quinta-feira, junho 28, 2012

Acabou a alienação, voltemos às telenovelas

Acabou a participação de Portugal no europeu, que alívio! Os portugueses vão poder a voltar concentrar-se no que interessa, nas telenovelas e nos romances que envolvem dirigentes desportivos (confiram as grelhas dos principais canais em horário nobre). Vão poder voltar às estimulantes aventuras de personagens de novela que não trabalham, que passam a vida em casas e lugares sofisticados e cuja única atividade a que se dedicam é a cochichar sobre a vida alheia. Para os que não gostam há sempre alternativas, as aventuras sexuais de Pinto de Costa, conspirações de árbitros e belas reportagens sobre o treino do dia de um dos três grandes. Aleluia, estava a ver que não!  

Arte Xávega

A minha coluna de hoje no jornal As Beiras:

quarta-feira, junho 27, 2012

O Robalo tem que jogar


Hugo Almeida ou o robalo que roça o dorso no relvado.

Consultem ali as estatísticas. 
Portugal é a equipa com mais cantos marcados: 35. É a equipa com mais cruzamentos tentados (55) e mais cruzamentos concretizados (12). Ainda há dúvidas? O meu conterrâneo Hugo Almeida (o Robalo) só pode ser a opção número um para o ataque neste esquema de jogo.



segunda-feira, junho 25, 2012

Gases de motores a gasóleo são cancerígenos



O Centro Internacional para a Investigação do Cancro, uma agência da Organização Mundial de Saúde, anunciou que está cientificamente comprovado que as emissões de partículas finas dos motores a gasóleo aumentam o risco de cancro do pulmão. Os trabalhos científicos que o demonstram foram realizados na Europa e nos EUA, em particular em minas em que os trabalhadores estiveram expostos às emissões de motores a gasóleo.

Nas últimas décadas tem-se assistido na Europa à proliferação de viaturas movidas por motores a gasóleo, em grande medida pelas vantagens fiscais oferecidas pelos governos europeus comparativamente à gasolina. Os construtores de automóveis têm apostado nestas motorizações dado que os motores a gasóleo emitem menos dióxido de carbono por quilómetro que as viaturas movidas a gasolina (embora os motores a gasolina na prática não emitam partículas), permitindo às marcas vender viaturas que cumprem os limites de emissões de gases de efeito de estufa. No entanto, numerosos engenheiros que trabalharam para as grandes marcas mundiais de automóveis denunciaram que na Europa a opção pelo gasóleo serviu também para vender automóveis muito mais caros, explorando a margem de poupança que um consumidor realiza ao escolher uma viatura a gasóleo em vez de uma viatura a gasolina. A diferença de custos de produção entre um motor a gasolina e a gasóleo para o mesmo modelo não justifica a diferença no preço de venda.

Hoje em dia refinar gasóleo é mais caro do que refinar gasolina, sobretudo pelas exigências técnicas associadas à legislação que restringe a quantidade de enxofre presente no gasóleo. Tendo em conta as conclusões deste estudo, interessa refletir se faz sentido na Europa (nos EUA os motores a gasóleo são menos vendidos) o gasóleo continuar a ter maiores benefícios fiscais em relação à gasolina para os automóveis particulares. No entanto, deve continuar a investigação do impacto das melhorias realizadas nos novos motores a gasóleo para reduzir as emissões de partículas finas, para se perceber a real redução de riscos que estas alterações representam.

Estaleiros, Porto da Figueira, Pesca Ilegal e Corsários

Estaleiros, Porto da Figueira, Pesca Ilegal e Corsários é mixórdia temática da minha crónica de hoje na Rádio Clube Foz do Mondego.

Horário: 10h45 com repetição às 18h40.

sexta-feira, junho 22, 2012

Ciganos nossos

Um interessante documentário da Mundi Romani sobre a realidade das comunidades ciganas do distrito de Coimbra. Ainda há muita coisa a melhorar e muitos problemas a resolver, mas neste documentário é evidente que há um antes e um depois da intervenção das redes de apoio social, contrariando em larga medida o habitual paleio de café sobre os ciganos. Participa no documentário o amigo Bruno Gonçalves, um mediador social que tem feito um excelente trabalho no distrito.


quinta-feira, junho 21, 2012

Marchas Impopulares

A minha coluna de hoje no jornal As Beiras:


Checo para totós

Pronunciar os nomes dos jogadores checos parece uma trivialidade, mas não é. Vamos lá a uma pequena lição para leigos e comentadores (e que grandes calinadas ouvimos dos comentadores):

Petr Čech = Pétr Tcherr (ch em checo pronuncia-se como o ch duro em alemão; as vogais são todas abertas)
Tomáš Sivok = Tómáásh Civok (š = sh; as vogais acentuadas são longas)
Jaroslav Plašil = Iaroslav Plashil (j=i)
Václav Pilař= Vatslav Pilarj (c=ts e ř=rj)
Petr Jiráček= Petr Iiráátchek (č=tch)

Logo

Tomáš Rosický= Tomash Rozitskii
Daniel Kolář= Daniel Kolarj

Por favor não digam mais Roziqui ou Petr Chéche...

segunda-feira, junho 18, 2012

À atenção do comité central do PCP

"A Chinese Foreign Ministry spokesman says Beijing is hopeful Sunday's election in Greece can help stabilize the economic situation in the European Union. Hong Lei told reporters Monday that China welcomed the results, which pave the way for the formation of a pro-austerity government, and hopes it will bode well for the 17 nations sharing the euro currency.Fonte CBS.

Eu nem comento...

domingo, junho 17, 2012

Intoxicação

Quem esteve atento à imprensa internacional de hoje, leu as múltiplas de declarações de instituições financeiras e de partidos com elas comprometidos a prever todo o tipo de catástrofes possíveis para a Grécia, a Europa e o Mundo, caso ganhe o Syriza. A intoxicação dá como certa a saída da Grécia do euro. Juntos, os partidos gregos que defendem a saída do euro vão ter menos de 15%. Como é que a Grécia vai sair do euro? Só se for empurrada. Vão ser os bancos e o sistema financeiro a empurrar a Grécia para fora do euro, eles que curiosamente participaram no saque? Ou vai ser a CDU de Merkel?  Estou curioso para ver quem serão os protagonistas que vão tentar ter mais legitimidade do que a expressão dos eleitores gregos nas urnas.

sexta-feira, junho 15, 2012

Syriza, uma bela resposta dos gregos

Depois da crise estalar, a reação nas urnas foi, grosso modo, a de castigar o boneco que estava no poder. Outra reação frequente foi votar no candidato-palhaço. Em Portugal tivemos essa versão em José Manuel Coelho sem grande sucesso, mas em Reiquiavique o palhaço ganhou e governa desde 2010. Depois houve a reação mais clássica que é votar na constelação de partidos ultra-conservadores e nacionalistas, partidos que não têm programa político a médio e a longo prazo, onde tudo se baseia na culpabilidade de uma certa faixa da população por todos os males do país (ciganos, desempregados, imigrantes, judeus, muçulmanos, etc.). Outro clássico é o discurso anti-políticos muito do agrado dos principais culpados da crise, setor financeiro e banca, para sacudir a água do capote. Foi deste discurso anti-políticos, por exemplo, que surgiu a Forza Italia de Berlusconi em meados dos anos 90, depois da operação Mãos Limpas. Eram todos maus e corruptos, exceto ele Berlusconi, aliás como o tempo veio a demonstrar...
Se recuarmos um pouquinho na máquina do tempo, até aos anos 30 do século XX, descobrimos o maravilhoso futuro que este cocktail de nacionalistas, palhaços e políticos anti-políticos reservou à Europa. Foi só a pior catástrofe de sempre. Nunca se destruiu tanto e nunca se morreu tanto na Europa em tão pouco tempo.

Durante as últimas décadas houve algumas famílias políticas que sempre se recusaram a compactuar com uma economia onde o estado e os cidadãos estivessem reféns dos mercados financeiros, que preferiam um modelo onde os mercados estivessem ao serviço dos cidadãos, das empresas e da qualidade de vida. E por isso foram frequentemente ostracizados.  
Exemplos conhecidos são a família dos Verdes Europeus, esquerdas alternativas (a que pertence o BE e o Syriza), alguns partidos socialistas e sociais-democratas que não se deslumbraram com os mercados e, à direita, alguns partidos democratas-cristãos genuínos que não venderam a alma ao diabo. Estes partidos raramente governaram nas últimas décadas de devaneio financeiro, é natural. 
Dada a gravidade da sua situação, a Islândia foi um dos primeiros casos em que os eleitores perceberam que era preciso escolher os que sempre se bateram contra o tipo de economia que destruiu o país e elegeram a Aliança Social Democrata (partido da família do BE). Em toda a Europa, partidos desta mesma família esquerdista e europeísta (a favor do euro e de mais integração) como o Front de Gauche em França, o Syriza na Grécia, o Partido Socialista na Holanda e partidos da família dos Verdes estão a aumentar consideravelmente a sua representatividade. Os Verdes já governam em Baden-Württemberg. Na Holanda e na Grécia tudo indica que estes partidos poderão discutir a vitória nas próximas eleições. Se forem governo não é garantido que os respetivos países se transformem num mar de rosas, mas uma coisa é certa, os mercados por muito que lhes custe vão começar a trabalhar mais ao serviço do Estado, dos cidadãos, das empresas e dos produtores. A expressão da vontade de mudança dos gregos, aderindo massivamente ao Syriza, é de louvar. O mais fácil seria exprimir a vontade de mudança aderindo aos nacionalismos, aos populismos anti-políticos e aos palhaços cujo programa político é nulo a médio e a longo prazo e que só iria agravar o caso das gerações seguintes. A escolha dos gregos pelo Syriza até poderá revelar-se uma desilusão, mas por muito má que seja essa desilusão esta escolha comportará consigo sempre mais futuro e mais esperança para as próximas gerações do que todas as outras opões, aliás já mais do que batidas.

Boa sorte Syriza!

quarta-feira, junho 13, 2012

Teria sido mais simples

Rui Rio propôs que autarquias muito endividadas deveriam ser geridas por uma comissão administrativa (mais tacho para António Borges?) e não ter eleições. Tendo em conta que o seu partido é um dos principais responsáveis pelo endividamento das autarquias teria sido mais simples se propusesse que o seu partido não concorresse às câmaras que endividou, em vez de impedir o concurso de partidos e de independentes que defendem outras formas de gestão local, menos agarrados a negociatas que envolvem muito betão e a alterações selvagens de PDM's.

terça-feira, junho 12, 2012

Mansos e comprometidos


"Se Portugal fosse um país onde se jogasse limpo, serviço público de televisão teria de ser assim.
No Prós e Contras de ontem à noite, quando falou  António Borges,  deveria ter passado em rodapé o seu curriculum vitae: Vice-Governador do Banco de Portugal, ex-Vice-Presidente do Conselho de Administração da Goldman Sachs, ex-Administração do Citibank, ex-BNP Paribas, ex-Petrogal, ex-Sonae,  ex-Cimpor e ex-Vista Alegre, ex-qualquer coisa no FMI, actual conselho de administração da Jerónimo Martins e ministro do Governo PSD-CDS/PP para as privatizações."

"O programa de hoje [Prós e Contras] é um  exemplo perfeito, onde, sem contraditório, se ouviu uma série de porta-vozes da política actual, de António Borges a António Vitorino. António Borges, a quem não foi perguntado nada de incómodo, a António Vitorino que representa uma das vozes "responsáveis" do PS que em todos os momentos cobre sempre o governo em funções. Há  cinco, quatro, três, dois anos, ou seja, em termos históricos, HOJE, exactamente com a mesma voz grave e responsável, António Borges defendia a política suicidária do sistema financeiro que conduziu ao desastre cujos custos todos pagamos, e Vitorino não dizia nada de incómodo para Sócrates"


Concordo

segunda-feira, junho 11, 2012

iFixit

Nos anos 60, um engenheiro da República Democrática da Alemanha foi apresentar a um salão internacional de eletrodomésticos uma lâmpada que segundo o próprio não se fundia. Orgulhoso da sua invenção, o engenheiro alemão estranhou a falta de interesse que a invenção despertou entre os seus concorrentes. Um deles chamou-o à parte e disse-lhe que se comercializasse essa lâmpada nos EUA todos iriam perder uma margem considerável de lucro. Desde 1925 que os principais fabricantes de lâmpadas (Phoebus, Osram, Philips, e General Electric) tinham chegado a um acordo para estabelecer uma longevidade de 1000 horas em vez da média de 2500 horas que eram registadas nos testes.
A longevidade programada de eletrodomésticos e aparelhos eletrónicos não é um problema de hoje, mas está a tomar proporções sem precedentes à medida que aumenta o número de multinacionais que aderem à filosofia de produtos não reparáveis associados a esquemas em que é estabelecido propositadamente um tempo de vida limitado a um componente basilar de funcionamento do aparelho. Empresas como a Epson e a Apple foram recentemente objeto de denúncias públicas significativas deste tipo de práticas. A Epson começou a equipar impressoras onde um dos chips que controlava a execução da impressão era programado de raiz para funcionar até às 18000 cópias. A partir desse número, o software da impressora deixa de transmitir a ordem de impressão (vale a pena ler a desculpa da Epson). No caso da Apple, desde 2003 telefones e leitores de música começaram a ser equipados com baterias integradas de curta longevidade (cerca de dois anos) que não permitem uma substituição trivial.
Um grupo de admiradores dos produtos Apple e de ex-trabalhadores da empresa, desiludidos com a política da longevidade programada criaram a empresa iFixit dedicada à reparação de eletrodomésticos e aparelhos eletrónicos objeto de longevidade programada. No seu sítio explicam como reparar em casa alguns desses aparelhos.
Podemos descobrir aí os métodos perversos da Apple para impedir a substituição das baterias (colas, parafusos incompatíveis com as chaves de fendas, armadilhas mecânicas), obrigando o cliente a dirigir-se às lojas Apple para resolver o problema onde os custos da substituição da bateria são de cerca de 70% do valor do produto. Na prática o cliente é forçado a trocar o seu modelo pelo novo modelo lançado no mercado. Como resultado de protestos, processos em tribunal e do ativismo de variados grupos de cidadãos, a Apple começou a alterar alguma da sua política de longevidade programada.
Entretanto, em Livermore, Califórnia, no quartel dos bombeiros locais existe uma lâmpada acesa em contínuo desde 1901 (na foto).

Proteção e redes sociais em tempos de crise

Proteção e redes sociais em tempos de crise é o assunto da minha crónica de hoje no Pontos de Vista da Rádio Clube Foz do Mondego.

Horário: 10h45 com repetição às 18h40.

terça-feira, junho 05, 2012

Trânsito de Vénus

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Vénus vai passar à frente do Sol hoje e amanhã, mas infelizmente o fenómeno não será visto em Portugal porque ocorre quando o Sol se encontra abaixo do horizonte. No entanto para quem quiser observar em direto este fenómeno que não se irá repetir nos próximos 100 anos, existem duas páginas que vão transmitir o trânsito de Vénus em direto. Aqui sítio da ESA e aqui direto dos Astrónomos Sem Fronteiras.

Como o plano orbital de Vénus não está alinhado exatamente com o da Terra, os trânsitos são raros e ocorrem duas vezes durante período de oito anos, para voltarem a acontecer apenas mais de um século depois. O último trânsito aconteceu em 2004, mas o próximo apenas ocorrerá em 2117.

domingo, junho 03, 2012

Travar a erosão e salvar a onda


O tema da minha crónica desta segunda no Pontos de Vista, na Rádio Clube Foz do Mondego, é sobre a solução que poderá travar a erosão na margem sul e salvar a onda do Cabedelo.

Horário: 10h45 com repetição às 18h40.