quarta-feira, dezembro 29, 2004

Sobreviventes do muro: rolos Foma

Quem viu o filme "Good Bye Lenin" lembra-se certamente da cena em que o heroi do filme procurava em vao nas prateleiras dos supermercados os antigos produtos da RDA algum tempo depois da queda do muro. No entanto, nos paises de leste muitos desses produtos sobreviveram ´a invasao dos produtos oriundos do ocidente, uns pela sua qualidade, outros pelo seu atractivo preco e outros ainda por nao terem concorrentes no ocidente. Um desses produtos da Europa de leste ao qual sou fiel sao os rolos a preto e branco da Foma. A maior parte das fotografias a preto e branco que publico aqui na Klepsýdra foram tiradas com rolos Foma. Os Foma possuem a grande vantagem de serem baratos, especialmente quando comprados aqui em Bratislava onde me encontro (rolos de 36, 100 a 400 ASA entre 0,75 e 1,25 €), alias as minhas passagens pelo leste sao sempre oportunidades para me abastecer de Fomas. O Foma nao é um filme extraordinario, é essencialmente um filme honesto e fiavel que possui uma ampla gama de cinzentos. Em Portugal encontra-se ´a venda ao metro nas boas lojas da especialidade. Na internet ha inumeros sites que os vendem a excelentes precos.

Will They Ever Trust Us Again?

Não, claro que não Michael Moore. A pergunta que serve de título ao novo livro de Michael Moore é pertinente. A crescente falta de credibilidade da política internacional americana não resulta apenas da intervenção desastrada no Iraque. Resulta sobretudo de um acumular de posições unilaterais que tornam um exercício intelectual quase suicida acreditar logo em primeira análise na bondade da orientação da política internacional dos EUA. Provavelmente, a tremenda facada nas costas dada à Europa pelo programa de espionagem ECHELON tenha sido a gota de água que deixou em permanente posição de desconfiança os cidadãos europeus mais informados. A intervenção na Jugoslávia destruiu o pequeno capital de confiança que os EUA ainda tinham no leste europeu. No mundo Árabe, na América Latina e em África nem se fala, o anti-americanismo é moeda corrente, basta passar os olhos pelos jornais e sites na internet destes continentes. A recusa de uma política baseada no direito internacional, tal como a recusa de ratificação do protocolo de Quioto, deixam muito pouca gente a olhar para os EUA com simpatia. Restam os fanáticos, os irredutíveis dos EUA, os que ainda não perceberam que a guerra fria acabou, os que olham para os EUA como os comunistas olhavam para União Soviética, do género "nos EUA tudo é bom, perfeito e feliz", já nem os poucos analistas com mais de dois dedos de testa, que ainda os vão defendendo com algum cinismo, acreditam neles.
De facto tens razão para estar preocupado Michael Moore.

terça-feira, dezembro 28, 2004

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Mundo de Aventuras XVIII

Na praia de Seaside os pescadores apanham uns moluscos parecidos com as navalheiras, mas de proporções gigantescas. Depois de aplicarem habilmente uma técnica para os desenterrar da areia, ficam estas deliciosas pseudo-crateras.

(Seaside, Oregon, EUA, 2003)

Mundo de Aventuras XVII

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Passar o Natal em Saturno



Aproveitando a onda de expectativa criada pela missão Cassini-Huygens, a ESA lançou um sítio para crianças e adolescentes com muitas animações interactivas, inclusive uma história por episódios onde se explicam todos os aspectos da missão desde os centros de controlo da ESA até à acção que se desenrola na órbita de Saturno. A Huygens separa-se da Cassini no dia de Natal. Eis uma sugestão para os papás leitores da Klepsýdra meterem a criançada a sonhar com viagens a Saturno e a aprender.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

António Variações faz falta

Maria Albertina deixa que eu te diga
Esse teu nome eu sei que não é um espanto
Mas, é cá da terra e tem, tem muito encanto

Maria Albertina como foste nessa
De chamar Vanessa à tua menina?


"Maria Albertina", António Variações
(Na voz de Camané é realmente um espanto)

terça-feira, dezembro 21, 2004

A Tarântula dá à luz

A Nebulosa da Tarântula que orbita a nossa Via Láctea na Grande Nuvem de Magalhães está a atravessar um período de grande fertilidade. A Tarântula dá à luz tarantulazinhas (novas estrelas) a uma taxa raramente observada. A fotografia aqui exibida foi recentemente composta a partir de um mosaico de imagens do telescópio Hubble - à disposição nos arquivos do ESO - graças ao trabalho de um jovem astrónomo amador com o auxílio de um software gratuito (Photoshop FITS Liberator) do consórcio ESA/ESO/NASA.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

A importância da camisinha

Quando vivi em Estrasburgo costumava ir a um bar chamado "Sous-sol", era um bar frequentado heteros, homossexuais, lésbicas, travestis, etc., enfim todas as variedades e sabores da cromodinâmica que rege a sexualidade. Nesse bar, por vezes havia campanhas de informação sobre a SIDA. À porta havia sempre um cestinho discreto com preservativos que podiam ser solicitados pelos clientes. Os empregados do bar também participavam nesse esforço de combate contra a SIDA. Ao servirem as bebidas aos casais que se sentavam ao balcão serviam igualmente uma mão cheia de preservativos, independentemente dos casais darem sinais de serem namorados ou apenas amigos, o que valia às vezes pequenos embaraços momentâneos a quem não conhecia a filosofia da casa.

E qual é o esforço que se faz em Portugal? Em Coimbra frequento locais nocturnos, bares, discotecas, etc. e só muito esporadicamente me cruzei com campanhas contra a SIDA. Na rua onde moro, como descrevo na entrada anterior, a prostituição de clientelas de homens casados que não usam preservativos não tem qualquer acesso a campanhas contra a SIDA. Não há distribuição de preservativos nem de informação, não se vê uma carrinha de apoio com assistentes sociais. Vê-se sim esporadicamente um carro da polícia. Param vão chatear as senhoras com um ar de engatatões, claro não têm coragem para chatear os clientes que fazem coisas muito mais graves na avenida, arranques, picanços com o motor a fundo, circulam sem luzes, uma parte conduz viaturas que não cumprem o código e viaturas que andam a largar couves para o meio da estrada. Enfim, uma miséria franciscana sem descrição. Estas pessoas que representam agora o grupo social onde a SIDA mais se tem propagado em Portugal vivem num mundo à parte, um mundo folclórico, manhoso, arrogante e machista. Ali o combate à SIDA não chega e não é bem-vindo. Assim ela continua a alastrar...

SIDA 20 anos depois

Há 20 anos a SIDA fulminou António Variações em poucos meses. Na altura a doença ainda era relativamente desconhecida.

Hoje existem medicamentos que prolongam a esperança durante alguns anos dos doentes infectados.

Hoje as senhoras prostitutas que trabalham por baixo do meu prédio estão sujeitas à lei do grupo que mais contribui para a disseminação da SIDA em Portugal. São homens com mais de 40, 50 anos, em geral culturalmente um zero, mal-educados, medianamente bem na vida, o suficiente para lhes dar a arrogância necessária para achar que a SIDA é doença de paneleiros e que a camisa de Vénus é para maricas. Depois de 10 voltas à rotunda, vejo os bigodes a espreitar por baixo dos espelhos retrovisores, a ansiedade já embacia os vidros. Entro no prédio e penso nas pobres senhoras. Lá fora um expositor anuncia os perigos da SIDA.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Napoleão e o moralismo de J.M. Fernandes II

Mais comentários ao texto "Anti-francesismo: não sintam orgulho de Vasco da Gama":

"os romanos chacinaram bárbaros, os bretões chacinaram saxões, os portugueses chacinaram indíos, os espanhóis idem idem aspas aspas, os americanos também chacinaram uma boa parte de indíos. Mas repara ke o sr. JMF não se refere unicamente às mortes, mas também à política que o monsieur napoleão praticava."
Tokyo Cafe

"Buonaparte foi, certamente, um megalómano que provocou muita desgraça, mas que também conseguiu reunificar uma nação. E também há alemães que dão graças ao corso por este ter modernizado a Prússia."
Conde d' Abranhos

"em Lubliana há uma estátua a Napoleão Bonaparte. Razão - devolveu-lhes o direito de usarem a sua língua - o esloveno."
Isabel (Aba de Heisenberg)

quinta-feira, dezembro 16, 2004

A missão Huygens em video talk

Neste sítio da Agência Espacial Europeia podemos aceder a uma excelente video-animação que explica de uma forma muito clara todos os passos da missão europeia Huygens desde o momento em que esta sonda será lançada para Titã no dia de Natal, onde chegará dia 14 de Janeiro, depois de ter andado sete anos à boleia da Cassini da NASA. Para quem gosta estão também disponíveis belas imagens para usar nas protecções de ecrã e no ambiente de trabalho do computador.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Mundo de Aventuras XVII

No deserto Mojave as estradas nunca acabam.
O alcatrão aquecido distorce o horizonte.
E o horizonte é ali, por mais que se avance é sempre ali.
É lá que eu quero ir, ali!


Algures no Deserto Mojave, Califórnia, EUA, 2001

Mundo de Aventuras XVI

terça-feira, dezembro 14, 2004

Napoleão e o moralismo de J.M. Fernandes

Na caixa de comentários do meu texto "Anti-francesismo: não sintam orgulho de Vasco da Gama" recebi contribuições interessantes que merecem destaque:

"Não se deve também esquecer as campanhas científicas ao Egipto, inclusivé o deciframento dos hieroglifos foi feito na época. Se Napoleão não tivesse efectuado a campanha do Egipto não se estudaria o local tão cedo, nem os ingleses lá acorreriam tão depressa."
Joaquim (Idanhense)

À custa do blogue Idanhense comprei há dias um queijo curado (da minha família) de Idanha-a-Nova que era uma delícia.

Na crueldade sanguinária e no despotismo, Napoleão foi igual a tantos outros. É na glória, na visão, na liderança, e na coragem que ele se distingue, dentro da galeria dos déspotas. É por isso que é celebrado, e merecidamente. Injustamente, não celebramos os nossos reis dos descobrimentos da mesma forma, e era com isso que nos devíamos preocupar.
blitzkrieg (Quarto Segredo)

E não esqueçamos a legião portuguesa que combateu ao lado de Napoleão, na qual se notabilizou Gomes Freire, patriota (não gosto desta palavra...) português, herói trágico de "Felizmente há Luar", assassinado às mãos dos ingleses. Nesse ponto a nossa história não está lá muito bem contada. Ainda está para entender quem era ocupante e quem era libertador. E quem terá pilhado mais. Duvido que o povo analfabeto pudesse distinguir ingleses de franceses..
Sérgio (Aba de Heisenberg)

Um ano de Ma-Schamba

O Ma-Schamba é um interessantíssimo blogue que tem a vantagem de nos fazer viajar sem sairmos do mesmo sítio.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

O Sonho Europeu

Já escrevi uma carta ao menino Jesus a dizer que me portei bem este ano, que lavei os dentes todos os dias e que não pequei em pensamento. Por isso, pedi-lhe para me trazer o livro "The European Dream" que vi na Waterstone's de Bruxelas, em quinto lugar do top de vendas atrás de quatro obras da literatura industrial de Dan Brown. Jeremy Rifkin, o autor, descreve-nos nesta obra "how Europe's vision of the future is quietly eclipsing the American Dream". Desfolhei o livro, li passagens de alguns capítulos com títulos bastante sugestivos e parece-me estar ali uma grande pedrada no adormecido pensamento político anglo-saxónico. Tanta propaganda anti-europeia e anti-francesa é no que dá. A revolta vem de dentro. Não vou esperar 500 anos pela tradução para português. O menino Jesus já me piscou o olho.

O Relatório da Auditoria à Figueira da Foz

Para quem estiver interessado eis a página do Tribunal de Contas onde se encontra o relatório da auditoria à gestão de Santana Lopes na Figueira da Foz em 1999.

Feira de Astronomia

Começa amanhã a Fascínio, a primeira feira de astronomia do NUCLIO. Para os lisboetas é fácil, basta ir até à agradável Marina de Cascais. A feira vai estar aberta até dia 18. O programa pode ser consultado aqui.

É a segunda

No café Caramulo em plena Bruxelas, cheio de emigrantes, segurámos todos a Taça assim:


(foto sítio UEFA)

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Figueira da Foz: Aleluia! Deus é grande!

Como escrevi há alguns dias neste blogue, a catorreira foi brava na câmara da Figueira durante a gestão de Santana Lopes. Eu já tinha lido o relatório da auditoria que se encontra disponível no site do tribunal de contas e fiquei pasmo como é que nada tinha acontecido depois da mesma auditoria. Esta notícia sobre uma acção do Ministério Público à gestão de Santana na Figueira da Foz confirma muito do que os figueirenses que estão minimamente atentos já suspeitavam há muito.

Espero que ainda restem provas suficientes para que a gestão de Santana possa ser investigada convenientemente. O levantamento do sigilo bancário dava um jeito muito grande neste caso, principalmente para averiguar o enriquecimento fulminante de alguns vereadores que antes de irem para a câmara não tinham onde cair mortos.

Dicas para quem me ler: investiguem a compra do terreno do Jumbo. Investiguem o patrocínio da Figueira Grande Turismo a um carro de rallies em 2001. Vão à loja "Roupa nova" e perguntem como é que o executivo se abastecia de fatos.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Anti-francesismo: não sintam orgulho de Vasco da Gama

Vasco da Gama assim que chegou à costa da Índia esquartejou um grupo de indianos, lançou os corpos para o interior de uma pequena embarcação e enviou esta embarcação até a costa para se perceber que ele não vinha ali para brincadeiras, era uma espécie de cartão de visita.

Posto isto convido-vos a ler mais um dos habituais textos de José Manuel Fernandes, desta vez sobre Napoleão, um texto de um anti-francesismo velado e muito moralista como sempre.

Já acabaram de ler? Agora em que é que ficamos?
Segundo José Manuel Fernandes não se deve glorificar Napoleão por causa todas as atrocidades que cometeu. Ora, todos sabemos que Portugal cometeu muitas atrocidades durante a sua aventura colonial e evangelizadora. Será que podemos glorificar Afonso de Albuquerque? E as nossas missões "evangelizadoras" no Brasil? E as nossas feitorias em África? E Vasco da Gama? E os Lusíadas afinal são um texto sobre um sanguinário?
Na minha opinião podemos de facto admirar e celebrar o principal feito de Vasco da Gama: a primeira viagem por mar desde a Europa até à Índia. Tal como podemos celebrar todos os feitos de carácter científico associados às descobertas. Os crimes que cometeu durante a viagem obviamente não devem ser incluídos na celebração, mas não devem ser esquecidos. No entanto, hoje em pleno séc. XXI é fácil no conforto do nosso sofá dizer que Vasco da Gama era um criminoso, quiçá terrorista de tal modo esta palavra anda a ser banalizada, mas naquela época o contexto social e político daqueles actos era infelizmente bastante diferente das nossas democracias. Igualmente, no que respeita a Napoleão todos os seus crimes e excessos devem ser vistos à luz da geopolítica da época, em que os nacionalismos exultantes estavam no seu auge e quase todos os países da Europa possuíam planos expansionistas. Aliás, na mesma época Portugal expandia-se para o interior do continente sul americano e para o interior do continente africano, sempre à custa de muitas mortes, quase tantas como as provocadas por Napoleão. Mas como essas mortes não eram mortes de brancos já não contam para José Manuel Fernandes. Enfim, anti-francesimo a quanto obrigas...

Mas Napoleão não fez descobertas, só cometeu crimes. Errado!
No entanto, muitos poderiam argumentar: "mas Napoleão não fez descobertas, só cometeu crimes!" Errado! Napoleão rodeou-se sempre dos melhores cientistas da época e incentivou sempre o seu trabalho. Gaspard Monge, o inventor da geometria de Monge, foi muito apoiado por Napoleão e juntos criaram uma instituição de elite do ensino superior francês, o Polytechnique. O Polytechnique e as Ecole d'ingenieur, criadas por Napoleão, formaram até hoje inúmeros alunos brilhantes entre os quais se contam muitos prémios Nobel e pessoas que contribuíram para mudar radicalmente a evolução de muitas áreas do conhecimento com consequências directas na melhoria nosso modo de vida. Tal como o fizeram os nossos descobridores do séculos XV e XVI.

Mais sobre o anti-francesismo

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Quando os cínicos criticam os cínicos

João César das Neves (JCN), professor da Universidade Católica, universidade essa que está ligada ao grupo de pessoas que ajudaram a criar a cadeia de televisão mais cínica de Portugal, a TVI (lembram-se da frase: "quem tem moral passa fome"?), critica assim os tempos que correm: "Um tempo que acredita em tudo, menos em Deus, fica cínico". Pois claro, está-se mesmo a ver, na Arábia Saudita e no Afeganistão dos talibãs cinismo foi palavra que nunca existiu, tal como durante a inquisição na Europa. Aliás o próprio nome do espaço reservado à crónica de João César das Neves não tem nadinha de cínico: "não há almoços grátis". Era tal e qual o que Jesus Cristo dizia aos pobres...

Nota: banalizo intencionalmente a palavra cínico tal como JCN fez no seu texto.

sábado, dezembro 04, 2004

Sábado em Coimbra XX: a Couraça fala connosco

A Couraça de Lisboa é talvez a minha rua preferida de Coimbra. Desde logo porque nem sequer se chama rua chama-se couraça. Mas a Couraça é sobretudo especial porque é uma rua que fala connosco enquanto por ela caminhamos. A Couraça fala-nos sempre coisas diferentes, se levamos sapatilhas as suas pedras dizem-nos uma coisa se levamos sapatos de tacão de madeira dizem-nos outras. Na secção junto ao Departamento de Física, a Couraça é secreta e fala-nos coisas ao ouvido, sobretudo de madrugada, na restante calçada que se estende até à baixa a Couraça manda-nos olhar para o Mondego e aponta para lá do horizonte. Nesses momentos consigo ver as cidades invisíveis de Marco Polo, vejo Casanova de comboio com esquiços de geometria e Galileu a polir as suas lentes.

Sábado em Coimbra XIX

sexta-feira, dezembro 03, 2004

A Europa vai dar música a Titã

Numa iniciativa inédita entre cientistas e o meio artístico, a sonda europeia Huygens será lançada para a superfície de Titã (representação artística à esquerda, sítio da ESA) ao som de quatro temas dos músicos franceses Julien Civange e Louis Haéri gravados em 1997 nos Sony Studios em Nova Iorque, antes do seu lançamento a 15 de Outubro do mesmo ano. O objectivo é o de dar a conhecer a missão da sonda Huygens em Titã ao cidadão comum através de uma iniciativa mais mediática, atribuindo simultaneamente uma faceta mais humana a uma missão desempenhada por máquinas e robôs. Cada um dos quatro temas foi composto e pensado de modo a ilustrar cada uma das fases da missão. O primeiro tema "Lalala" cria o ambiente tranquilo e simples da fase preparatória da missão. O segundo tema "Bald James Deans" transmite-nos o ambiente dramático de uma das fases mais arriscadas da missão, quando a sonda Huygens se separa da nave-mãe Cassini. O terceiro tema "Hot time" é uma peça de música experimental que se relaciona com a fase mais experimental da missão, a exploração da superfície de Titã. O quarto tema "No love" é mais melancólico e levanta questões sobre o êxodo espacial.

A ESA é uma agência espacial jovem, foi criada em 1975. No entanto, esta iniciativa de divulgação representa um esforço de louvar que se enquadra no espírito que animou sempre a ESA desde que foi criada: tentar chegar ao máximo de pessoas possível, cultivar a transparência de todos os passos das missões e envolver ao máximo a sociedade, nomeadamente empresas, escolas, centros de investigação, associações de divulgação, etc.


(Os músicos Julien Civange e Louis Haéri do projecto Music2Titan)

quinta-feira, dezembro 02, 2004

M de Messier

A Maura do Diário de Lisboa que fez 44 anos (parabéns) dá conta de um aglomerado de estrelas, o M44, ser catalogado por coincidência com a letra M de Maura. Esse M tem origem em Messier de Charles Messier, um astrónomo francês que em 1784 elaborou um catálogo de 110 objectos astronómicos observáveis com os instrumentos da época, tais como: galáxias, nebulosas ou aglomerados de estrelas. A cada um desses objectos foi atribuída a letra M e o respectivo número do catálogo. Por exemplo, M1 é a Nebulosa do Caranguejo, M31 é a Galáxia de Andrómeda e M104 é a magnífica Galáxia do Sombrero.

Como eu te compreendo José Pedro Gomes

Vale a pena ouvir esta crónica do "cromo da TSF" José Pedro Gomes. Nela somos confrontados com uma situação déjà vu desesperante que ilustra na perfeição o que há de mais negativo e mais castrador neste país. E mais não digo, sigam a ligação e oiçam a crónica.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

A Figueira e o Monstro

Perante os últimos acontecimentos penso na Figueira, a minha pobre Figueira da Foz. É que Lisboa só teve dois anos de dose santanista e o país apenas quatro meses, mas a Figueira sofreu durante quatro anos o efeito devastador do furacão santanista. Quando Santana concluiu o seu mandato na Figueira fui uma das poucas vozes que tentou alertar para o descalabro que estava a acontecer na Figueira. Cheguei ao ponto de telefonar para o Fórum da TSF na sexta antes das últimas autárquicas onde tive oportunidade de alertar os lisboetas para o buraco monstruoso nas finanças que Santana deixou na Figueira. Mas, os meus conterrâneos figueirenses estavam embriagados. Tinham prazer em ver a sua cidade na televisão a qualquer preço. A euforia era tão grande que se Santana não fosse para Lisboa voltaria a ganhar na Figueira. Conheço muita gente do PS e PCP que votou Santana, mas conheço também pessoas do PSD que tiveram um contacto próximo com Santana na Figueira, e que nele tinham votado, mas que perceberam rapidamente o estado de caos financeiro, as constantes fugas para a frente no endividamento da câmara, o clientelismo, as obras adjudicadas à velocidade da luz sem critérios, etc. Mas a minha voz e a dessas pessoas foi abafada eficazmente. Ficou por investigar muita coisa importante: a adjudicação do Centro de Artes e Espectáculos (CAE), a legalidade das dívidas contraídas pela câmara e qual o seu real valor, a atribuição de cargos nas empresas municipais, a venda do terreno onde foi instalado o Jumbo, a anormal onda de visitas de inspectores das finanças às lojas de roupa onde o executivo camarário se ía abastecer com promessas de pagar depois e o enriquecimento súbito de vereadores que antes de ir para a câmara não tinham onde cair mortos. A eleição de seguida de Duarte Silva do PSD para a câmara não ajuda nada ao esclarecimento destas questões, durante os últimos quatro anos muitas das pistas úteis foram apagadas.

Da Figueira o que resta da passagem de Santana é um buraco financeiro profundo que dificultou muito o trabalho do executivo de Duarte Silva, são bairros de caixotes sem qualquer critério urbanístico, é a cidade a crescer selvaticamente para cima da Serra da Boa Viagem, são obras fúteis ou desajustadas à dimensão da cidade como o CAE, o pindérico arco "Figueira da Foz" à entrada da cidade, a multiplicação selvagem de hipermercados (a Figueira tem mais hipermercados que Coimbra) que teve como consequência a devastação do comércio tradicional e a ruína dos próprio espaço comercial dos hipermercados, pois a Figueira não tem capacidade para dar lucro a tanta oferta. A Figueira neste momento está incaracterística e perdida no meio de tanto erro. A Figueira está a "curtir" uma ressaca monstruosa provocada pela grande bebedeira chamada Santana Lopes.