quarta-feira, outubro 31, 2007

Aloha!

- Meia volta ao mundo para participar numa conferência, são luxos pouco compatíveis com a problemática ambiental. A generalização da videoconferência deveria limitar o número de deslocações de conferencistas, a emissão de CO2 e o desperdício de recursos. Ainda não estamos nesse ponto.

- Primeira impressão de Honolulu: os fotógrafos havaianos são excelentes. A selva de betão, a manhosice da construção dos hotéis "de sonho" e os condomínios que cortam o acesso directo à praia são brilhantemente disfarçados nas fotos turísticas.

- A fruta é exótica, sabe mesmo a fruta, e o peixe é fresquíssimo, a comida-brinquedo da metrópole ainda não se conseguiu impor aqui.

sábado, outubro 27, 2007

A Klepsýdra muda de águas

Dentro de algumas horas a Klepsýdra vai começar a registar o tempo com a água salgada lá do meio do Pacífico Norte, aí mesmo onde estão a pensar. Não vai propriamente de férias, mas os caros leitores podem sempre apresentar-se de prancha! ;)

sexta-feira, outubro 26, 2007

A China vai à Lua

A China iniciou o seu programa lunar com o lançamento do satélite Chang’e-1. O objectivo é fazer aterrar um rover na superfície lunar lá para 2020. Através dos emails que vou trocando com os meus colaboradores chineses sente-se aquele arrepio na espinha, a emoção de que o seu trabalho pode trazer de volta a China aos grandes acontecimentos da história, mas desta vez pelos bons motivos.

Conversas com o meu jardineiro



"Conversas com o meu jardineiro" de Jean Becker, baseado no romance homónimo de Henri Cueco, é um delicioso filme sobre os prazeres e as maleitas da vida. Dois colegas de infância encontram-se alguns decénios mais tarde, na velha aldeia onde frequentaram juntos a escola primária. Dupinceau (Daniel Auteil), filho de boas famílias, tem um percurso escolar sem falhas que o leva até às belas artes, acabando por fazer carreira na pintura. Léo (ou Dujardin), filho de modesta família, abandona a escola, levando uma pacata vida de operário cheia de rotinas e de rígidos rituais. A vida de Dupinceau contrasta com a do seu ex-colega de escola, exibindo um comportamento afectivo caótico, indisciplina e indiferença perante as coisas simples da vida, como o seu jardim. O reencontro entre os dois proporciona-lhes deliciosos momentos de nostalgia, intercalados por momentos de conflito entre as duas formas substancialmente diversas de encarar a vida. Este conflito, que vai evoluindo de uma forma interessante ao longo do filme, alimenta deliciosamente uma narrativa simples, mas intensa.

Duas boas interpretações, as de Daniel Auteuil e de Jean-Pierre Darroussin, num filme cuja principal virtude é a simplicidade. "Conversas com o meu jardineiro" prova como é possível fazer um filme de grande qualidade sem necessidade de se recorrer a grandes orçamentos.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Dawkins explica o darwinismo aos neocons e às criancinhas

"The argument from improbability states that complex things could not have come about by chance. But many people define 'come about by chance' as a synonym for 'come about in the absence of deliberate design'. Not surprisingly, therefore, they think improbability is evidence of design (...) A deep understanding of Darwinism teaches us to be wary of the easy assumption that design is the only alternative to chance (...) Natural selection is a cumulative process which breaks the problem of improbability up into small pieces. Each of the small pieces is slightly improbable, but not prohibitively so. When large numbers of these slightly improbable events are stacked up in series, the end product of the accumulation is very very improbable indeed (...) The creationist completely misses the point because he insists on treating the genesis of statistical improbability as a single, one-off event. He doesn't understand the power of accumulation."
"The God Delusion", Richard Dawkins, Bantam Press, 2006, pag. 114 e 120.


Após este blá blá blá vazio sobre darwinismo tirei do baú das trapalhadas uma ilustração do texto de Dawkins:
"de acordo com o argumento [do desígnio], o mundo natural, em particular o mundo biológico, apresenta uma ordenação que não pode ser explicada por mero acaso. Apresenta design. (...) A Teoria da Evolução não coloca em causa, por si só, o argumento do desígnio, isto porque, na ausência de outra explicação, o mistério da mudança teria igualmente que ser atribuido a um designer."
João Miranda a defender de cernelha o Desenho Inteligente/Criacionismo

terça-feira, outubro 23, 2007

Nem um europeísta aprecia o espectáculo

Já aqui escrevi várias vezes, defendo a adopção de um Tratado Constitucional para a UE, mas o espectáculo que nos tem sido proporcionado ultimamente pelos principais protagonistas das negociações é deprimente.

- A reflexão sobre as derrotas nos referendos holandês e francês foi esquecida (inclusivamente a questão matemática que já aqui expus);
- A abertura de um período de debate na UE aproximando-a aos cidadãos foi só retórica;
- Passar por cima dos NÃO através de votos parlamentares, só vai aumentar a desconfiança contra a UE e a vitimização dos anti-europeístas (Pacheco Pereira é um conhecido exemplo destes últimos);
- Prometer referendos e não os fazer, produz o mesmo efeito referido no ponto anterior;
- Considero infantil alguém congratular-se efusivamente por um tratado se chamar Tratado de Lisboa;
- A organização da Presidência Portuguesa tem sido péssima, coisa que tem tido pouco falado nos media nacionais.

domingo, outubro 21, 2007

João Miranda enterra-se ainda mais, agora o IPCC

"o feito [90% de probabilidades de a subida na temperatura] que José Manuel Fernandes atribui ao IPCC é impossível. Não existe nenhuma teoria científica que permita sustentar a atribuição de probabilidades à origem do aquecimento global. O aquecimento global é um processo deterministico, não é um processo aleatório. Aquele valor de probabilidade mede apenas o grau de confiança que o IPCC tem nas suas conclusões. Reflecte uma opinião do IPCC sobre o seu próprio trabalho. Mas ainda assim uma opinião." João Miranda



Se o João Miranda tivesse lido o relatório do IPCC poupava-nos de mais este chorrilho de disparates. A conclusão do relatório do IPCC sobre a influência da actividade humana no aquecimento global é caracterizada e quantificada de uma forma muito clara:

"The understanding of anthropogenic warming and cooling influences on climate has improved since the TAR, leading to very high confidence that the global average net effect of human activities since 1750 has been one of warming, with a radiative forcing of +1.6 [+0.6 to +2.4] W m–2."
"Summary for Policymakers", pag.3;
Figura TS5 (b) da pag.32 do "Technical Summary"

Nota:
Very high confidence: At least 9 out of 10 chance (> 90%), pag. 22 “Technical Summary”


O gráfico mostra de uma forma claríssima, com mais de 90% de probabilidade, que a radiação (em potência por metro quadrado) retida pelos gases de efeito de estufa emitidos pelo homem (antropogénicos) contribui para o aquecimento do planeta desde 1750. É este o resultado que está na origem da conclusão do IPCC acima referida. Quem investiga conhece a metodologia para se chegar a este tipo de resultado:

1- Os vários cientistas espalhados pelo planeta que trabalham em climatologia submetem a publicação trabalhos que são revistos pelos seus pares, onde se analisa até à equação a validade do trabalho. Os resultados publicados vêm acompanhados de barras de erro e incluem análises estatísticas que dão o grau de confiança no resultado.

2 – Afim de determinar o saldo entre a radiação que escapa e a que é retida pela atmosfera - para lá do mesmo saldo com origem em causas naturais - os investigadores compilam os resultados de todos os trabalhos que quantificam as contribuições de diferentes factores para o saldo de radiação que entra e sai através da atmosfera. Os erros associados a esses trabalhos são tratados através de diversos procedimentos estatísticos rigorosos. O mais básico é a formula de propagação dos erros, outro mais complexo mas mais comum é a formulação dos resultados pela significância (em sigmas) que exprime o grau de confiança no resultado, que pode ser expresso em probabilidades (o relatório do IPCC explica todos estes procedimentos).

3 – Obtém-se deste modo o resultado final de que a actividade humana desde 1750 está a contribuir para o aquecimento global, com um grau de confiança muito elevado, cuja probabilidade é superior a 90%, podendo-se exprimir esse aquecimento em potência absorvida média absorvida de 1,6 W.m-2.

João Miranda, um caso de arrogância e ignorância aguda
Percebemos todos que o João Miranda entrou em histeria bloguística após o anúncio do Nobel da Paz, estado esse que o fez estatelar-se ao comprido enquanto tentava vilipendiar Al Gore.

No entanto, o João Miranda cometeu erros ainda mais graves quando tentou vilipendiar o trabalho dos investigadores do IPCC, o trabalho de pessoas que fazem investigação a sério (não passam o tempo a investigar nos blogues) e que publicam continuamente artigos científicos avaliados pelos seus pares.
A interpretação do João Miranda sobre as conclusões do relatório do IPCC é errada em toda a linha e o pior é que os seus comentários revelam que o jornalista José Manuel Fernandes tem mais cuidado a analisar um assunto científico do que o João Miranda, que assina como investigador em biotecnologia. Pior ainda é que do seu texto se percebe perfeitamente que os conhecimentos do João Miranda sobre estatística são paupérrimos, que não está familiarizado com as técnicas de análise de propagação de erros ou como se pode exprimir resultados em função do grau de confiança. O lixo que escreveu este sábado no DN está embebido da mesma falta de rigor e dos mesmos equívocos encontrados no texto dedicado a JM Fernandes.

sexta-feira, outubro 19, 2007

A Desilusão de Deus

"A Desilusão de Deus" de Richard Dawkins não é apenas uma brilhante obra de divulgação científica, a obra de Dawkins é sobretudo uma obra oportuna do ponto de vista político. Numa época, em que o fundamentalismo religioso voltou a ganhar terreno, em particular através da progressão do islamismo no Médio Oriente e da ascensão ao poder nos EUA de uma das variantes mais fanáticas de protestantismo evangélico, Dawkins interpela-nos com toda a oportunidade sobre os perigos deste evidente retrocesso civilizacional.

Dawkins actualiza a reflexão científica sobre a existência de Deus através dos capítulos "A Hipótese da Existência de Deus" e "Argumentos para a Existência de Deus". A tendência humana para acreditar em entidades superiores ou espirituais é analisada no capítulo "Raízes da Religião" de uma forma muito interessante, do ponto de vista evolutivo da nossa espécie, tal como já o tinha feito Desmond Morris, embora as explicações não sejam totalmente coincidentes entre os dois autores. Ao longo do capítulo "Raízes da Moral", Dawkins desmonta a ideia que a moral só pode existir associada à religião. Através de múltiplos exemplos Dawkins recorda-nos que há mais de dois mil anos que as maiores atrocidades da nossa história têm sido perpetradas em nome de uma miríade de deuses. Neste capítulo Dawkins analisa o papel dos regimes laicos na pacificação da sociedade, sem deixar de caracterizar devidamente o estalinismo e o nazismo. Estaline como produto de um seminário católico e a espiritualidade maniqueísta de Hitler e a sua cumplicidade com o Vaticano.
A intolerância natural da religião é analisada por Dawkins, referindo-se este em particular à hostilidade à homossexualidade, ao modo de vida das sociedades mais abertas, à ciência e às religiões minoritárias. Apesar de Dawkins ser um aberto crítico das facções mais ortodoxas do judaísmo (tal como é crítico da Opus Dei, do catolicismo evangélico fundamentalista e do islamismo radical), Dawkins relembra-nos a história milenar da perseguição ao povo judeu, "os assassinos de Deus", como eram caracterizados.

Na minha opinião o melhor capítulo da obra é o capítulo dedicado à dificuldade que o cidadão comum tem em compreender os problemas cuja escala nos ultrapassa do ponto de vista espacial e do ponto de vista temporal. O muito grande ou muito pequeno, o Universo ou um quark não são conceitos intuitivos tendo em conta as nossas dimensões naturais e o espaço que cabe no nosso campo de visão. Os fenómenos naturais que duram alguns nanosegundos ou os milhares de milhões anos da vida de uma estrela dificilmente são assimilados pela maior parte das pessoas. Por exemplo, parte da dificuldade em compreender o fenómeno do aquecimento global tem origem no conflito entre a escala temporal facilmente intuitiva associada às recentes medições e a menos intuitiva escala temporal do ciclos de glaciações terrestres. A incompreensão da base científica associada a fenómenos cuja escala nos transcende são uma fonte abundante de espiritualismo e de sentimentos religiosos.

Outras passagens interessantes são o desmontar da infantilidade do Desenho Inteligente em poucas páginas, a análise ao negacionismo militante contra o darwinismo, a ciência moderna e o aquecimento global, bem como variadíssimas passagens deliciosas da bíblia onde se relatam genocídios, homicídios e abuso de mulheres e crianças em nome de Deus. Dawkins descreve ainda os evangelhos mais folclóricos, os que foram deixados de lado pelos últimos compiladores das escrituras, que descrevem Jesus Cristo em criança abusando dos seus poderes divinos como se fosse um mágico, ora transformando os seus colegas em cabras ora ajudando o seu pai nos trabalhos de carpintaria aumentando miraculosamente as dimensões das peças de madeira.

Livro Klepsýdra ***** (5 estrelas)

Principais ligações ateístas (e não só) fornecidas por Dawkins:
American Atheists
Atheist Alliance
Freedom From Religion Foundation
James Randi Educational Foundation

quinta-feira, outubro 18, 2007

Bernard-Henri Lévy no Esprits Libres



Hoje pelas 22:40 na TV5, Bernard-Henri Lévy (BHL) será o convidado de honra do excelente programa de literatura Esprits Libres. BHL apresentará o seu novo livro "Ce grand cadavre à la renverse" (Grasset), onde reflecte sobre a esquerda francesa e a esquerda europeia.

Confesso que já vi o programa, disponível na íntegra no sítio da TV5. O debate com BHL é como deve ser, acutilante, sem concessões, abrangendo uma variedade de assuntos que vão desde as recorrentes acusações à vida mundana do filósofo até à sofisticação da formulação teórica do que é uma política realmente de esquerda, passando por questões como o Darfur ou o racismo. BHL sai-se muito bem na minha opinião. O livro parece ser muito interessante. Mais mês menos mês aqui se comentará a última obra de BHL.

terça-feira, outubro 16, 2007

As asneiras do Rui Moura, do João Miranda e do Insurgente

É o que dá andar a fazer copy-past frenéticos de sites de pseudo-ciência sem ler com atenção e com rigor o que está escrito nos relatórios científicos ao compará-los com o filme do Al Gore. Não vi o filme, mas a análise a "Uma Verdade Inconveniente" fundamentada cientificamente por alguns dos melhores especialistas de climatologia pode ser lida aqui:

http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/10/convenient-untruths/

A conclusão:
"Overall, our verdict is that the 9 points are not "errors" at all (with possibly one unwise choice of tense on the island evacuation point). But behind each of these issues lies some fascinating, and in some cases worrying, scientific findings and we can only applaud the prospect that more classroom discussions of these subjects may occur because of this court case."

A análise dos 9 pontos é clara como a água para qualquer leigo, não deixa muito espaço às habituais fugas-para-a-frente negacionistas e mostra bem a deturpação deliberada da leitura que foi feita do acordão do juri inglês, do filme do Al Gore e das conclusões do IPCC. Leiam e comparem com o que foi martelado insistentemente pelo blogue negacionista do Rui Moura, pelo João Miranda (esta é muita gira) e pelo Insurgente.

A angústia do negacionista na hora do Nobel

O Nuno descreve e fundamenta devidamente a precipitação nos negacionistas do costume perante o anúncio do Nobel da Paz. Fomos bombardeados com mais um rol de asneiras e desta vez das grandes. Lá iremos, porque há disparates que são inadmissíveis para quem põe títulos à frente do nome.

Mundo de Aventuras XLIV


San Cristobal de las Casas, Chiapas, México, 2005

Mundo de Aventuras XLIII

segunda-feira, outubro 15, 2007

A superstição é imiscível com a ciência

É curioso ver o Insurgente tentar atirar-se a alguém evocando estar do lado da ciência, e é curioso por duas razões. Em primeiro lugar porque o Insurgente é um blogue que pisca o olho à superstição com muita facilidade e em segundo lugar porque em geral a ciência é apresentada pelo Insurgente de uma forma muito trapalhona.

A gama de superstições com que o Insurgente simpatiza vai desde a Nossa Senhora de Fátima ao Desenho Inteligente. Ora, a charlatanice do Desenho Inteligente é naturalmente rejeitada pelo Vaticano, quer isto dizer que é pecado um católico adorar o bezerro de ouro do desenho inteligente (1º e 2º mandamento, Êxodo 20.3 e 20.4). Tenham cuidado, o inferno espreita os pecadores! É sabido também que o Desenho Inteligente é uma fabricação de algumas seitas evangélicas americanas mais radicais. Se o Insurgente é um blogue de inspiração católica evangélica fundamentalista, retiro o que disse e ficamos perfeitamente esclarecidos.

Nas minhas esporádicas visitas ao Insurgente deparei-me com entradas sobre o problema do aquecimento global absolutamente trapalhonas. Confunde-se o que é global com o local, por exemplo um fenómeno climático local que não é estatisticamente significativo (nem na duração nem na frequência) é transformado em global (há resmas de entradas destas no Insurgente). É como se o caríssimo leitor chegasse à conclusão que não há aquecimento global porque abriu o frigorífico e ficou com frio… Esta outra entrada é de uma ignorância que dava chumbo na escola secundária. Nesta recorrem a um investigador do IPCC para fazer valer as suas ideias e nesta recorrem a um trapalhão para descredibilizar o IPCC. O Insurgente é assim, é uma trapalhada sem fim!

Há dois conceitos essenciais que o Insurgente tem que assimilar:

1) a ciência não é miscível com a superstição. Ou deixam a superstição de lado ou assumem-se definitivamente como um blogue de superstições e crendices, mas nesse caso é melhor deixarem de falar de ciência, porque perdem a toda credibilidade.
2) quando se faz referência à ciência deve-se ter o cuidado de recorrer a verdadeiro trabalho científico como o do IPCC e não andar à pesca de sítios Internet, de livros e de blogues que escrevem aquilo que querem ouvir. É que isso é muito fácil, a Internet é tão vasta que encontramos todas as barbaridades possíveis e imaginárias escritas com a maior das convicções em nome da ciência, mas isso não faz delas verdadeira ciência.

Os assassinos de Deus… lembram-se?

Os assassinos de Deus eram os judeus, segundo a Igreja Católica. E durante séculos foram assassinados muitos judeus (ex: massacre de 4 mil judeus em Lisboa em 1516) e muitos homens que nem judeus eram em nome desta acusação divina.
Leiam agora esta passagem do Insurgente:

"Um povo que foi também vítima de um século que quis, por momentos, matar Deus"

O Insurgente faz frequentemente uso deste léxico, mas com o cuidado de não derrapar para as velhas perseguições (a actual conjuntura não permite), usa-o para as novas perseguições, a matilha anda sedenta de sangue, por exemplo o lobby judeu é substituído pelo lobby gay, acusado e julgado sumariamente com a mesma convicção, o mesmo fanatismo e a mesma intolerância de outrora.

É paradoxal alguém ser acusado de matar algo que não existe, mais paradoxal é quando se mata os que são acusados de matar algo que não existe, é paradoxal mas foi um dos desportos preferidos da Igreja Católica durante séculos...

sexta-feira, outubro 12, 2007

IPCC

Aplauso para o árduo trabalho do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). Durante quase uma década, mais de 1000 investigadores do IPCC oriundos de 130 países diferentes levantaram-se todas as manhãs para dedicar todo o seu tempo de trabalho ao estudo do clima, longe dos holofotes e do mediatismo, para nos oferecer um rigorosíssimo relatório sobre as alterações do clima posteriormente revisto por cerca de 2500 dos melhores investigadores especialistas em climatologia. O Nobel é muito bem merecido.

Dá-me um certo gozo, admito
Não posso negar que esbocei um sorriso malandro quando li as reacções dos astrólogos de serviço da causa negacionista. Numa altura em que até Bush e Lomborg admitem o problema do aquecimento global, eles permanecem estóicos, firmes e hirtos a denunciar a conspiração mundial da ciência contra a sua ideologia. Requiescat in Pace.

Excelente reportagem sobre transgénicos



A France 2 produziu uma excelente reportagem sobre a problemática dos transgénicos. Sem piscar o olho a apoiantes ou a detractores, a reportagem busca a informação essencial: os benefícios e os riscos à luz das respostas que a ciência tem para oferecer (para ver a emissão integral clicar na linha: "Voir ou revoir cette émission en intégralité").
Curiosamente, esta reportagem mostra como a acção dos Eufémios foi excessivamente mediatizada em Portugal quando comparada com o activismo que se pratica no resto do mundo. Não quero com isto dizer que apoio este tipo de acções.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Como combater o tele-lixo

É simples. Basta memorizar (ou escrever num papelinho) a publicidade que passa durante os circo-jornais da TVI, da SIC generalista e da RTP e a publicidade que passa entre as telenovelas e os programas de variedades da vida real, depois quando for às compras, compre os produtos concorrentes das marcas que fazem publicidade à hora do tele-lixo.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Os Fantasmas de Goya



"Os Fantasmas de Goya" de Milos Forman é uma das raras obras cinematográficas que aborda o tema da Inquisição Espanhola (não muito diferente da portuguesa). Começamos por assistir a um processo de denúncia de uma jovem oriunda de uma família judia que não é mais do que a vingança de uma frustração afectiva de um bufo. Sem entrar em momentos de sadismo fácil o filme mostra a profunda violência da Inquisição, mesmo quando a tortura se resume à utilização de uma corda. A narrativa atravessa o período da ocupação da Espanha pelas tropas napoleónicas e a interrupção da Inquisição, mostrando como é fácil para os mais fanáticos saltar do dogmatismo religioso para o dogmatismo ideológico. Infelizmente a história da esquerda tem muito disto, e em parte ainda se reconhece aqui e ali tendências de esquerda que herdaram o "salto-mortal" do dogmatismo religioso para o dogmatismo ideológico.

É uma pena o filme ser falado em inglês, perde-se muito em ambiente histórico e na substância dos diálogos. Pior, só Bardem a falar inglês. A forma como aquele que é na minha opinião um dos melhores actores da actualidade se exprime no filme, faz-me lembrar um bolseiro espanhol perdido num campus universitário britânico.

terça-feira, outubro 09, 2007

Espionagem económica Americana na Europa

Este texto e este de Pacheco Pereira vitimizam de uma forma sumária os EUA em relação a supostas más práticas económicas da UE. Como gosto pouco que invertam a realidade, que contem histórias ao contrário, eis ALGUNS dos casos em que empresas europeias foram vítimas de espionagem económica e de concorrência por parte dos EUA e que provocaram prejuízo e desemprego na Europa (ver sub-cap. 10.7 do relatório sobre o sistema de espionagem americano ECHELON):

Airbus
Escuta de faxes e telefonemas (sob o pretexto de suspeição de suborno...) transmitidos às concorrentes norte-americanas Boeing e Mc-Donnell-Douglas tiveram como consequência um negócio de 6 mil milhões de dólares favorável às empresas americanas.

BASF
Roubo da descrição do processo de produção de matéria-prima do creme para a pele da firma BASF (cosméticos).

Ministério da Economia Alemão
Roubo de informações sobre produtos de alta tecnologia no Ministério da Economia

Enercon (Alemanha)
Fotografias de pormenores importantes de parque eólico de alta tecnologia (terminais e platinas) permite o seu patenteamento nos EUA que teve como consequência a suspensão de projectos de penetração da Enercon no mercado americano.

Thomson-Alcatel
Escutas das negociações para a instalação de um sistema de vigilância por radar da floresta tropical brasileira entre a empresa e o governo brasileiro. As informações foram transmitidas à Raytheon que entra na corrida e ganha o contrato com ajuda da pressão de Clinton sob o argumento da suspeita de suborno.


PS- Só me refiro aqui a práticas desleais em que o governo americano recorreu aos serviços secretos, pagos pelos contribuintes para praticar outro tipo actividades - isto passou-se antes do 11 de Setembro. Dou de barato as patifarias e ilegalidades puramente proteccionistas que os EUA têm feito à indústria automóvel europeia, à Airbus, à carne, ao aço, ao cinema, aos queijos, aos vinhos e a uma série de produtos alimentares que têm um aspecto, textura e sabor autêntico, muito diferente da comida de plástico americana. Tudo casos bem diferentes das ilegalidades praticadas (mas defendidas por Pacheco Pereira) por empresas americanas julgadas em tribunais europeus em que estas tiveram total acesso aos melhores advogados, a um julgamento imparcial e a recurso.

O Nobel da Física explicado

No Rerum Natura, Luís Alcácer explica o que é a magnetorresistência gigante, a descoberta que deu o Nobel da Física a Albert Fert e a Peter Grünberg.

Comentários sobre o tele-lixo

"A questão é que Pacheco Pereira não pode admitir que aquilo que ele defende (inexistência de televisões públicas, privatização dos media) é parte do problema que se debate e não a sua solução (não sou sectário para não reconhecer a existência de belíisimos canais privados)."
Sérgio

"A televisão pública em alguns aspectos tambem entra no choradinho,o "caso Esmeralda"tem dado aberturas de telejornais,directos,e dois programas do Prós e Contras.No caso "Meddie" não ficou atrás das privadas.Portanto quanto a tele-lixo é geral."
D. Almeida

"Admito,para mim,a gota de água foi aquela aberração chamada A bela e o mestre,com a profºa de "como colocar os talheres correctamente", a académica que plagia e o que nem português sabia falar ( precisava de uma lição dos mestres,estava na cara). Era sexista e foi cruel ouvir mulheres a confirmarem que o sexo feminino era realmente mais estupido,enquanto elogiavam os seios das burras.
Depois,a Floribella e a sua mensagem salazarista: não vale a pena ambicionar,nem desejar uma vida melhor,porque os ricos são infelizes. Infelizmente,a árvore falante esqueceu-se de dizer às criancinhas que os ricos,por terem dinheiro,podem resolver a sua tristeza no terapeuta.
A TV passa continuamente a mensagem que não se pode confiar no governo e de que a politica não é para nós.
Mesmo em termos desportivos,a ideologia de direita é notória: apenas são transmitidos,em canais abertos portugueses (não conheço o Sport TV,pelo q não posso comentar)desportos de massas,e apenas a vertente masculina,enquanto a Eurosport se esforça por divulgar todos os desportos,apostando há muito na transmissão de futebol feminino,etc."
Coralina (Ashton's Martinis)

segunda-feira, outubro 08, 2007

Um momento de profunda vergonha


Uma das bodegas que os EUA andam a espalhar pelo mundo, fruto do poder e do fanatismo dos católicos evangélicos amigos de G.W. Bush, é a infantilidade do criacionismo e do desenho inteligente. O Conselho da Europa votou favoravelmente um texto contra esse flagelo que ameaça a educação das crianças de alguns países europeus (a Polónia é o caso mais bicudo). Um dos nossos representantes, Mota Amaral, votou contra... (Via Esquerda Republicana)

A condescendência da direita com o salazarismo II

A excitação da extrema-direita que teve como resultado o ataque ao cimitério judeu e as ameaças à magistrada Cândida Vilar, foi fortemente catalizada pelas declarações recentes de Maria José Nogueira Pinto sobre Salazar e pela defesa trapalhona de Pacheco Pereira do hooligan Mário Machado. É no que dá brincar com o fogo...

domingo, outubro 07, 2007

Bernard-Henri Lévy lança debate sobre a esquerda

A revista Nouvel Observateur publica esta semana alguns excertos do novo livro de Bernard-Henri Lévy, "Ce Grand Cadavre à la Renverse" (Grasset) em que o autor lança o debate sobre o estado da esquerda francesa e da esquerda europeia. Lévy enuncia três grandes motivos para se ser de esquerda em França: o Maio de 68, a oposição a Vichy e a denuncia dos crimes do colonialismo. Lévy aponta o caminho da integração europeia como um objectivo fundamental da esquerda europeia criticando duramente as tendências de esquerda soberanistas e conservadoras.

A revista dedica ainda três páginas a um debate entre Lévy e Alain Finkielkraut e outras três ao comentário ao livro por sete figuras ligadas no passado ou no presente à esquerda francesa: Alexandre Adler, Alain Baidou, Olivier Besancenot, Caroline Fourest, Serge Klarsfeld, Michel Onfray e Vincent Peillon.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Venha o Roquefort Transgénico!

Este texto de Pacheco Pereira é um exemplar tratado da ideologia que tenta juntar todas as migalhas que pode para cultivar o anti-europeísmo, um anti-europeísmo que convive mal com o sucesso do Modelo Social Europeu (ainda por cima vem aí o novo filme do Michael Moore, UUUuuuuh!) e que sonha com uma versão do estado mínimo ilusoriamente inspirada nos EUA do Partido Republicano. Esta frase de Pacheco Pereira é um exemplo típico dessa ilusão:

" (...) os tenebrosos OGM servem de pretexto para proteger os agricultores principescamente subsidiados pela PAC da competição dos produtos agrícolas americanos"

Ora, se há agricultores principescamente subsidiados são os agricultores americanos e não são apenas subsidiados, são também protegidos e ajudados pela espionagem da NSA (ler cap.10 do relatório ECHELON) que muito contribuiu para a batota praticada por empresários e agricultores americanos contra a Europa, que causou prejuízo e desemprego de uma forma desleal na UE. Mas os estragos que a batota americana causaram - que foram bem piores do que pisar um hectare de milho - não preocupam Pacheco Pereira.
A insinuação de que a moratória sobre os OGM foi uma medida proteccionista da Europa, é um argumento infantil das corporações agrícolas americanas que só pensam no lucro, que se estão nas tintas para a segurança e que não percebem quase nada do que é a UE e da sua filosofia de introdução de novos produtos no mercado que se aplicam tanto aos OGM como aos produtos químicos fabricados na Europa: o princípio da precaução. Sobre este assunto já o americano Jeremy Rifkin, um profundo conhecedor da filosofia UE, foi bem claro:

"What the US didn't understand is that Europe's opposition to the introduction of GMO's was not just a political maneuver to gain a bargaining chip with the US on trade, but something far more important."
"The European Dream: How Europe’s Vision of the Future is Quietly Eclipsing the American Dream", Jeremy Rifkin, ed. Polity, 2004, pag. 321

No entanto, todos nos lembramos da ridícula interdição do queijo roquefort nos EUA, em parte sob o argumento de que se tratava de queijo estragado... Foi obviamente uma descarada reacção proteccionista americana contra um dos muitos produtos europeus proibidos nos EUA. Aliás é bem conhecida a interdição de um cidadão entrar nos EUA munido de alimentos. Mas esta medida também se enquadra numa filosofia de alienação dos cidadãos americanos muito cultivada pelos grupos de pressão da indústria alimentar americana, que tenta afastar os consumidores do verdadeiro aspecto, sabor e textura dos alimentos, oferecendo alimentos se parecem quase todos com brinquedos coloridos. Aliás a maior parte do queijo que se consome nos EUA não é verdadeiro queijo é aquilo que na UE é obrigatório rotular como emulsão láctea muito utilizada em alimentos congelados.

Concluo que Pacheco Pereira talvez ficasse mais satisfeito se importássemos dos EUA um roquefort transgénico esterilizado, embrulhado em papelinhos com histórias dos sobrinhos do Mickey (sobrinhos claro, não são filhos, porque os meninos americanos ficariam chocados se o Mickey e a Minie tivessem que copular para ter filhos).

quinta-feira, outubro 04, 2007

Beep Beep Sputnik

Há 50 anos a URSS colocou em órbita com sucesso o Suptnik (signfica: companheiro de estrada ou companheiro de viagem), o primeiro satélite artificial construído pelo homem. O Sputnik deu prova da sua presença emitindo intensos sinais numa gama de frequências compreendida entre os 20 e os 40 MHz (no limite entre a banda HF e a VHF), para que pudesse ser bem "ouvido" sempre que cruzasse o céu dos EUA. Apesar do óbvio objectivo simbólico de demonstração de superioridade tecnológica, o sinal emitido pelo Sputnik servia sobretudo para estudar a propagação de ondas rádio através das várias camadas da atmosfera, do espaço até à superfície terrestre. Neste sítio da NASA podemos ouvir o sinal emitido pelo Sputnik e gravado pelos americanos há 50 anos.

O Sputnik manteve-se em órbita durante três meses, acabando por se desintegrar ao entrar na atmosfera terrestre a 4 de Janeiro de 1958. Cerca de um mês depois, a 3 de Novembro a URSS lançou o Sputnik 2, desta vez com um passageiro a bordo: a cadela Laika. O programa Sputnik contabilizou algumas dezenas de missões não tripuladas, tendo sido lançado em 1997 pelos cosmonautas da MIR o Sputnik 40, uma réplica com 1/3 do tamanho do primeiro Sputnik construído por um grupo de estudantes de Kabardin-Balakarsk para comemorar os 40 do lançamento do primeiro Sputnik.

Iag Bari


Foto UEFA

Iag Bari, Iag Bari
Tu de mange me mo gi
Tu mudar me dui iaga
Ri co tuce incarman

Te maraman lasa
To dole ogesa
Te gule ustesa
Aptar me mo gi

S-ar celes s-ar diles
Li andar co gi roves
Sostar mandar mudares

Fanfare Ciocarlia

quarta-feira, outubro 03, 2007

A condescendência da direita com o tele-lixo

Exceptuando os canais estatais, a televisão portuguesa é de direita, reflecte um modelo e uma filosofia de direita que mesmo os próprios canais estatais têm uma forte tendência a copiar (sublinho a palavra copiar). Esse modelo de televisão segue a lógica do mercado, tudo é uma mercadoria e as regras aplicam-se por igual a toda a mercadoria, quer a mercadoria seja a Maria João Pires quer seja a Ronalda ou o Zé Cabra. Está ausente qualquer noção de serviço público, a noção é mais de servicinho, de servicinho aos patrocinadores claro! Já todos ouvimos a máxima da boca de Rangel, de Balsemão & companhia de que a televisão serve para "dar às pessoas o que elas querem ver". O problema é que na prática não é bem isso que se passa, na prática a televisão "dá às pessoas o que os patrocinadores querem que elas vejam".

O resultado desta filosofia é uma degradação completa do panorama televisivo dos canais que transmitem em sinal aberto. A SIC e a TVI já não estão com meias medidas, a dose servida é telenovela e futebol em contínuo em horário nobre. Os telejornais duram mais de uma hora para oferecer um pobre conteúdo informativo e um excesso de sensacionalismo. Treinos de futebol, histórias de faca e alguidar, todo o tipo de dramas que envolve criancinhas, jantaradas de clubes, de partidos e inúmeros directos inúteis onde entram reformados meio mirones meio testemunhas de não-sei-o-quê, que viram, viram não, ouviram ou disseram-lhes não-sei-o-quê, são o grosso do conteúdo informativo. Os telejornais sérios dos nossos parceiros europeus duram meia hora onde a informação do país e do mundo é mais desenvolvida, os directos são raríssmos, e os fait-divers e o desporto resumem-se aos 5 minutos finais. A excepção ao futebol e às telenovelas são os programas de variedades da vida real, em que jovens mais ou menos famosos coçam as virilhas durante horas a fio enquanto ganham rios de massa. São sem dúvida programas exemplares para os jovens do país com o pior nível educacional da Europa. Em horário nobre não há mais nada para oferecer para além disto...

Este é um modelo de televisão sem diversidade, de uma aridez cultural absoluta. Em todos os países da Europa há tele-lixo, mas em nenhum país os canais a emitir em sinal aberto oferecem tele-lixo na proporção em que nos é servida em Portugal. Na França, no Reino Unido, na Alemanha, os canais estatais e privados gratuitos transmitem reportagens, documentários, debates e divulgação científica em horário nobre, os cidadãos desses países estão minimamente informados sobre a política, a economia, a justiça, a ciência, o país e o mundo. No nosso país, os tele-dependentes sem hábitos de leitura e com um nível educacional sofrível já perderam o fio à meada nestas matérias, só com futebol e telenovelas não se vai lá, têm muita dificuldade em perceber os novos tempos.

Sendo Portugal um dos países onde mais se vê televisão considero lamentável a calma com que a direita deixou as coisas chegarem a este ponto. No entanto, a passada semana, todos concordaram com a atitude de Santana Lopes na SIC Notícias, mas quem é que tem compactuado com o problema por ele apontado? E não vale a pena dizer que o problema é das televisões e não da direita, porque Balsemão e ex-directores da TVI estiveram ou continuam muito ligados às altas esferas do PSD e do PP. Para cúmulo a grande cruzada televisiva da direita dos últimos tempos foi a censura do programa "Acontece" do canal 2. Conseguidos os objectivos, o tele-lixo foi ganhando espaço sem que a reacção da direita fosse proporcional à cruzada contra o "Acontece". Leiam o que os principais cronistas de direita escreveram contra o "Acontece" e comparem com o que se tem escrito sobre o tele-lixo, muitos deles chegam ao ponto de desculpabilizar e justificar esse tipo de programação. Um exemplo deste tipo de discurso é este texto de Pacheco Pereira que critica países onde a difusão cultural funciona muito bem e onde a cultura e o nível educacional dos cidadãos é elevadíssimo. No texto, o autor defende uma filmografia de entretenimento contra a filmografia de matriz mais cultural a que é dada prioridade na Europa. Dá o exemplo da Guerra das Estrelas, mas poderia ser o Harry Poter, ou um Walt Disney, que são no fundo os filmes que fazem parte do universo das escolhas dos consumidores de tele-lixo.

segunda-feira, outubro 01, 2007

O circo laranja

Ler o Luís Januário.
Ano 2007, vivemos num país pimba, numa república kitsch.

A nossa televisão é um circo! (comentários)

"Importa não esquecer que as televisões cedem à tentação dos directos e de certos directos porque sabem que isso engorda audiências, ou seja, engorda contratos publicitários. Como tal, embora lamentável, este episódio não surpreende porque o mercado (que também querem impôr aos sectores públicos) tem uma lógica própria que não é, necessariamente, coincidente com a qualidade de conteúdos."
Sérgio

"Não entendo o motivo que tem levado alguns comentadores a ir buscar o (triste) curriculum de Santana Lopes para "diminuir" a atitude que tomou na SIC. O que é que tem que ver o presidente do Sporting, o comentador desportivo, o concorrente à "cadeira do poder", o Primeiro Ministro trapalhão... O tipo teve a atitude que teve, agora, naquela entrevista, parabéns, adeus! Não ficou a ser pior nem melhor do que era."
Samuel, Cantigueiro