domingo, fevereiro 18, 2007

...Then it's the Bomb that will bring us together

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que surgiram no meio militar dos EUA tendências securitárias esquizofrénicas que cedo geraram a oposição do meio científico ao mais alto nível, onde figuras como Einstein ou Oppenheimmer - o director do Projecto Manhattan - tiveram um papel importante para a alertar para o perigo que representava o desenvolvimento de armas nucleares cada vez mais potentes. Para cada alerta da comunidade científica havia sempre uma teoria justificativa militar para que a próxima arma mais potente fosse a solução de todos os problemas. O resultado desta política é o que se sabe, a URSS ficou com o record da arma mais potente jamais construída (a Tsar Bomba com 50 Mt de potência), e mesmo depois dos EUA terem ganho a Guerra Fria, os seus actuais governantes não se sentem seguros, ao ponto de continuarem a propor projectos "defensivos" megalómanos, como a defesa antimísseis que pretendem agora instalar na Europa de Leste.

Um dos grandes responsáveis pelas teorias justificativas securitárias - que no fundo são muito semelhantes à teoria de que estamos mais seguros se fizermos a Guerra contra o Terrorismo - é Edward Teller, mais conhecido no meio científico como o Dr. Estranho Amor. Teller possui um reportório para a utilização de explosões nucleares para fins "pacíficos" que faria furor em pleno Inferno de Dante: para abrir canais, construir portos, arrasar montanhas, produzir energia, para estudar a composição química da Lua e provar a teoria da relatividade de Einstein fazendo explodir uma bomba na face mais afastada do Sol. Teller defendeu sempre que as bombas nucleares promoviam a paz e opôs-se ao tratado de supressão de testes nucleares de superfície. Para quem não sabe, os testes nucleares de superfície são a maior tragédia da era nuclear após Hiroshima, tendo morrido cerca de 170 mil pessoas como consequência dos produtos de fissão altamente radioactivos espalhados na atmosfera aquando de cada ensaio.

No blogue Cinco Dias, a Joana Amaral Dias chamou muito bem a atenção para mais uma dessas teorias justificativas esquizofrénicas da autoria de John Bolton, segundo o qual correu mal a negociação que levou ao fecho do seu principal reactor nuclear da Coreia do Norte porque passou a mensagem de que "portar mal compensa". Isto é discurso Dr. Estranho Amor puro e duro. E o problema é que o mundo tem vindo a ser dominado pelo espírito Dr. Estranho Amor em grande medida através dessa brilhante ideia da Guerra contra o Terrorismo. A contabilização dos mortos já vai bem longa sem que se vejam indícios de acalmia do terrorismo islâmico. O recente alerta dos físicos nucleares para o grande aumento de probabilidade de autodestruição da humanidade é para ser bem levado a sério e se não for a via diplomática que resultou com a Líbia e com a Coreia do Norte, corremos o risco de proporcionar um futuro cataclísmico às próximas gerações que faria bem as delícias do Dr. Estranho Amor.

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