terça-feira, maio 31, 2011

A teoria do complot



Delicioso este cartoon de Vadot publicado no l'Express em que se fundem duas teorias da conspiração (desaparecimento de Ben Laden e o caso Strauss-Khan) numa única narrativa.

segunda-feira, maio 30, 2011

Como reestruturar a dívida

É o título de um interessante artigo Nuno Peres Monteiro e Eduardo Teixeira (Prof. em Yale e quadro bancário, respectivamente), como se sabe ambos estão longe de ser aderentes do Bloco de Esquerda. Temo que muito proximamente, mais rapidamente do que esperamos, a realidade dê toda a razão a Louçã.

quinta-feira, maio 26, 2011

E se a mortalidade infantil aumentar?



(Gráfico Pordata)

Se o PSD e o CDS constituírem governo e implementarem as suas ideias sobre a privatização da saúde e cortes (ou extinção) do complemento social de inserção, e se no seguimento destas medidas a mortalidade infantil aumentar, alguém vai ter que se responsabilizar por esse flagelo.

Portugal é um dos países do mundo com menor taxa de mortalidade infantil, menor do que nos EUA e do que na generalidade dos países onde a saúde não é universal nem tendencialmente gratuita e dos países que não cuidam dos mais pobres entre os pobres. Este é um dos parâmetros que mostra com maior clareza a diferença entre o país de Salazar, onde as crianças até um ano de idade morriam a uma taxa que já não se usava há décadas no resto da Europa (Bulgária e Roménia incluídas), e o Portugal de hoje. Em 2010, pela primeira vez desde há décadas, a mortalidade aumentou, aumentou residualmente, mas aumentou. Espero que daqui a 4 anos não estejamos aqui a lamentar uma subida bem mais considerável.

O cartoon da semana



Por Bertrams no De Groene Amsterdammer

terça-feira, maio 24, 2011

Aquecimento Global afecta produção agrícola mundial

(publicado no portal Esquerda.net)

Um trabalho científico publicado na revista Science deste mês analisa a produção agrícola mundial desde 1980 em função de vários factores, entre os quais o aumento de temperatura global registado nos últimos 30 anos decorrente da actividade humana. Entre os dez anos mais quentes até hoje registados, nove ocorreram entre 2001 e 2010. Dezembro de 2010 foi o 310omês consecutivo cuja temperatura ultrapassou a média de temperaturas do século XX. A última vez que um mês apresentou uma temperatura média inferior à do século XX foi o mês de Fevereiro de 1985. Esta tendência clara de aumento da temperatura média global reflectiu-se no trabalho publicado na Science. Nas principais regiões de cultivo registaram-se durante a época de crescimento da produção agrícola as variações da temperatura média expressas no mapa apresentado. Exceptuando as regiões agrícolas dos EUA e do Canadá onde se verifica um ligeiro arrefecimento, no resto do mundo registou-se um aumento até 3°C.

Entre os principais factores (medidos e simulados por modelos) que afectam as colheitas, verificou-se que a precipitação não teve grande influência na produção média global. No entanto os efeitos produzidos pela variação da temperatura média revelaram-se importantes para cada um dos produtos agrícolas estudados, em particular nas regiões onde aumentou a temperatura (ver mapa). Observou-se nos últimos 30 anos uma redução da produção de trigo na Rússia, na Índia e em França, bem como uma diminuição da produção de milho na China e no Brasil à medida que a temperatura nestas regiões foi aumentando. Estes dados indicam que a prioridade de adaptação às alterações do clima deve estar centrada nos efeitos produzidos nas culturas pelo aumento de temperatura global.

Pesando o aumento de cerca de 20% dos custos afectados apenas ao aumento da temperatura com os benefícios para as culturas resultantes do aumento da concentração do dióxido de carbono na atmosfera causado pela actividade humana, verificou-se um aumento total do preço do trigo e do milho superior a 5%, ou seja um aumento total de despesa de 50 mil milhões de dólares (a preços constantes) em todo o mundo.

Tendo em conta que nas últimas duas décadas tem sido mais frequente ocorrerem anos em que o consumo supera a produção agrícola mundial e tendo ainda em conta o facto de a temperatura média global continuar a aumentar, e a aumentar mais rapidamente, não se prevêem melhorias para a agricultura do planeta. Se razões faltavam, eis mais um forte motivo para se combater o aquecimento global com muita urgência.

quinta-feira, maio 19, 2011

E que tal cortar gorduras no sector privado?

Como se mostra neste esquema, todos os anos cerca de 10 mil milhões de euros gerados no sector privado resultam de fraude e de crime económico. 6 mil milhões de parcerias público privadas, privatizações e rendas várias (monopólios naturais, saúde e ensino privados, por exemplo). 5 mil milhões resultam de juros cobrados sobre a dívida pública (gráfico publicado no livro Os Donos de Portugal).

O que apresentam os programas de PSD, CDS e PS para combater estes 20 mil milhões de euros de desperdício? Pouco ou nada. Pior ainda, o PSD e o CDS apresentam várias medidas deixam ainda mais caminho livre à fraude e ao crime económico. Ao proporem a redução cega de funcionários públicos e de salários nas divisões que supervisionam o sector financeiro e ao proporem a redução do número de deputados (o órgão com mais poder em democracia para lançar inquéritos aos maiores poderes do país) estarão a recriar as condições de desregulação que precederam o desastre do sector financeiro islandês e irlandês.

quarta-feira, maio 18, 2011

Avenida dos Aliados: aplaudir Domingos

Aplaudir Domingos quando entrar em campo, é o mínimo, e agradecer o extraordinário contributo para o sucesso F.C. Porto enquanto jogador.

Rotos vs Esfarrapados em Terra de Falidos

O que pensará o europeu comum quando esta noite descobrir que a final da Liga Europa decorre na Irlanda com dois finalistas portugueses (só faltava o árbitro ser grego para completar o ramalhete)?
Se consultar as respectivas dívidas privadas (220% do PIB em Portugal e 350% na Irlanda) produzidas pelos sectores imobiliário e a banca de ambos os países, andará perto da revelação deste milagre.

terça-feira, maio 17, 2011

Barómetro da crise

A crise faz-se de muitas pequenas histórias como esta relatada pelo António Agostinho no Outra Margem.

segunda-feira, maio 16, 2011

Quem andou a elogiar a Irlanda...




Neste interessante artigo do Prémio Nobel Paul Krugman pode ler-se:

"people who praised Ireland as a role model shouldn’t be giving lectures on responsible government" (quem andou a elogiar a Irlanda como modelo a seguir não deveria dar lições de moral sobre governação responsável).

Neste aspecto, o discurso de Paulo Portas aqui relembrado e aplaudido na altura pela sua bancada é muito eloquente. Obviamente, os extremistas do Bloco de Esquerda é que estavam equivocados.

Mas o artigo de Krugman descreve também como as elites responsáveis pela crise têm sacudido a água do capote, fazendo-se passar por sérios e austeros (isto faz-se através das televisões que são controladas pela direita) distribuindo acusações ao processo democrático e ao comum eleitor, afastando as atenções dos crimes e imoralidades cometidos pelo sistema financeiro:

"So it was the bad judgment of the elite, not the greediness of the common man, that caused America’s deficit. And much the same is true of the European crisis."

domingo, maio 15, 2011

Avenida dos Aliados: sem espinhas

O sonho de gerações de portistas, um campeonato ganho sem espinhas.
Agora há outra grande meta que aparece no horizonte. Não vai durar menos de 7 anos a ser alcançada, mas a contagem decrescente já começou, carago.

quarta-feira, maio 11, 2011

Habilidades que Paulo Portas aprendeu na Irlanda


Veja-se o gráfico do aumento da dívida pública em função do PIB apresentado por Paulo Portas no debate de segunda-feira. Agora leia-se este artigo do Jornal de Negócios onde é apresentado o mesmo indicador mas desta vez sem países escondidos. Portugal é quinto e não primeiro como no gráfico de Portas. Portas "só" escondeu quatro países, sendo o pior a Irlanda, curiosamente o país onde Paulo Portas foi aprender como é que se afunda um país com o ex-primeiro ministro Bertie Ahern. Era exactamente este tipo de habilidades que a banca irlandesa praticava nas suas contas na altura, após a desregulação implementada pelo governo.
Via Ladrões de Bicicletas

domingo, maio 08, 2011

Investimento público em ciência e na educação produziu resultados positivos

(publicado no portal Esquerda.net)


O relatório da Comissão Europeia que revela uma progressão considerável no ensino e na investigação em Portugal, demonstra claramente uma relação causa efeito entre o investimento público na educação e na investigação depois do 25 de Abril e o progresso obtido nestes domínios. Portugal teve a segunda mais alta taxa de doutoramento da União Europeia entre os 25 e os 34 anos, três para cada mil habitantes, ao nível da Finlândia e atrás da Suécia (3,2 doutorados para cada mil habitantes). No período compreendido entre 2000 e 2009 duplicou o número de diplomados no ensino superior entre os 30 e os 34 anos. Registou-se no mesmo período o maior Justificar completamentecrescimento da Europa de diplomados em Matemática, Ciências e Tecnologias. Estes dados explicam o aumento quase exponencial (ver gráfico) verificado no número de publicações científicas por ano de autoria ou co-autoria de investigadores portugueses (incluídas no Science Citation Index Expanded - Thomson Reuters/ISI).

No ensino secundário verificou-se uma melhoria nos resultados nos testes internacionais do PISA (Programme for International Student Assessment), no entanto o abandono escolar continua a ser o mais elevado da União Europeia, apesar de ter diminuído consideravelmente nos últimos 30 anos. O relatório refere que nos restantes países mais de metade dos jovens com poucos estudos não têm emprego ou não estão à procura, mas em relação a Portugal conclui: “os jovens abandonam a escola para entrar num mercado de trabalho que dá oportunidades de emprego a quem tem baixas qualificações”.

Christopher Pissarides, Prémio Nobel da Economia de 2010, apelou recentemente para mais investimento na educação em tempos de crise, de forma a preparar melhor os jovens antes de entrarem num mercado de trabalho em crise, justificando que é melhor aplicar o dinheiro na continuidade do percurso escolar do que pagar subsídios de desemprego aos jovens que abandonam o sistema de ensino.

Perante estes argumentos e estes indicadores, o desmantelamento do ensino público e insinuações de extinção do Ministério da Educação, avançados recentemente por algumas associações na órbita dos partidos de direita, poderão revelar-se medidas catastróficas e contribuir fortemente para prolongar o estado de recessão ou de estagnação do país.

sexta-feira, maio 06, 2011

Science & Vie especial Fukushima

Foi publicada uma edição especial da revista Science & Vie dedicada ao acidente de Fukushima, de uma qualidade rara para uma revista de divulgação científica. Para além de um enquadramento cheio de dados estatísticos sobre a energia nuclear no mundo, os problemas de segurança das centrais são dissecados com seriedade em função de cada modelo. É apresentada uma lista completa das 20 centrais em que ocorreram acidentes de nível 3 a 7, com esquemas muito completos do interior dos reactores. É feito ainda o ponto da situação de Chernobyl.

quinta-feira, maio 05, 2011

Avenida dos Aliados: até as bebemos...



Villareal foi um dos piores jogos da época nas competições europeias, para empurrar com uma Guinness de penalty.
Dia 18 todos os portistas têm a obrigação de aplaudir o Dominguinhos antes do jogo começar.

quarta-feira, maio 04, 2011

A ressaca britânica

A ressaca a que me refiro não é a ressaca do casamento que custou só em segurança cerca de 25 milhões de euros aos contribuintes britânicos. A ressaca a que me refiro é a ressaca dos anos Thatcher, dos delírios da City e da desregulação dos mercados. Como se pode ver aqui e aqui, apesar da dívida pública rondar os 60% do PIB, a dívida privada do Reino Unido é cerca de 400% do PIB (Portugal: ~90% pública e ~220% privada). No mesmo mapa reparem na dívida do Japão, Coreia, EUA, etc. As dívidas privadas são astronómicas, é a marca do thatcherismo no mundo. De certeza que isto não vai acabar bem, sem devedores deixarem de pagar a credores ou sem reestruturações de dívida.