domingo, setembro 02, 2007

DOC o belo restaurante de Rui Paula

Era fim-de-semana de Páscoa. Pela manhã, em Pinhão, no coração da região vinícola do Douro dou-me conta de uma triste realidade. Eu e alguns turistas estrangeiros percorríamos a vila como baratas tontas à procura de uma garrafeira ou uma loja de produtos vinícolas. Havia uma garrafeira de jeito, mas estava fechada. Confirmo a minha ideia das minhas mini-férias no Douro. A população local serve feudalmente os produtores das grandes caves e vive completamente desligada do turismo vinícola, ao contrário de outras regiões vinícolas europeias que visitei: Mosela Alemã, Alsácia e Champanhe. Subsiste a cultura dos senhores, dos capatazes e dos miseráveis servos. Chocou-me! O Douro tem a paisagem natural mais bem conservada e mais bonita entre as regiões vinícolas que conheço, mas é de longe a região em que a população local menos aproveita o turismo vinícola, e é por isso que é muito pobre.

À tarde, todas as caves por onde passo estão fechadas. Na maior parte da vilas domina a misturada de estilos, a manhosice arquitectónica típica do nosso país, o Peso da Régua é uma cidade horrível. Já desmoralizado e de partida, paro junto a um belo restaurante na Folgosa. Surpresa! O DOC é um excelente restaurante, com bons vinhos, onde o preço condiz com a oferta. O proprietário, Rui Paula, vem à minha mesa verificar se está tudo bem. Diz-me que abriu o negócio há dois dias. Gabei-lhe a casa e disse-lhe que era uma excepção, no deserto com que tinha deparado naquele dia. As minhas palavras foram música para os ouvidos Rui Paula que se queixa da falta de oferta do Douro, do autismo das caves e do desprezo que têm pelos turistas, da manhosice geral, enfim, encetámos ali uma saudável cavaqueira de corte e costura sobre a miséria turística do Douro que exorcizou as respectivas frustrações.

A Revista de Vinhos de Julho dedica-lhe 4 páginas que recomendo aos meus leitores. Para os que visitarem o Douro, parem na Folgosa, no DOC.

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