sexta-feira, abril 29, 2005

A importância da visão raios X

Este interessante gif animado da ESA mostra-nos a importância de olhar para o Universo utilizando diferentes tipos "óculos". O que a luz visível muitas vezes nos revela é apenas uma pequena parte de tudo aquilo que nos oculta. É por isso que os astrónomos têm a mania de encomendar "pares de óculos" para ver o invisível aos engenheiros que trabalham em astrofísica. O satélite XMM é um desses "pares de óculos"; trata-se de um telescópio espacial que nos permite ver a radiação X emitida em todo o Universo. Quando sobrepomos uma imagem obtida (com cores falsas) pelo XMM de uma determinada região do céu a outra imagem obtida por um telescópio destinado a observar luz visível obtemos por vezes uma composição semelhante ao gif aqui apresentado. Trata-se de um aglomerado de galáxias que podemos identificar através daquelas pequenas manchazinhas vermelhas, cuja luz foi captada pelo VLT do ESO. O gás quente que rodeia este aglomerado de galáxias é-nos revelado pelo XMM (laranja intermitente) graças a emissões de raios X que são invisíveis aos nossos olhos.

quarta-feira, abril 27, 2005

Já voa!

Está lá tudo: liderança de mercado, preocupações ecológicas, qualidade de vida e bons salários para os trabalhadores, regime de 35 horas laborais, a melhor segurança social do mundo, tecnologia europeia, multiculturalismo, parcerias entre Estado e empresas privadas. É isto o sonho europeu!


(foto Le Fígaro)

terça-feira, abril 26, 2005

Deprimidos do 25 de Abril e do Muro de Berlim: Mesmo combate

Esta entrada do Rui A. dos Blasfémias é o exemplo de algum mau estar que causam os aniversários do 25 de Abril entre algumas pessoas que se relacionam mal com o fim da ditadura. O ano passado tivemos o festival de Vasco Pulido Valente (VPV). Entre muita argumentação que visava minimizar a importância do 25 de Abril, VPV referiu factos tão pertinentes como o livro "Portugal e o Futuro" do ignorante (nas suas palavras) Spínola ter sido de facto escrito por oficiais sob a sua orientação. Logo, das duas, três: se Spínola fosse um bom escriba, a revolução poderia realizar-se a 25 de Abril, se não seria preferível nada mudar e a elite a que pertencia VPV poderia manter as suas mordomias numa sociedade dividida entre rotos e remendados.

O irónico da argumentação tanto de Rui A. como de VPV é que recorre a um género de fundamentação que parece tirada a papel químico de escritos produzidos a cada aniversário da queda do muro de Berlim por uma elite deprimida que vivia bem do partido nos tempos áureos do bloco de leste. Com alguma regularidade, muitos dos ex-PCUS e dos ex-quadros dos partidos comunistas dos restantes países de leste saem-se com artigos da mesma índole: Yeltsin não sabia falar e era bêbado, a destruição do muro de Berlim não partiu de uma decisão democrática do povo, os novos políticos são oportunistas e os do antigamente pelo menos eram honestos, etc. Enfim, o mesmo tipo de tontices que podemos ler todos os 25 de Abril aqui nesta esclarecida e serena Lusitânia.

segunda-feira, abril 25, 2005

O livro da década

O livro "The European Dream" de Jeremy Rifkin é na minha opinião o livro de ciência política (semi-académica) da década. Está para esta nossa década como o "O fim da história e o último homem" de Francis Fukuyama esteve para a década de 90, quer concordemos ou não com as opiniões dos respectivos autores. Aliás, à medida que vamos desfolhando a obra de Jeremy Rifkin ficamos com a sensação de que o conteúdo da obra de Fukuyama é hoje profundamente obsoleto. Rifkin desactualiza Fukuyama sem sequer necessitar de fazer muitas referências (duas ou três) ao mesmo, ao contrário de outros que tentaram desconstruir a teoria de Fukuyama com pouco sucesso.
Há algo de novo no pensamento político mundial que desponta na Europa e Rifkin de uma forma perspicaz organiza esse novo pensamento nesta obra. É um pensamento que se debate e desenvolve sobretudo num terreno de esquerda. Portugal tem andado arredado deste debate que fervilha na Europa nos sectores ambientalistas e socialistas.
Há algum tempo o Paulo César da Aba de Heisenberg confessava-me que já não se debatiam novas ideias à esquerda depois do Maio de 68. Julgo que o desabafo do Paulo César tem alguma pertinência a nível nacional, mas a nível europeu, as novas ideias que fervilham estão compiladas neste texto. Resta saber quanto tempo é que vai ainda decorrer até ser traduzido.

Jeremy Rifkin é presidente da Foundation on Economic Trends em Washington e é um americano que conhece muito bem a Europa. O seu livro, que dissecarei aqui na Klepsýdra em próximas entradas, termina com as seguintes palavras:

"These are tumultuous times. (...) The European Dream is a beacon of light in a troubled world. It beckons us to a new age of inclusivity, diversity, quality of life, deep play, sustainability, universal human rights, the rights of nature and peace on Earth. We Americans used to say that the American Dream is worth dying for. The new European Dream is worth living for."

quinta-feira, abril 21, 2005

Mundo de Aventuras XXVI


(Catedral de Salamanca, Castela e Leão, Espanha, 2003)

Mundo de Aventuras XXV

Vertigo

"Vertigo", com a belíssima Kim Novak, é o meu filme preferido de Hitchcock e a minha sugestão cinematográfica desta semana. Este é um filme que tem a rara capacidade de dar a volta ao espectador, logo na altura em que este acha que já está a perceber todo o desenrolar da trama e quiçá até capaz de prever o que se irá passar até final do filme. Mas não, nesse momento a história desliza de vertigem em vertigem até à vertigem final! Outra coisa que me fascina neste filme é forma inovadora para a época com que Hitchcock brinca com as semelhanças físicas das personagens. Só nos últimos anos voltámos a encontrar autores que se arrojaram a ludibriar o espectador com este tipo de técnica, como o faz David Lynch de uma forma mais sofisticada em "Mulholland Drive".

terça-feira, abril 19, 2005

segunda-feira, abril 18, 2005

O Homem do século XX

Há exactamente 50 anos morria Albert Einstein, aquele que foi na minha opinião o homem que mais preencheu o século XX. Einstein mudou profundamente a nossa percepção do Universo e o seu trabalho científico teve ampla repercussão na história do século passado, desde a II Guerra Mundial às domésticas células fotoeléctricas. Mas as repercussões do seu trabalho científico ainda estão longe do fim, sonhamos ainda com as tecnologias que poderão nascer da teoria da relatividade geral.
Einstein foi também um daqueles universalistas praticantes. Einstein estudou na Suíça, trabalhou na Alemanha e nos EUA e chegou a ser convidado para ser presidente de Israel (se tivesse aceitado talvez hoje o Médio Oriente estivesse em paz). Mas Einstein foi também um homem com uma vida conjugal errática e um cientista que teve muita dificuldade em aceitar a mecânica quântica, o que o elimina da galeria dos perfeitos, condição essencial para ser o Homem do século XX na minha opinião.

Ler ainda: Linha dos Nodos, Rua da Judiaria e Físicos de Lisboa

domingo, abril 17, 2005

Portugal país de emigrantes e de ignorantes

A Márcia faz muito bem em nos chamar a atenção para a forma de que uma boa parte dos Portugueses fazem uso quando falam dos imigrantes. Os Portugueses, esse povo que se divide entre 10 milhões de almas no território nacional e 5 milhões lá por fora, pelo mundo.

quarta-feira, abril 13, 2005

Das estrelas para olho humano

A óptica adaptativa é uma técnica em que os espelhos de um telescópio podem mudar de forma para corrigir deformações na imagem. Esta técnica que foi inicialmente desenvolvida para observar as estrelas será agora aplicada à medicina através de um projecto inédito intitulado OEIL, onde esta tecnologia será utilizada para melhorar a tomografia óptica coerente na área da oftalmologia. É mais um excelente exemplo de transferência de tecnologia desenvolvida para a astrofísica que é absorvida pela indústria, como foi o caso das máquinas fotográficas digitais.

terça-feira, abril 12, 2005

Contacto

Em Ano Internacional da Física deixarei aqui algumas sugestões cinematográficas de ficção científica, género do qual sou um voraz consumidor. Vejo o lixo todo! Até vi "O Dia da Independência", o pior filme de sempre. Vi aquela magnífica cena em que o pERsidente dos EUA abate heroicamente várias naves marcianas. Nem Ed Wood nos seus momentos de maior delírio faria um filme tão mau.
"Contacto" é o meu filme preferido de ficção científica. O rigor científico do livro de Carl Sagan, no qual se baseia o filme, é excepcional. Alguns dos seus colegas foram-lhe fornecendo resultados científicos fresquinhos ainda por publicar, à medida que Sagan ia escrevendo a história, como foi o caso da teoria dos buracos minhoca. Infelizemente, no filme o final da história foi alterado (e adulterado) em relação à história original, o que o amputa de um dos seus elementos mais interessantes. Mas o nível educacional do americano médio oblige, se não cerca de 95% dos americanos não teriam percebido um boi do final do filme. Apesar de tudo, em Portugal seria ligeiramente melhor. Afirmo-o baseado na experiência de colegas que estudaram no secundário nos EUA e que eram lá considerados super-génios, passavam três anos em um e depois ao voltar a Portugal já não sabiam resolver uma equação das mais simples.

domingo, abril 10, 2005

O nosso sector privado...

L- 90,7%;
S- 71,9%;
FIN- 69,5%; IRL- 67,2%; D- 65,5%; B- 64,3%; DK- 61,5%; SLO- 60,0%;
UE25- 55,4%; CZ -53,7%; SK- 53,6%; F- 52,1%; NL- 51,8%;
E- 48,9%; GB- 46,7; A- 41,8%;
P- 31,5%;; PL- 31,0%;
H- 29,7%; GR- 29,7%; EE- 29,2%; LT- 27,9%; LV- 21,7%;
CY- 17,4%;

Estes números de Março do Eurostat representam a percentagem de investimento na investigação científica praticado pelo sector privado em cada país da UE. Entre 25 países Portugal aparece à frente de sete. Curiosamente esses sete países, são países menos desenvolvidos que Portugal.
Ouvimos tantas vezes aquela lenga-lenga a diabolizar os funcionários públicos e o mau funcionamento do estado que nos esquecemos da miséria que é o nosso sector privado. Entre todos os países europeus a média de anos de estudo dos nossos empresários é de longe a mais baixa. Depois não espanta que a maior parte dos nossos empresários se esqueça de investir na formação, em tecnologia e na investigação. É mais fácil enveredar pelo facilitismo de empregar mão-de-obra barata, pedinchar por impostos mais baixos (ou não os pagar), criticar as "benesses" sociais dos trabalhadores (em Portugal são miseráveis comparadas com o resto da UE), controlar as idas às casas de banho das trabalhadoras (sublinho o feminino), aproveitar os fundos comunitários para comprar piscinas e automóveis vistosos, desprezar as suas obrigações ambientais e de protecção da saúde pública, enfim...

sexta-feira, abril 08, 2005

Comentário de espada à cinta

O Almocreve sai-se com esta entrada maravilhosa e fotografia a matar, sobre esse comentário de espada à cinta que se faz acompanhar de dois conhecidos guarda-costas: o moralismo estóico e a moca de Rio Maior.
Gosto das pulgas dos cães e gosto dessas frases que acusam, julgam e condenam através de um míope e fugaz olhar para o passado dos homens. Até guardo no meu bacio de estimação essas colagens plásticas do iluminismo, do racionalismo e até da construção Europeia "às ideologias que mais mortos fizeram" por parte de grandes subscritores da moral católica e do neo-liberalismo. Todos sabemos que tanto a Igreja Católica como o neo-liberalismo nunca mataram ninguém, até dão saúde e fazem crescer...

quinta-feira, abril 07, 2005

A Física em Banda Desenhada

Larry Gonick, um matemático licenciado em Harvard, é o autor desta belíssima banda desenhada em que todos os temas da física, incluindo a física moderna, não escapam à sua ironia e ao seu humor bem informado. Gonick tem um sítio na internet, onde se apresenta como um autor de BD com habilitações a mais, pois Gonick tem também um mestrado em Harvard e foi ainda investigador e professor. A qualidade reflecte-se nos quadradinhos. Gonick já publicou várias BD sobre outros temas científicos: genética, estatística, computadores e... sexo! Entre as suas publicações mais conhecidas figura o "Cartoon Guide to the Universe" com um prefácio de Carl Sagan, onde Gonick conta a história da Universo desde o Big Bang até aos nossos dias.

quarta-feira, abril 06, 2005

Pourquoi les intellectuels n´aiment pas le libéralisme?

A resposta mais simples a esta pergunta é dada no Abrupto, ler "Público em linha pago":

"o Público custa dinheiro a fazer, devo pagar por ele. No entanto, o jornal deve pensar noutro valor, valor económico ponderável e real, que é o da sua autoridade pela influência (não coincidem necessariamente, mas relacionam-se)"

A pergunta que serve de título ao livro Raymond Boudon é manhosa, porque o autor exclui a sua corrente política da área da intelectualidade, o que pode ser intelectualmente desonesto. Mas a resposta a esta pergunta é tão simples que se pode escrever entre parêntesis numa frase, como o fez Pacheco Pereira, se calhar involuntariamente: "[os valores] não coincidem necessariamente, mas relacionam-se". Quem já reflectiu a sério sobre as razões pelas quais muitas utopias falharam (refiro-me àquelas receitas políticas que servem para tudo), chega rapidamente à conclusão que a sua decadência ocorre quando os valores inerentes à receita não coincidem com os valores que determinam o percurso de uma sociedade, essencialmente aqueles valores que determinam a qualidade de vida. Com o liberalismo passa-se exactamente o mesmo. Pelo menos com o liberalismo defendido por Raymond Boudon. A dura realidade é que os valores que regem os mercados nem sempre coincidem com aquilo que definimos como sendo a nossa qualidade de vida. É uma discrepância simples, mas que pode ter consequências irrelevantes, como pode ter consequências desastrosas mesmo quando esses valores estão relacionados. As consequências podem ser tão graves como as que aconteceram nos regimes comunistas. A América Latina e a Ásia fornecem-nos alguns dos exemplos mais catastróficos (ex: Argentina e Tailândia), quando o liberalismo é implementado na base do dogmatismo cego.
É por causa da referida "não coincidência de valores" que uma parte dos intelectuais não gostam do liberalismo (o de Raimond). E eu desconfio que têm razão. Para quem trabalha em física, descobrir buracos nas ideologias pode ser um passatempo divertido, trabalhamos com coisas bem mais concretas que de vez em quando são assoladas por descobertas que obrigam a reformular, a alterar ou a destruir teorias inteiras escritas por muitas mentes brilhantes. Por isso, é que desconfio de receitas ideológicas puristas, prefiro a minha dieta pós-moderna à base de muito cepticismo.

Há uma grande confusão sobre a ideologia liberal, em Portugal e não só. É por isso que o autor se lança num esforço sofrível para desculpar algumas "falhas" (onde é que eu já ouvi isto?) do liberalismo, na linha da teoria "o mau liberalismo expulsa o bom liberalismo". Neste mundo temos liberais de esquerda (Michael Moore, uma boa parte do partido Democrata, inúmeros partidos europeus) e de direita. Em Portugal estamos habituados a ouvir falar de liberalismo dentro de uma linha política que nos EUA se chama neo-conservadora. Aqueles que defendem um liberalismo apenas económico (em geral radical) e no restante defendem um moralismo de base católica. É destes intelectuais que Raimond não fala. Se calhar são estes os que estão a expulsar os outros liberais...

segunda-feira, abril 04, 2005

Como é o Bem e o Mal em 3D?

Sobre o filme "A Queda", podemos ler no Murcon:

"li que muitos protestam por ele ser retratado de forma "excessivamente humana". Sempre esta tentativa inconsciente de projectar "o mal" para dentro de outros que não partilhariam connosco a (boa) essência do ser humano... Não partilho este optimismo acerca da dita "natureza humana", considero que luz e sombra se acotovelam cá dentro. Não reconhecer a maldade de que somos capazes, através da crença em "extraterrestres", humanos geneticamente diversos ou reconfortantes psicóticos passeando entre nós, afastará, sem remissão, a análise objectiva dos problemas."

Partilho por inteiro destas reflexões de Júlio Machado Vaz. Preocupam-me as certezas dos que têm esse poder sobrenatural de distinguir inequivocamente o "bem" do "mal". Costumo pensar que não existe o "bem" e o "mal", penso que existem soluções, umas mais eficazes e outras menos. Também se pode pensar no "bem" e no "mal" como as duas extremidades de uma escala unidimensional, tal como um termómetro, com a solução óptima numa ponta e a pior das soluções na outra. Na nossa vida, tal como nos termómetros comuns, nunca vemos o nível de mercúrio a tocar nas extremidades do termómetro. Andamos sempre ali pelo meio da escala. Mas as escalas têm problemas, podem não ser lineares. E se o espaço das soluções não é unidemensional? Se é bidimensional, ou tri?...

domingo, abril 03, 2005

Amarcord

Aqui na coluna da direita há uma nova rubrica da Klepsýdra, uma sugestão cinematográfica semanal. Depois de "A Queda", que está para estrear em Portugal, sugere-se agora "Amarcord" realizado por Federico Fellini em 1974, o filme preferido do nosso Nuno Camarneiro Mendes que anda lá fora a lutar pela vida. É um filme sobre o colorido universo de Fellini quando este era ainda uma criança que dava vida às ruas de Rimini. Amarcord significa mi ricordo no dialecto da Emilia-Romagna.

sábado, abril 02, 2005

Um bom comentário de esquerda na hora da morte

Antevendo a morte do Papa, Miguel Portas ensaia uma síntese do seu pontificado que é um exemplo pela sua raridade no equilíbrio da análise. Num tempo em que os comentadores políticos se batem num frenesim classificativo dos homens que forjaram os séculos entre o epíteto de terrorista e o de herói, o Miguel dá o exemplo de como se pode respeitar, criticar e elogiar, com a devida ponderação, figuras longe do seu campo político na delicada hora da sua morte. É raro nos dias que correm. A recente morte de Arafat mostrou essa mórbida competição do comentário político entre o herói e o terrorista. Vivemos em tempos em que alguém que tenha morto mais do que uma pessoa é facilmente catalogada como terrorista (claro, se os mortos forem ocidentais branquinhos, as mortes na América latina ou em África pouco contam). De Arafat a Massoud muito terrorista apareceu por aí nas bocas dos comentadores. Até Massoud vejam só...aquele que andava a lutar sozinho contra o regime talibã, na altura em que empresários e políticos receberam no Texas uma delegação de talibãs para tratar de negócios.
O mais fácil era um esquerdista alinhar pela mesma bitola de algum comentário de direita, ensaiar uma contabilidade baseada numa estimativa de mortes por SIDA registada nas regiões onde existem missões católicas em África onde se rejeita distribuir o preservativo e daí extrapolar um adjectivo: terrorista (por comparação com o número de mortes de Arafat, por exemplo). Ou então, ao bom estilo de José Manuel Fernandes, seria fácil a um esquerdista invocar o passado da igreja, comparar com o número de mortes provocadas por Hitler e Estaline.
A boa diferença do comentário de Miguel Portas é que podemos ler um texto crítico de quem está distante da igreja, do "homem que vive como se Deus não existisse", sem levar em cima com todo o lixo do frenesim do comentário político de diabolização do personagem.

Coisas que não se podem esquecer sobre Karol Wojtyla
Sobre a orientação do pontificado de Karol Wojtyla, Miguel Portas chama a atenção para algo muito importante que será talvez esquecido intencionalmente por muitos comentadores políticos nos próximos dias: "um programa evangélico e político. O fio invisível que liga o seu anticomunismo dos primórdios à actual recusa da guerra preventiva"
(texto também disponível na página pessoal do Miguel Portas)

Começou o maior espectáculo do mundo
Nas televisões portuguesas:
É p'ró menino e p´rá menina! Aprocheguem-se caros amigos! A TVI dá mais sangue! A SIC mostra o Papamóvel a sacar piões! Na RTP sãoooo láááágrimaaaaas!!! É pegar ou largar! À dúzia é mais barato! E as entrevistas de rua, meu Deus, as entrevistas de rua, ao pai, à tia, ao primo, à freira, à vizinha, ao canário, ao cão...