sexta-feira, fevereiro 29, 2008

No Vale de Elah



Entre os realizadores de Hollywood, o canadiano Paul Haggis é provavelmente o melhor realizador em exercício. As personagens dos filmes de Haggis têm densidade, têm nuance, não são estereotipadas, nem categóricas, nem infantis como é tão habitual no cinema de Hollywood. "No Vale de Elah" é apenas o segundo filme de Paul Haggis realizado para cinema. Depois desta obra e do premiado "Colisão", Haggis ainda não desiludiu e deixou a fasquia muito alta para o seu próximo filme.
Tommy Lee Jones interpreta, Hank Deerfield, o pai de um soldado americano que foi assassinado após o seu regresso do Iraque. Deerfield é um veterano de guerra, familiar com o meio militar, que ajudado pela detective Emily Sanders (Charlize Theron) vai reconstruir parte do percurso do seu filho no Iraque e nas suas desventuras nos EUA, já depois do seu regresso. Esta obra mostra o lado chocante da fase de ocupação do Iraque, mostra jovens que largaram as consolas e os jogos de computador há pouco tempo e se encontram num terreno hostil com as mesmas armas, os mesmos veículos, os mesmos objectos, só que desta vez são reais, ferem, matam e mutilam. O cenário dos jogos mistura-se com o real, os telemóveis registam imagens cruéis que depois vistas à posteriori, já arrancadas do seu contexto real, passam a ser banais. A alienação e uma certa infantilidade dos soldados é muito bem caracterizada por Haggis e contrastam com a formação militar de Deerfield. Fica a sensação que esta guerra é feita, mais do que em outras ocasiões, por rapazitos imaturos, contudo mais arrogantes e em posse de armas muito mais eficazes.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Estrelas de Klepcinema

As estrelas Klepcinema de 2007:

No Vale de Elah (Paul Haggis) ****
O Escafandro e a Borboleta (Julian Schnabel) ****
A Guide to Recognizing Your Saints (Dito Montiel) ****
99 Francos (Jan Kounen) ****
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (Cristian Mungiu) ****
Conversas com o meu Jardineiro (Jean Becker) ****
Romance de Gare (Claude Lelouch) ****
Our Daily Bread (Nikolaus Geyrhalter) ****
Angel (François Ozon) ****
Michael Clayton (Tony Gilroy) ***
Le Serpent (Eric Barbier) ***
Jesus Camp (Heidi Ewing e Rachel Grady) ***
Izgnanie (Andrei Zvyagintsev) ***
Os Fantasmas de Goya (Milos Forman) ***
La Sconosciuta (Giuseppe Tornatore) ***
We Feed the World (Erwin Wagenhofer) ***
O Lado Selvagem (Sean Penn) ***
Não Digas a Ninguém (Guillaume Canet) ***
Inland Empire (David Lynch)***
Leões e Cordeiros (Robert Redford) ***
Este País não é para Velhos (Ethan e Joel Cohen) **
Zodiac (David Fincher) **
Promessas Perigosas (David Cronenberg) *
A Invasão (Oliver Hirschbiegel) *

Este ano não há cinco estrelas.
Como é habitual vão ser atribuidas as Klepsýdras de Ouro referentes a 2007. Lá para o final da semana o júri tornará pública a sua decisão.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Sobre o Carneirismo Atlantista

Assim que saiu no Expresso já tinha tentado sem sucesso encontrar uma ligação para este excelente texto da Ana Gomes, agora publicado na Aba da Causa. É um texto muito pertinente sobre esse atlantismo acrítico, um carneirismo que tudo aceita, que fecha os olhos Guantanamo, que reage com um encolher de ombros às provas falsas de armas de destruição em massa no Iraque. É por causa desse carneirismo atlantista, dessa forma acrítica de gerir a nossa política de alianças que sou a favor (provavelmente como a esmagadora maioria dos europeus) da nossa saída da NATO.

A Vigarice das Entradas

"O último hábito, o de impingir entradas nos restaurantes, é particularmente significativo. Só quem já foi ao restaurante com estrangeiros em Portugal (eu já fui muitas vezes) sabe como isto é confrangedor. Não se sabe se se lhes há-de explicar (e não os deixar à vontade) ou não dizer nada (e explicar no fim, quando vem a conta). A explicação para esta pequena vigarice ser tão generalizada é que ela traduz-se num lucro certo para o restaurante. Se o cliente for estrangeiro não sabe e é enganado (e dificilmente reclama num país estrangeiro onde nada funciona)."
Filipe Moura no Cinco Dias

Também eu Filipe, já passei por essas vergonhas na presença de estrangeiros. E quando eles me contam que foram a restaurante X e que foi caro não sabem porquê, eu a imaginar a parcela das entradas...
Só uma pequeno reparo Filipe, não confundas liberais com ultra-conservadores. ;)

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Um Cohen fraco e um Bardem pobre

Sou um fã dos irmãos Cohen (grande Barton Fink) e de Javier Bardem (excelente em Em Carne Viva, Às Segundas ao Sol e em Mar Adentro), por isso não perdi "Este país não é para velhos". A decepção foi grande. O filme de facto apresenta grandes momentos de verdadeiro cinema, excelentes enquadramentos, deliciosos diálogos cheios de ironia, acção e violência implícita que resulta bem melhor do que a explicita (poupa-nos a cena de tiroteio no deserto). Mas este filme, que chega a ter momentos empolgantes, mergulha em lado nenhum numa retórica de "moral da história" em estilo de velho cowboy, em diálogos que oscilam entre a resignação e o irritante categórico tão típico do mau cinema da hollywood e que culmina numa cena arrancada a ferros, de um aleatório exagerado, só para justificar a "moral da história".
Moral da história: 2 estrelas em 5.
A personagem de Bardem poderia ter sido interpretada por Schwarzenegger que não se perdia nada. Bardem, volta para Espanha por favor!

sábado, fevereiro 23, 2008

Ferrero Garden



Só para fazer inveja à malta em Portugal, aproveito a oportunidade para apresentar os novíssimos Ferro-Roché à venda em Itália, chamados Ferrero Garden. Nham, nham!

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Produtividade Baixa, Salários Altos e Pasmaceira

Um país que tem uma das taxas de produtividade mais baixas da UE, cujos os empresários apresentam as qualificações mais baixas e cujos salários são acima dos salários de empresários de países ricos, altamente qualificados, com taxas de produtividade das mais elevadas do mundo, este país, é um país pouco sério. Mas o pior, o que é mais deprimente, é uma parte da oposição, da oposição crítica, não dar importância ao facto, é ouvirmos uma Quadratura do Círculo onde são condenadas as palavras de Cavaco quando este advertiu que os rendimentos de altos dirigentes de empresas são "injustificados e desproporcionados, face aos salários médios dos seus trabalhadores". Que raio de país é este, que raio de oposição crítica é esta, que raio de sentido crítico é este?!

Vivemos centrados na oposição ao superficial, às gravatas e ao fato de Sócrates, aos cartazes da West Coast, à banalidade sobre o primeiro-ministro nos media e esquecemos questões importantíssimas, esquecemos os roubos gigantescos que passam através de paraísos fiscais, esquecemos o abandono escolar, esquecemos o baixíssimo nível educacional e pior que tudo, tapamos os olhos às disfuncões terríveis das nossas empresas, aos "rendimentos" desproporcionados. Esses "rendimentos" que não são pequenas percentagens, que não são limitados a um ou a outro empresário, que se estendem a uma boa fatia de quadros das empresas cotadas em bolsa, que são "rendimentos" vestidos de acções, de títulos, de bónus, de viagens e de contas bancárias e investimentos semi-informais.

Este estado de pasmaceira crítica em que vivemos teve o seu ponto alto nesta entrevista realizada pelo Expresso a António Barreto e a Pacheco Pereira (lá iremos). Aquela que deveria ser A análise crítica do ano, é um momento político deprimente em que os intervenientes se perdem nas inevitáveis banalidades sobre Sócrates. Dá vontade de sair do país, de deixar isto entregue à bicharada. Se esta oposição é representativa de uma parte da oposição crítica que temos, isto mete medo!

Bolonha dos sabores

Tortellini, tortelloni,
alla ricotta o al ragù,
Tortellini, tortelloni,
con zucca e senza zucca,
Tortellini, tortelloni,
a nadar de costas, crawl e bruços no prato.

Uma piscina, duas piscinas, três piscinas, no Mercatto delle Erbe,
cores, cheiros, mais cores e intensos cheiros,
beringela, rúcula, san giovese, pasta fresca,
tomate que sabe a tomate, azeite em garrafa escura e parmesão de 24 meses.
Os olhos já transmitiram o estímulo ao estômago...
Um Campari-laranja e buon appetito da Bologna!

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Eclipse Total da Lua



Aqui o horário em CET para ver o eclipse da próxima madrugada. Acima o mapa de visibilidade para os caríssimos leitores que estão espalhados pelo mundo.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Debate: Cultura e Coimbra



Um apelo a todos os conimbricenses que puderem comparecer a este debate sobre a cultura na nossa cidade. Uma cidade que alberga a melhor Universidade do país e que possui um tecido intelectual invejável na nossa pobre Lusitânia não pode contentar-se com uma vida cultural digna de uma aldeola alemã ou francesa. A Câmara Municipal tem culpa no impasse que vive a cidade, efectivamente a filosofia da cultura exclusivamente financiada por ricos, apresenta resultados miseráveis, praticamente nulos, e continua a excluir a periferia e a baixinha da cidade. Mas a massa intelectual de Coimbra tem que se consciencializar definitivamente que deverá ter mais iniciativa, iniciativa não só para denunciar a inacção do executivo de Carlos Encarnação, mas iniciativa para debatermos mais, com mais regularidade, para debatermos livros, filmes, política, ciência, arte, debatermos a cidade, o rio, os arredores e a região. Contem comigo para o que for possível.

A Nacionalização do Northern Rock

A nacionalização do Northern Rock é um acontecimento extraordinário, mais extraordinário ainda por ocorrer no país que alberga a maior praça financeira do mundo, num dos mais sagrados templos do ultraliberalismo. O que está a acontecer é uma heresia tão grande como vender coca-colas na sede do partido comunista da Coreia do Norte.
Esta crise económica até pode ser cíclica, mas está a revelar bizarrias que há muito não se viam e quando são públicas coisas bizarras e humilhantes na alta finança é porque o que se esconde provavelmente deve ser bem pior. É neste capítulo que a UE deveria intervir de uma forma importante para se determinar até onde é que o o casco do barco está podre, usando de todo o seu poder e influência, no Banco Mundial e na OMC, deixando de lado por uma vez o carneirismo atlantista.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

50 Anos de Conquista do Espaço

A Science&Vie lançou um número especial dedicado aos 50 história de exploração espacial, desde o Sputnik até aos dias de hoje. Esta edição apresenta um formato de grande revista que permite apreciar em todo o seu esplendor fotografias em grande formato, são 150 fotos, entre as quais variadíssimas fotografias do Universo tiradas pelo Hubble, as fotos dos primeiros cosmonautas russos, de Cabo Canaveral ou dos primeiros homens na Lua. Para os aficionados destas coisas é uma edição a não perder.

O Terrorismo Islâmico na Bósnia e no Kosovo

Vale a pena passar os olhos por esta obra de Jürgen Elsässer, numa semana em que a Administração Bush através do seu apoio cínico à independência do Kosovo conseguiu com sucesso fomentar mais uma dose de confusão na Europa. A obra de Elsässer descreve com rigor como a CIA esteve envolvida no recrutamento e no treino de grupos islâmicos que lutaram na Bósnia e no Kosovo e mostra a extensão da hipocrisia, da realpolitik de Washington, mostra como para os EUA há terroristas bons e há terroristas maus (tens toda a razão Daniel).
Mas... a grande ironia da investigação de Elsässer é a revelação que alguns dos operacionais que foram generosamente treinados pela CIA na Bósnia estiveram activamente envolvidos na preparação do 11 de Setembro. Será isto um gigantesco boomerang assente bem no meio da cabeça ou não, caro Pacheco Pereira?

domingo, fevereiro 17, 2008

Não há Pacheco Pereirismo Moderado

Assim que ouvi a notícia do pedido de perdão do governo australiano aos arborígenes, esperava a indignação de Pacheco Pereira, esperava um daqueles artigos amargos e esperava, obviamente, um texto cheio de referências obsessivas ao "politicamente correcto". O texto surgiu, não me enganei. Qualitativamente resume-se em três pontos:

1) Muito bem documentado sobre a história recente da Austrália;
2) Fraco e diria até escorregadio na sua conclusão política, na teoria do boomerang;
3) Radical na sua linha política.


Sobre o ponto 2), na conclusão do texto podemos ler:
"Há certas ideias que funcionam como o boomerang, a gente atira-as convencidos das nossas melhores intenções e elas voltam para nos bater na cabeça."

Sobre este caso não há um único indício no texto que fundamente que esteja eminente qualquer efeito boomerang na Austrália. Pior ainda, alguns de nós ainda se recordam certamente dos distúrbios racistas ocorridos em Cronulla em 2005. É certo que não ocorreram contra australianos arborígenes, mas ocorreram contra outros australianos, australianos "estrangeiros", quase arborígenes, quiçá entre eles alguns luso-descendentes. No entanto, em Cronulla o boomerang bateu mesmo. E em que cabeça bateu? Será que bateu ou não em todas as cabeças que defendem os pilares fundamentais da democracia?

Sobre o ponto 3) esta passagem do texto é bem ilustrativa:
"se tomarmos à letra o significado profundo destes pedidos de perdão pela História, ainda acabamos por dar razão à Al-Qaeda, que nos considera como "cruzados", logo um alvo a abater pelo novo Saladino"

Estamos no mesmo registo do "não há Islão moderado", bem denunciado pelo FNV do Mar Salgado. Estamos no registo de um mundo muito simples, de um mundo onde os maus e os bons são marcados a tinta fluorescente de cor diferente, onde não há Islão moderado, que no fundo é o mesmo tipo de mundo dos que consideram que todos os Israelitas são ortodoxos e gananciosos, todos os Mexicanos são malandros e que todos os negros são pouco inteligentes. É um mundo sem gente moderada, ou são bons ou são maus. E se por acaso alguns de nós, dos bons, brancos, católicos, ocidentais, tal como o Primeiro-Ministro australiano, adoptarmos um gesto de respeito (aqui trata-se apenas e só de respeito, ler "Sul Politically Correct", em "A Passo de Caranguejo" de Umberto Ecco) em favor de um dos que está marcado com tinta fluorescente de uma cor diferente da nossa, automaticamente "acabamos por dar razão à Al-Qaeda". Grande conclusão, uma conclusão moderada, sem dúvida moderada...

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

A Nacionalização da Alta Finança

Ainda em 2007 o FMI publicou um relatório em que os fundos soberanos eram estimados em cerca de 10 % dos activos controlados pelos investidores ou seja cerca de 53 biliões de dólares. A taxa de crescimento destes fundos no mercado internacional é estimada a cerca entre 800 e 900 mil milhões de dólares por ano. Em jeito de provocação, pode-se concluir que a sobrevivência do ultraliberalismo está a depender cada vez mais da sua nacionalização.
Ler artigo de Alexandre Kokcharov, Expert

Moeda de reserva Euro vs Dólar
Em 1997, mais de 80% das reservas de divisas do planeta eram em dólares. Em 2006 eram apenas 66,5% eram em dólares e no terceiro trimestre de 2007 cerca de 63,8%. No mesmo período o euro cresceu de 24,4% para 26,4% da proporção de reservas (ler mesmo artigo).

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Os Fundos Soberanos em Números

Ironia das ironias, os monstros sagrados do ultraliberalismo, a banca e as grandes instituições financeiras, estão a recorrer em massa aos fundos de investimento dos Estados (fundos soberanos) para salvar as pratas e as porcelanas. E os Estados a que recorrem não são Estados quaisquer, é cada um melhor que o outro, vejamos alguns exemplos:

Citigroup: 7,5 mil milhões de dólares (5,2 mil milhões de euros) da Abu Dhabi Investment + 6,8 mil milhões de dólares de Singapura;

Morgan Stanley: 5 mil milhões de dólares da China Investment Corporation (CIC);

Merrill Lynch: 5 mil milhões de dólares de Singapura + 6,5 mil milhões de dólares do Kuwait + 2 mil milhões de dólares do Korean Investment Corporation;

Bear Stearns: Mil milhões de dólares da CIC;

UBS: 10 mil milhões de dólares de Singapura.


Acho espantosa a relativa indiferença com que os nossos media têm tratado este assunto. A crise financeira internacional que atravessamos é gravíssima, também toca o nosso sistema financeiro, há gente a roubar à grande, ou a tentar esconder à pressa o que andou a roubar à grande durante anos e os nossos media continua focados em banalidades sobre a ASAE, banalidades sobre Sócrates, banalidades sobre se se pode fumar numa cabine telefónica ou no cu de Judas e, como sempre, focada sobre o pequeno delito, o roubo de bairro, a habitual histeria em frente ao microfone.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Hirsi Ali pede nacionalidade francesa

Hirsi Ali, que realizou com Theo Van Gogh o filme Submission, pediu a nacionalidade francesa após uma campanha de apoio em seu favor lançada por Carolin e Fourest e Bernard-Henri Lévy depois da sua expulsão da Holanda. A miserável vida de Hirsi Ali, em fuga constante das ameaças do islamismo radical, deveria envorgonhar a Europa, a Europa das liberdades. É em ocasiões como esta que um hipotético estatuto de cidadania europeia seria muito bem-vindo, poderia contribuir para resolver situações de profunda injustiça e de atentado às liberdades que notoriamente os estados individualmente são incapazes de resolver.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Acertar contas com Bush e os neocons

Excelente a crónica deste sábado do Nicolau Santos sobre as prestações dos presidentes Bush-pai, Bush-filho e Bill Clinton. Destaco as seguintes passagens que desmontam muitos dos mitos políticos que são criados por lá e engolidos inteirinhos por cá, sobre politica social e económica:

"Bill Clinton foi, de muito longe, melhor presidente que os Bush pai e filho. O crescimento nos oito anos em que viveu na Casa Branca foi, em média, de 3,7375% contra 2,275% de Bush filho durante um período idêntico e de 2,075% nos quatro anos que o pai Bush passou em Washington."

"...enquanto Clinton introduziu maior justiça na sociedade americana, criando os programas de saúde Medicare e Medicaid, Bush vai sair com um orçamento onde propõe cortes significativos nestes programas e um aumento das despesas familiares em 7,5%."

"...os neoconservadores que apoiaram George W. Bush estão confrontados com a sua herança: um país à beira da recessão, perdendo peso no contexto internacional para as novas potências emergentes, com um aumento substancial do fosso entre a minoria dos mais ricos e todos os outros, com uma enorme crise no sistema financeiro, como resultado do processo de desregulamentação que defenderam, com grandes bancos americanos a ter de aceitar a humilhante entrada de fundos soberanos de países asiáticos no seu capital para evitar a falência e com o dólar a perder posição, enquanto moeda da pagamento internacional, para o euro."

A Primeira Noite



"A Primeira Noite", realizado em 1967 Mike Nichols é um dos filmes que melhor representam o ambiente de contestação do flower power, da condenação da guerra do Vietname nos EUA e que culminou com o Maio de 68 em França. Todos os elementos fundamentais dessa que foi a revolução mais genuína e mais bem conseguida do século XX estão representados nesta obra de Nichols. A cisão com o autoritarismo, com a sociedade consumista de sorriso colgate e com o moralismo religioso é aqui representada através do percurso e das peripécias amorosas de Benjamin Braddock (Dustin Hoffman), um recém licenciado, após o encontro com Mrs. Robinson (essa mesmo, a do tema de Simon e Garfunkel). A mesma Mrs. Robinson que representa a hipocrisia moralista da época, lança Benjamin numa espiral de questões sobre o seu futuro, sobre a superficialidade da sociedade que o rodeia e que o enche de tédio. Apesar da forte componente política, "A Primeira Noite" é um filme romântico, no melhor do que o flower power teve para oferecer.
Dustin Hoffman tem nesta obra uma das suas mais interessantes interpretações, naquele que foi apenas o segundo filme da sua carreira.
É fortemente aconselhado o aluguer deste filme no vosso video-clube.

Mrs. Robinson

We'd like to know a little bit about you
for our files we'd like to help you to learn to
help yourself
look around you all
you see are sympathetic eyes stroll around the
grounds
untill you feel at home

and here's to you Mrs. Robinson
Jesus loves you more than you will know
god bless you please Mrs. Robinson
heaven holds a place for those who pray

hide it in a hideing place where no one ever goes
put it in your pantry with with your cupcakes
It's a little secret just the Robinsons' affair
most of all you got to hide it from the kids
and coo coo cachoo

Mrs. Robinson
Jesus loves you more than you will know
god bless you please Mrs. Robinson
heaven holds a place for those who pray

sitting on a sofa on a Sunday
afternoon going to the canidtaes debate laugh
about it shout about it when you got to choose
every way you look at it you loose
where have you gone Joe DiMaggio
a nation turns It's lonely eyes to you whats that
you say

Mrs. Robinson Joltin' Joe has left and gone away

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

O início da destruição da Costa Alentejana

Há anos que a destruição da Costa Alentejana estava anunciada, esta notícia do Público dá-nos a data do seu início.

O Bruno Sena sobre Sócrates

Abstraindo-me de polémicas frescas, concordo completamente com a análise a José Sócrates feita pelo Bruno, sobretudo com as seguintes passagens: "Para uma agenda ideológica em fundo falta-lhe ideologia" e "A presidência da União Europeia deixou perceber alguns sinais de deslumbramento infantil".

PS- Ainda gosto mais do texto do Bruno quando penso na abundante banalidade que se escreve sobre Sócrates. A mais engraçada é a acusação de que Sócrates controla os jornalistas, da parte de quem tem inúmeras tribunas nos jornais, na TV e está presente mais vezes nos media do que o próprio Primeiro Ministro.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Daily Motion, o you tube francês

Criado por uma empresa francesa, Daily Motion é um serviço muito similar ao You Tube. A grande diferença é a qualidade do seu conteúdo, tem menos palhaçada e mais assuntos sérios. Por exemplo, quem gosta de debates pode encontrar com facilidade alguns dos grandes clássicos do debate político francês, algo quase inexistente no You Tube.

sábado, fevereiro 02, 2008

Sábado em Coimbra XXXVIII: O Emanuel

O Emanuel é um ciganito romeno, talvez dos seus 10 anos,
O Emanuel costuma cravar-me na esplanada do Santa Cruz,
ele já sabe a resposta: "oh Emanuel tens que ir para a escola",
se fosse um dos outros miúdos ali da Baixa, mandava-me logo para o caralho.
Mas o Emanuel não, faz um ar triste, os pais destinaram-lhe a rua.

Diariamente, Carlos Encarnação, o Presidente da Câmara, passa por ali a pé,
não é cego, vê o Emanuel e outras crianças por ali a pedir.
Observo a sua cara de preocupado.
Para o Emanuel, a escola bem pode esperar...

Sábado em Coimbra XXXVII