Foi o tema do meu
artigo deste fim-de-semana no portal Esquerda.net:
Hoje, os utilizadores europeus de sistemas de navegação não têm outra alternativa para além do uso de sistemas de satélites controlados por hierarquias militares de países terceiros. Os responsáveis militares do sistema americano GPS e do sistema russo GLONASS não dão qualquer garantia de serviço ininterrupto aos seus clientes europeus. Dada a banalização actual do uso de sistemas de navegação por satélite, se o sinal proveniente destes sistemas fosse desligado, numerosos navios e aeronaves poderiam correr sérios riscos ao voltar a operar com os sistemas de navegação tradicionais. Tal cenário colocaria em perigo vidas humanas e perturbaria fortemente a eficiência do fluxo de mercadorias e de pessoas através das redes europeias de transporte.
De forma a garantir a segurança e a eficiência dos transportes europeus, a União Europeia decidiu implementar o seu próprio sistema de navegação, o
sistema Galileo. O Galileo será o sistema de navegação civil mais preciso, com uma precisão da ordem do metro. Este sistema de navegação será também o mais seguro, o mais imune a anomalias e transmitirá em poucos segundos um alerta aos seus clientes caso ocorra uma anomalia num dos seus satélites, melhorando a segurança da circulação automóvel, composições ferroviárias e sobretudo a segurança de aviões em fase de aterragem.
Este fim-de-semana, às 23:16 de sábado é lançado o
GIOVE-B, o segundo satélite de teste do programa Galileo. O GIOVE-B transporta dois relógios atómicos de rubídio com uma estabilidade de 10 nanossegundos por dia, tal como o primeiro satélite de teste
GIOVE-A. No entanto, a grande novidade do GIOVE-B é o envio para o espaço de um relógio PHM (Passive Hydrogen Maser) com uma estabilidade de 1 nanossegundo por dia, que será o primeiro relógio deste tipo a funcionar no espaço. Os relógios principais previstos para coordenar a constelação final dos satélites Galileo serão dois PHM e dois relógios de rubídio de reserva no caso de falha dos PHM. O GIOVE-B também transportará um detector de radiação para estudar o ambiente espacial à altitude de voo dos satélites da constelação Galileo e terá como missão adicional garantir a manutenção das frequências de transmissão do sistema Galileo.
Seguir-se-ão lançamentos de novos satélites do programa Galileo, estando previsto o lançamento de quatro satélites que terão a missão de validar o funcionamento do sistema em órbita e nas estações terrestres em 2010. Só depois de efectuada esta validação serão lançados os restantes satélites da constelação Galileo, num total de 30 até 2013.