quarta-feira, abril 30, 2008

A influência do ultraliberalismo no preço dos cereais

A crise financeira desencadeada pelos empréstimos imobiliários de alto risco nos EUA tem produzido um efeito de bola de neve nos restantes mercados, cujos estragos se estendem aos preços dos cereais. Muitos dos investidores dos mercados imobiliário e financeiro em crise, transferiram em massa os seus fundos para o mercado dos cereais, mais seguro e com uma tendência de subida pelos factores que já aqui foram explicados antes. O resultado é que a especulação dos mercados de cereais e de outros produtos de primeira necessidade nunca foi tão alta, com os preços a subirem desmesuradamente e os países mais pobres, aqueles cuja dieta depende quase exclusivamente dos cereais a entrarem numa situação de penúria ainda mais acentuada.
É mais um facto que vem dar razão ao artigo de 25 de Março de Martin Wolf publicado no Financial Times que sustenta que o liberalismo económico atingiu os seus limites.

terça-feira, abril 29, 2008

Bernard-Henri Lévy sobre o 25 de Abril II

"Moi encore au Portugal, été 1974, chaleurs plombées mais glorieuses, combustion lente de la lumière, le soir, sur la place du marquis de Pombal, où une foule fervente mais calme, résolue mais apaisée, enterre les mauvais esprits du salazarisme.
Le Portugal encore, l'été suivant; jeunes capitaines courage; Otelo de Carvalho en acteur baroque et shakespearien; levées de vie; soulèvements sans colère ni passion triste; fin du commerce de la haine; (...) Paris, par exemple, ravalé au rang de lointaine province d'un cinquième empire révolutionnaire dont la capitale était ici; Dominique le Roux hissé au rang de grand conspirateur rouge offrant Technique du coup d'Etat à l'un, les Ecrits militaires de Trotski à l'autre, et, un autre encore, courant les kiosques à journaux de la ville pour racheter tous les exemplaires de Libération, qui était, avec Le Nouvel Observateur de Jean Daniel, le journal fétiche des jeunes capitaines et qui publiait, ce matin-là, une enquête sur son passé extrémiste de l'autre bord; nous ne savons pas encore ressusciter les corps, disait Malraux qu'il n'aimait pas, mais nous commençons à savoir ressusciter les songes."
Bernard-Henri Lévy, "Ce grand cadavre à la renverse", 2007, Grasset, pag. 34

Narcotraficantes mexicanos aderem ao Euro

Este fim-de-semana, um amigo mexicano advogado, com um sorriso maroto, informou-me que os narcotraficantes mexicanos começaram a fazer as suas transacções em euros...
Do ponto de vista psicológico esta notícia é bem pior do que a troca das reservas em dólares por euros nos países asiáticos. Até o tráfico de droga, que é um dos mercados mais fiéis à ideologia ultraliberal, trai a moeda verde e adere ao euro-social. Não havia necessidade.

segunda-feira, abril 28, 2008

O segundo passo do sistema Galileo

Foi o tema do meu artigo deste fim-de-semana no portal Esquerda.net:

Hoje, os utilizadores europeus de sistemas de navegação não têm outra alternativa para além do uso de sistemas de satélites controlados por hierarquias militares de países terceiros. Os responsáveis militares do sistema americano GPS e do sistema russo GLONASS não dão qualquer garantia de serviço ininterrupto aos seus clientes europeus. Dada a banalização actual do uso de sistemas de navegação por satélite, se o sinal proveniente destes sistemas fosse desligado, numerosos navios e aeronaves poderiam correr sérios riscos ao voltar a operar com os sistemas de navegação tradicionais. Tal cenário colocaria em perigo vidas humanas e perturbaria fortemente a eficiência do fluxo de mercadorias e de pessoas através das redes europeias de transporte.

De forma a garantir a segurança e a eficiência dos transportes europeus, a União Europeia decidiu implementar o seu próprio sistema de navegação, o sistema Galileo. O Galileo será o sistema de navegação civil mais preciso, com uma precisão da ordem do metro. Este sistema de navegação será também o mais seguro, o mais imune a anomalias e transmitirá em poucos segundos um alerta aos seus clientes caso ocorra uma anomalia num dos seus satélites, melhorando a segurança da circulação automóvel, composições ferroviárias e sobretudo a segurança de aviões em fase de aterragem.

Este fim-de-semana, às 23:16 de sábado é lançado o GIOVE-B, o segundo satélite de teste do programa Galileo. O GIOVE-B transporta dois relógios atómicos de rubídio com uma estabilidade de 10 nanossegundos por dia, tal como o primeiro satélite de teste GIOVE-A. No entanto, a grande novidade do GIOVE-B é o envio para o espaço de um relógio PHM (Passive Hydrogen Maser) com uma estabilidade de 1 nanossegundo por dia, que será o primeiro relógio deste tipo a funcionar no espaço. Os relógios principais previstos para coordenar a constelação final dos satélites Galileo serão dois PHM e dois relógios de rubídio de reserva no caso de falha dos PHM. O GIOVE-B também transportará um detector de radiação para estudar o ambiente espacial à altitude de voo dos satélites da constelação Galileo e terá como missão adicional garantir a manutenção das frequências de transmissão do sistema Galileo.

Seguir-se-ão lançamentos de novos satélites do programa Galileo, estando previsto o lançamento de quatro satélites que terão a missão de validar o funcionamento do sistema em órbita e nas estações terrestres em 2010. Só depois de efectuada esta validação serão lançados os restantes satélites da constelação Galileo, num total de 30 até 2013.

sexta-feira, abril 25, 2008

Bernard-Henri Lévy sobre o 25 de Abril

"Cette révolution portugaise dont je veux dire maintenant qu'elle a (...) puissamment contribué à ce changement d'âge. Je repense à Otelo de Carvalho, dans les derniers jours d'un été brulant qui fut aussi le dernier été, avant son déclin, du vieux leader stalinien Alvaro Cunhal, me confiant que les capitaines rebelles du Mouvement des forces armées avaient volé son emploi au Parti et qu'ils n'avaient fomenté cette conspiration, programmé cette révolution à la technique sans précédent dans l'histoire des coups d'Etat, doublé sur sa gauche (...) Crépuscule du socialisme. Commencement de la fin du communisme. Tout le vieux théâtre révolutionnaire qui, en quelques semaines, volait en éclats. Le ciel, toujours, mais dépeuplé de ses dieux et tolérant, pour qui voulait, un petit coin de néant. Tell fut, en ce siècle, la grande leçon portugaise."
Bernard-Henri Lévy, "Ce grand cadavre à la renverse", 2007, Grasset, pag. 118

A confiança na mão invisível

Publicado há seis dias, mas vale bem a pena ler o artigo de 19 de Abril de Vital Moreira no Diário Económico:
"A confiança na "mão invisível" do mercado livre dificilmente poderia ser mais baixa do que é neste momento" (continuar a ler aqui)

quinta-feira, abril 24, 2008

O Testa de Ferro

"O Testa de Ferro" de Martin Ritt é uma obra prima do cinema dos anos 70, com a irreverência típica da vaga de cinema de intervenção política que se seguiu à contestação da Guerra do Vietname e ao Maio de 68.
Em "O Testa de Ferro", Woody Allen é Howard Prince, um empregado de um restaurante que serve de cobertura de um grupo de esquerdistas perseguido pelo McCartismo, vendendo guiões de televisão escritos por estes sob a sua autoria. Ao contrário dos seus amigos esquerdistas, Prince tem um conhecimento vago da política e opiniões ingénuas. No entanto o início do seu relacionamento com Florence, que integra o grupo de intelectuais de esquerda, vai mudar a visão política de Howard Prince...
Na minha opinião em "O Testa de Ferro", Woody Allen tem a melhor interpretação da sua carreira, sobretudo pela excelente e credível transformação de uma personagem ingénua num indivíduo que se forja uma sólida consciência política. É essa transformação que dá muita força à memorável cena final do filme.



Filme Klepsýdra ***** (5 estrelas)

quarta-feira, abril 23, 2008

Por linhas tortas...

Já aqui manifestei o meu apoio ao Tratado Simplificado (ou de Lisboa para quem gosta de folclore), mas a aprovação do Tratado sem consulta nos países em que houve referendos com resultados negativos ou em países em que foi prometido um referendo, como em Portugal, pode ter consequências negativas no futuro. Nestes países, os cidadãos poderão numa próxima ocasião exprimir um voto negativo de protesto que poderá ter consequências muito negativas para a União Europeia.

Como já aqui demonstrei, do ponto de vista matemático a realização de referendos na totalidade dos 27 países da UE impossibilita praticamente a aprovação do Tratado, mesmo quando o voto no SIM é largamente superior ao NÃO se somarmos os votos de todos os países, tal como aconteceu com o Tratado Constitucional. Por isso, em parte, a vitimização de alguns que defendem 27 referendos é muito pouco séria. A UE precisa de aprovar os seus tratados através de uma eleição única que decorra em simultâneo em todos os países, essa é a fórmula que mais se aproxima da verdadeira vontade do conjunto dos europeus. Para isso, alguns países deverão alterar a sua constituição. É chato, mas não é impossível, e é sobretudo muito mais democrático.

Petição Reserva Ecológica Nacional

Certamente movido por apetites de grupos de pressão ligados à construção civil, o governo prepara-se para apresentar um diploma para passar as competências da delimitação da Reserva Ecológica Nacional do Ministério do Ambiente para os Municípios. Estão mesmo a ver o que vai acontecer não estão?
Há já uma petição em linha contra o diploma que o governo pretende apresentar.

segunda-feira, abril 21, 2008

A fé na desregulação, aprendendo com a ENRON

Em desespero, os mais puristas ultraliberais vêm-nos dizer que a actual crise financeira resulta de uma insuficiente desregulação dos mercados, segundo os mesmos é preciso desregular ainda mais para tudo funcionar na perfeição. Para interpretar este e outro folclore da crise actual nada melhor do que aprender com o escândalo ENRON.

Depois do falhanço rotundo da desregulação do mercado da energia, implementado na Califórnia a pedido da ENRON, serviu de desculpa exactamente a mesma argumentação purista que ouvimos agora. A desregulação não tinha ido suficientemente longe, segundo a empresa e por isso tudo falhou. No entanto, na altura a cidade que foi mais longe no processo de desregulação, San Diego, viu os preços da energia duplicarem em apenas 3 meses. Houve escolas e empresas que ficaram sem ar condicionado e que eram obrigadas a fechar ao pôr-do-sol porque não podiam pagar as facturas da electricidade. Alguns meses depois, em Janeiro de 2001, numa sondagem organizada pelo San Francisco Chronicle, 92% dos Californianos manifestaram-se contra a desregulação do mercado da energia. Mas, o mais interessante, foi a reacção dos mais puristas da desregulação. Como vingança, alguns dos quadros mais fanáticos da ENRON desencadearam deliberadamente uma série de manobras especulativas e de esquemas ilegais para contornar os escassos mecanismos legais que davam algum poder de controlo ao Estado da Califórnia. O efeito foi agravar ainda mais a situação da Califórnia e aumentar o ódio dos cidadãos em relação à desregulação. Ironicamente, a vingança acabou por arruinar ainda mais as teorias sobre o mercado que estes estavam a tentar provar.
Ler o cap XVII, "Gaming California", do livro "The smartest guys in the room".

sábado, abril 19, 2008

Os bancos que se seguem...

O RBS (Royal Bank of Scotland), o segundo maior banco europeu, e o Citibank, o maior banco americano, são os bancos que se seguem no anúncio de pesados prejuízos resultantes da crise do crédito imobiliário nos EUA. Segundo o Financial Times, o RBS está prestes a anunciar um prejuízo de 5 mil milhões de euros. O Citibank anunciou ontem um prejuízo de cerca de 3,2 mil milhões de euros.

quinta-feira, abril 17, 2008

O Circo Europa de Sarkozy e de Berlusconi

Na passada segunda-feira imaginei o circo que vão ser os Conselhos Europeus com Sarkozy e Berlusconi, pelos vistos não fui o único a ter essa inquietação. Ler o editorial de hoje do Courrier Internacional da autoria de Philippe Thureau-Dangin :

"A quoi va ressembler une Europe où siégeront à la fois Berlusconi et Sarkozy ? C’est ce que se demande, un peu inquiet, Die Zeit (vous trouverez l’article en page XXIV de notre cahier spécial consacré à la première année du président français). De fait, les Allemands se méfient des sautes d’humeur des deux hommes. Angela Merkel ne disait-elle pas, en aparté, de son ami Nicolas : “Tant qu’il est dans mon bureau, ça va. C’est quand il est loin que je ne le maîtrise plus…” ? La France va prendre pour six mois la présidence de l’Europe. Et ses vingt-six partenaires s’attendent à quelques surprises."

Maio de 68 no canal ARTE

O canal ARTE iniciou uma série de documentários, filmes e debates dedicada aos 40 anos do Maio de 68. A primeira noite temática, transmitida na passada terça, ofereceu a habitual qualidade ARTE: dois documentários sobre algumas utopias delirantes, outro documentário que percorria 1967, 1968 e 1969 de uma forma seca mas com os pés mais assentes na Terra e um interessante debate entre Philipe Val, o editor do Charlie Hebdo e Bettina Röhl, filha de um casal de terroristas alemães de extrema-esquerda.

segunda-feira, abril 14, 2008

O próximo Conselho Europeu vai ser um circo

Imaginem o próximo Conselho Europeu com Berlusconi e Sarkozy juntos, ensemble, insieme, insieme, unite, unite, Europe, como rezava a música de Toto Cutugno. A competição pela migliore bugia ou pela meilleure cascade em frente aos jornalistas vai ser cerrada.

sábado, abril 12, 2008

A subida do preço dos cereais e os biocombustíveis

O meu artigo de hoje no portal Esquerda.net:

Desde há algumas semanas que têm ocorrido protestos em vários países do mundo - os casos mais violentos aconteceram nos Camarões, no Egipto e no Haiti - contra a subida dos preços dos produtos de primeira necessidade, em particular contra o preço dos cereais e dos seus derivados.

A subida de preço destes produtos resulta essencialmente da conjugação de três factores: 1) nos últimos dois anos o volume de colheitas agrícolas teve uma quebra acentuada (ver gráfico da FAO); 2) a China e a Índia estão a mudar os seus hábitos alimentares, estão a consumir mais carne sendo necessária maior quantidade cereais para a sua produção; 3) a percentagem relativa de solos dedicados à produção de biocombustíveis tem aumentado consideravelmente.

Na maior parte dos países desenvolvidos, os biocombustíveis foram adoptados inicialmente com boas intenções, com o intuito de substituir a utilização de combustíveis fósseis, dado que as emissões de dióxido de carbono associadas ao consumo de biocombustíveis são em média cerca de um terço mais baixas que as emissões dos resultantes da combustão e da produção dos combustíveis fósseis. A adopção deste tipo de políticas, supostamente ecológicas, teve como consequência um aumento exponencial da superfície de cultivo de cereais dedicada à produção de biocombustíveis dado que na perspectiva dos agricultores é muito mais rentável vender a sua produção para biocombustíveis do que para a alimentação. No caso dos países mais pobres isso significa vender quase toda sua produção para o consumo dos países mais ricos. Em certos países o furor para aumentar a superfície de cultivo dedicada aos biocombustíveis teve como consequência o abate de extensas áreas de floresta, o exemplo mais dramático é o caso do Brasil.

Embora os biocombustíveis não sejam os únicos responsáveis pela recente escassez mundial de alimentos - o número de pessoas com fome no mundo aumentou pela primeira vez em décadas - o aumento da sua produção tem sem dúvida uma significativa quota-parte de responsabilidade no actual cenário de escassez alimentar. As vantagens dos biocombustíveis para a resolução do problema do aquecimento global não são significativas e sobretudo contribuem muito pouco para a mudança de comportamentos. Os biocombustíveis permitem ao cidadão dos países desenvolvidos continuar a utilizar o automóvel, reduzindo em apenas um terço as suas emissões, mas ao preço de o seu veículo estar a competir com a alimentação de base dos países mais pobres.

Contudo, espera-se que uma segunda geração de tecnologia de biocombustíveis mais eficiente, que transformará em etanol os restos de matéria orgânica actualmente não utilizados nas plantações, faça a sua aparição comercial daqui a cerca de 5 anos.

quinta-feira, abril 10, 2008

Bancos reconhecem culpas na crise mundial

Ler no Financial Times. Destaco:
"The Institute of International Finance, meanwhile, representing more than 375 of the world’s largest financial companies, acknowledged “major points of weaknesses in business practices”, including bankers’ pay and the management of risk"

including bankers’ pay
Em Portugal, país iluminado, acha-se que não, que os exagerados salários dos quadros no sector privado, banca incluída, não são um problema, apesar de termos a mais baixa produtividade da Europa dos 15. Deste modo, estamos a desacoplar os salários dos quadros das empresas da produtividade, o que significa premiar apenas o estatuto, a poltrona, independentemente de mexerem ou não a bunda da poltrona. Enfim coisas típicas do terceiro-mundo.

quarta-feira, abril 09, 2008

Tecnologia espacial em casa e na cidade

Frequentemente, quando explico a alguém que trabalho na área da astronomia, astrofísica e espaço, sou confrontado com questões do tipo: "Mas isso serve para alguma coisa?" ou "vocês gastam tanto dinheiro e quais são os benefícios para o contribuinte?".
Respondendo a estas e a muitas outras questões, a NASA criou um excelente sítio de divulgação das principais tecnologias utilizadas regularmente nas nossas casas e cidades que tiveram origem no trabalho de investigação espacial. A lista é longa e muito interessante.

segunda-feira, abril 07, 2008

Remodelação da Ciel & Espace

A revista Ciel & Espace foi remodelada, segundo as palavras do editor, para que a publicação se possa adaptar aos novos tempos marcados pela velocidade da internet. A revista sofreu uma remodelação gráfica, mas as novidades mais significativas foram a remodelação do sítio internet, agora com notícias diárias e funcionalidades multimédia (fotos, radio, etc.), e a celebração de um novo partenariado com a revista americana Sky and Telescope.

Leituras 68

40 anos depois, as livrarias francesas fervilham de livros sobre o Maio de 68. Destaco:

Mai 68 com prefácio da autoria de Cohn-Bendit
Mai 68 expliqué à Nicolas Sarkozy de André e Raphael Gluksmann
Forget 68
de Daniel Cohn-Bendit
Mai de 68, le pavé

como já sei que não posso ter mais olhos que barriga, vou-me atirar assim que puder ao Forget 68 do Bendit.

sexta-feira, abril 04, 2008

Supositórios contra o voyeurismo e a falta de memória

"Toda a gente na comunicação social sabe que não deve entrevistar uma criança que foi vítima de um pedófilo (como o de Loures), mas entrevista; toda a gente sabe que não deve repetir à exaustão as imagens do vídeo do telemóvel, mas repete; toda a gente sabe que não deve ir para as portas do Carolina Michaelis entrevistar alunos menores sobre o que se passou, mas vai; toda a gente sabe tudo, mas faz de conta que não sabe."
Pacheco Pereira no Abrupto


E ler o artigo todo da Joana Amaral Dias, "Vá lá. Juizinho", publicado no semário Sexta de 28 de Março. Destaco:
"Entre a fisga do Tom Sawyer e o telemóvel existem mais semelhanças que diferenças. Há uns anos, quando os opinadores eram alunos, participavam nas réplicas do Maio de 68 exigindo o fim da escola, berrando «proibido proibir» e sonhando com bombas pelas escadarias. Basta ver o La Chinoise, do Godard, para lhes tirar a pinta. Depois, havia quem entrasse na aula pela janela. Retalhavam-se os pneus dos carros dos professores, arranjava-se droga nos pátios e destruía-se o mobiliário escolar «pró gozo». Hoje, os seus filhos, os filhos dos revolucionários, devem estar quietinhos e caladinhos."

quarta-feira, abril 02, 2008

Breves do Universo

As últimas semanas foram profícuas para a astronomia e a astrofísica. O Hubble, os nossos olhos no espaço, viu as primeiras moléculas orgânicas num planeta de outro sistema solar (representação artística ao lado, fonte ESA) e os primeiros instantes de uma supernova numa galáxia de espiral. A sonda Cassini alertou-nos para a possível existência de um oceano subterrâneo em Titã.