Desde que a Administração Bush começou a planear a estratégia da democratização do Médio Oriente através da libertação do Iraque, as coisas não têm cessado de melhorar. Começou logo pela Turquia. O povo Turco certamente inspirado pela boa nova do aliado Americano elegeu um dos governos mais democráticos dos últimos anos. A seguir foi o Irão a dar o exemplo. A eleição desse grande democrata Mahmoud Ahmadnejad teve indubitavelmente a preciosa ajuda da nova estratégia de democratização do mundo. Esta semana coube a vez à Palestina escolher mais um campeão da democracia, do Hamas. Até a Arábia Saudita, o top da democracia do planeta, decidiu brincar às eleições, mas é tudo a brincar e a seguir fica tudo como era dantes, não se vá perder algum valor democrático.
Quando se discutiu a libertação do Iraque, muita gente que conhece o mundo avisou para o perigo da estratégia de democratização do Médio Oriente causar o efeito contrário. Na altura, tinha dois colegas libaneses no laboratório onde trabalhava que me diziam exactamente a mesma coisa. Mas, grandes comentadores (sem dúvida nenhuma conhecedores do Médio Oriente) logo ripostaram dizendo que os avisos eram muito pretenciosos, eram próprios de quem tinha a mania de que sabia como os árabes pensavam e que a realidade era outra. Eu calei-me logo, que a pretensão é um pecado semi-mortal. Hoje só lhes posso dar razão, de facto aquilo é que é democracia exemplar ali para os lados do Médio Oriente.
Andei à procura da definição de democracia
Encontrei-a aqui logo na primeira frase desta crónica do Abrupto. E confere. A frase diz-nos que em Portugal excepto aqueles três partidos (CDS, PSD e PS), todos os outros não são democráticos, o que vai do BE ao PPM. É exactamente esta a democracia dos partidos que governam o Irão e a Turquia. Os representantes desses partidos chegam a uma tribuna e proclamam "este, este e aquele partido são democráticos. Os outros não!".
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