menos aproveita o turismo vinícola, e é por isso que é muito pobre.

À tarde, todas as caves por onde passo estão fechadas. Na maior parte da vilas domina a misturada de estilos, a manhosice arquitectónica típica do nosso país, o Peso da Régua é uma cidade horrível. Já desmoralizado e de partida, paro junto a um belo restaurante na Folgosa. Surpresa! O DOC é um excelente restaurante, com bons vinhos, onde o preço condiz com a oferta. O proprietário, Rui Paula, vem à minha mesa verificar se está tudo bem. Diz-me que abriu o negócio há dois dias. Gabei-lhe a casa e disse-lhe que era uma excepção, no deserto com que tinha deparado naquele dia. As minhas palavras foram música para os ouvidos Rui Paula que se queixa da falta de oferta do Douro, do autismo das caves e do desprezo que têm pelos turistas, da manhosice geral, enfim, encetámos ali uma saudável cavaqueira de corte e costura sobre a miséria turística do Douro que exorcizou as respectivas frustrações.

A Revista de Vinhos de Julho dedica-lhe 4 páginas que recomendo aos meus leitores. Para os que visitarem o Douro, parem na Folgosa, no DOC.