Melhor Filme
"L'Enfer" de Danis Tanovic
Ler aqui comentário breve ao filme na rubrica Klepcinema.
Nota: "Colisão" (Crash) de Paul Haggis é de 2004, apesar de o considerar um filme 5 estrelas prefiro "L'Enfer".
Melhor Actriz
Isabelle Carré pelo filme "Entre ses Mains"
e Cécile De France pelo filme "As Bonecas Russas"
Melhor Actor
José Garcia pelos filmes "A Caixa Negra" e "Golpe a Golpe"
Melhor Ficção Científica
"A Ilha" de Michael Bay
Com menos espectacularidade seria um filme de ficção científica perfeito. A abundância de orçamento por vezes prejudica a imaginação. Para fazer uma versão de "A Ilha" cinco estrelas bastaria filmar a história toda na refinaria de Sines, um bigode postiço como adereço e uma sandes de chouriço e uma sumás de ananol para cada actor e figurante.
Melhor Filme Fantástico
"A Caixa Negra" de Richard Berry
Melhor Diálogo
"ENRON" de Alex Gibney
O diálogo escolhido não é um diálogo escrito pela produção, é "escrito" sim pela "mão invisível", trata-se de um diálogo real entre dois correctores da ENRON gravado durante escutas telefónicas à empresa. Neste diálogo entre duas gargalhadas os dois correctores da ENRON interrogam-se cinicamente sobre a moral do que estão a fazer, mas umas gargalhadas à frente em nome de milhares de dólares de lucro mandam cortar a electricidade numa central eléctrica da Califórnia, provocando um apagão que vai gerar acidentes, talvez mortes ou falências de empresas e o consequente desemprego.
Melhor Cena de Dança
"Entre ses Mains" de Anne Fontaine
A cena na discoteca em que Claire começa a transgredir sem se dar conta. A dança em si não é especial, o importante é que ao ver Laurent aproximar-se, Claire, até aí uma banal funcionária de uma companhia de seguros, transgride com a sua rotina diária e dança para Laurent com tudo o que isso significa.
Melhor Filme Político
"ENRON: The Smartest Guys in the Room" de Alex Gibney
Nota: "O Pesadelo de Darwin é de 2004"
quinta-feira, março 30, 2006
quarta-feira, março 29, 2006
Cinema: Klepsýdras de Ouro 2005 amanhã 12.00
A segunda edição das Klepsýdras de Ouro que recompensam o cinema realizado no ano de 2005 terá lugar amanhã ao meio-dia em ponto. Podem já começar a montar as tendas ao lado da passadeira de veludo azul, mas peço-vos por amor de Deus que não se empurrem, nem mandem papéis para o chão, senão tenho que soltar os dobermanns. As categorias a premiar são:
Melhor Filme
Melhor Actriz
Melhor Actor
Melhor Ficção Científica (não confundir com fricção)
Melhor Filme Fantástico
Melhor Diálogo
Melhor Cena de Dança
Melhor Filme Político
Vencedor de 2004
Melhor Filme
Melhor Actriz
Melhor Actor
Melhor Ficção Científica (não confundir com fricção)
Melhor Filme Fantástico
Melhor Diálogo
Melhor Cena de Dança
Melhor Filme Político
Vencedor de 2004
Eclipse parcial do Sol (~23%)
Esta manhã ocorrerá um eclipse parcial do Sol cujo máximo acontecerá cerca das 11 horas e cuja taxa de obscurecimento do Sol chegará aos 23% no Algarve.
Todas as informações sobre o eclipse aqui.
Todas as informações sobre o eclipse aqui.
terça-feira, março 28, 2006
O Aquecimento Global a caminho do pior cenário
Via Nuno do Aba de Heisenberg, as reportagens das revistas Science e Times onde os último resultados científicos mostram que os piores cenários do Aquecimento Global são hoje muito mais prováveis.
A Caixa Negra
"A Caixa Negra" do francês Richard Berry é o filme fantástico do ano de 2005. Trata-se de um grande filme cerebral e imprevisível, cuja narrativa é simples sendo complexa, cuja trama é serena e agitada, combinando a esquizofrenia com o filme negro. "A Caixa Negra" é a também a consagração de José Garcia como actor, depois de anos de filmes franceses de série B. José Garcia é Arthur Seligman, um sobrevivente de um acidente de automóvel que fica com graves problemas para gerir as suas memórias. "Sylvain Ganem", "RP 50" ou "le Texas n'existe pas" são algumas das frases, nomes e palavras que se fixam no consciente de Arthur Seligman como se este tivesse acesso aos sítios mais recônditos do seu cérebro; dito por outras palavras: como se Seligman tivesse acesso directo à sua caixa negra...
domingo, março 26, 2006
Ainda sobre as quotas de mulheres na política
Outra abordagem sobre as quotas de mulheres na política por Marina Costa Lobo no DN. Destaco a passagem:
"...uma quota para as mulheres no Parlamento não irá abrir necessariamente nenhuma caixa de Pandora (hoje as mulheres, amanhã os imigrantes, depois os homossexuais com quotas no Parlamento). É que as mulheres não são uma minoria. As mulheres existem em todos os grupos sociais e constituem metade da sociedade, portanto, a sua representação não significaria dar direitos a uns que se negam a outros."
"...uma quota para as mulheres no Parlamento não irá abrir necessariamente nenhuma caixa de Pandora (hoje as mulheres, amanhã os imigrantes, depois os homossexuais com quotas no Parlamento). É que as mulheres não são uma minoria. As mulheres existem em todos os grupos sociais e constituem metade da sociedade, portanto, a sua representação não significaria dar direitos a uns que se negam a outros."
sábado, março 25, 2006
Até nisto somos atrasados
A notícia de ontem do jornal Publico que dava conta que Portugal foi ultrapassado pela República Checa deixou-me completamente deprimido por duas razões. A primeira é pelo facto em si. A segunda razão é por esta notícia já ter sido dada há mais de dois meses na República Checa, como aqui escrevi no passado 22 de Janeiro. Os checos já debateram e já analisaram o assunto, e já partiram para outra. Por cá descobrimos agora a pólvora. O único consolo é que pelo menos os leitores da Klepsýdra já estavam informados há muito desta deprimente notícia.
quinta-feira, março 23, 2006
A banalização da guerra contra o terrorismo e a ETA
Ainda muito pode acontecer depois desta trégua decretada pela ETA, mas para já, por muito frágil que seja essa trégua, ficou demonstrado que a estratégia de Aznar foi falhanço quando este decidiu banalizar a expressão da "guerra contra o terrorismo" também contra a ETA, fazendo um aproveitamento político abusivo do 11 de Setembro, como se a Al-Qaeda e a ETA fossem organizações do mesmo cariz.
quarta-feira, março 22, 2006
North by Northwest
"North by Northwest", ou "Conspiração Internacional" em português, de Alfred Hitchcock é uma película de espionagem que aprecio particularmente pelo ambiente que transmite, visto conseguir combinar de uma forma quase perfeita alguma da tensão política e algum do charme característicos dos finais dos anos 50. Todos os detalhes são deliciosos, desde a apresentação inicial do filme, aos planos de filmagem ricos em profundidade de campo e elementos geométricos, onde abunda arquitectura inovadora e interessante da época e onde a cor e a luz ajudam a criar a atmosfera de mistério desta película. As próprias personagens são misteriosas, nunca sabemos bem em que tabuleiro jogam até quase ao final da história. "North by Northwest" passa-se numa América que já não existe, de pessoas elegantes, de gosto pela estética arquitectónica radical e onde se podia apreciar um prato de boa cozinha no restaurante de um comboio. A cena em que Cary Grant pede uma truta saumonière no restaurante do comboio, pôs-me pensar se isso hoje seria possível e lembrei-me do hambúrguer enfezado que me deram no meu último voo numa companhia aérea americana.
À atenção dos cinéfilos: aqui imagem da cena onde aparece Hitchcock.
À atenção dos cinéfilos: aqui imagem da cena onde aparece Hitchcock.
segunda-feira, março 20, 2006
Um exemplo de quotas masculinas: o pilómetro
A disputa e debate pela candidatura presidencial no seio do PSF fornece-nos um exemplo do ambiente político dominado pela mentalidade masculina mesmo num cenário de quotas e num partido que tradicionalmente respeita as mulheres que fazem política, como é o caso do PSF. Depois de ouvir e ler vários comentários sobre as candidaturas, registei uma análise tosca e tipicamente masculina que se começa a desenvolver, que é mais ou menos a seguinte: Ségolène Royal é a direita do PSF, Strauss-Kahn e Lang são o centro do PSF e Laurent Fabius é a esquerda do PSF. A melhor maneira de interpretar estes comentários é recorrendo ao universo da política do urinol.
Política do urinol ou o pilómetro:
Um fenómeno sobejamente estudado pela psicologia da sexualidade masculina é o trauma do urinol. Frequentemente, os homens que se deslocam a um urinol público para fazer o seu chichizinho deitam um olhar rápido e discreto à pila dos parceiros do lado com o único intuito de comparar o tamanho das pilas. Como a sexualidade dos homens é centrada sobre o pénis este fenómeno é absolutamente normal. O problema é que as ramificações do trauma da pila se estendem a muitas outras áreas, inclusivamente à política. Nos partidos de esquerda não existe nada melhor que substituir a competição do tamanho da pila pela competição do "tipo mais à esquerda". Por exemplo, a frase "eu sou mais à esquerda que fulano X" na esmagadora maioria dos casos significa: "eu tenho uma pila maior que a pila de fulano X". Assim sendo, o que a análise aos candidatos do PSF acima descrita realmente significa é:
- Ségolène Royal não tem pila, nem veste batas maoistas, nem corta o cabelo à condutora de tractores soviéticos, logo é a direita do PSF.
- Strauss-Kahn e Jack Lang são uns tipos com ar de ponderados e de estudiosos, logo ambos são o centro do PSF e têm a pila pequena!
- Laurent Fabius apoia (de uma forma oportunista) o PSF mais ruidoso, de linguagem mais agressiva e populista, logo é a esquerda do PSF e tem a pila grande!
Quando o ambiente político é dominado pelos homens este tipo de análises políticas sumárias e abjectas são muito comuns e no fundo são uma maneira de impor quotas masculinas de uma forma encapotada. É muito fácil para os homens de produzir um ambiente de quotas masculinas encapotadas, bastando para tal aumentar o volume e a agressividade dos discursos e fazer umas poses ameaçadoras.
Política do urinol ou o pilómetro:
Um fenómeno sobejamente estudado pela psicologia da sexualidade masculina é o trauma do urinol. Frequentemente, os homens que se deslocam a um urinol público para fazer o seu chichizinho deitam um olhar rápido e discreto à pila dos parceiros do lado com o único intuito de comparar o tamanho das pilas. Como a sexualidade dos homens é centrada sobre o pénis este fenómeno é absolutamente normal. O problema é que as ramificações do trauma da pila se estendem a muitas outras áreas, inclusivamente à política. Nos partidos de esquerda não existe nada melhor que substituir a competição do tamanho da pila pela competição do "tipo mais à esquerda". Por exemplo, a frase "eu sou mais à esquerda que fulano X" na esmagadora maioria dos casos significa: "eu tenho uma pila maior que a pila de fulano X". Assim sendo, o que a análise aos candidatos do PSF acima descrita realmente significa é:
- Ségolène Royal não tem pila, nem veste batas maoistas, nem corta o cabelo à condutora de tractores soviéticos, logo é a direita do PSF.
- Strauss-Kahn e Jack Lang são uns tipos com ar de ponderados e de estudiosos, logo ambos são o centro do PSF e têm a pila pequena!
- Laurent Fabius apoia (de uma forma oportunista) o PSF mais ruidoso, de linguagem mais agressiva e populista, logo é a esquerda do PSF e tem a pila grande!
Quando o ambiente político é dominado pelos homens este tipo de análises políticas sumárias e abjectas são muito comuns e no fundo são uma maneira de impor quotas masculinas de uma forma encapotada. É muito fácil para os homens de produzir um ambiente de quotas masculinas encapotadas, bastando para tal aumentar o volume e a agressividade dos discursos e fazer umas poses ameaçadoras.
domingo, março 19, 2006
Google Mars
Oportunamente, a Maura do Diário de Lisboa chamou-me a atenção para o novo Google Mars. Parece ficção científica, mas não é, trata-se de parte da superfície de Marte que foi cartografada pelas várias missões da NASA e da ESA.
Para quando o Google Universe?
Cá para mim, nesta altura até Deus já deve estar a temer o aparecimento aí de um Google Paradise ou coisa que o valha, onde será devidamente assinalada a tenebrosa árvore dos frutos proibidos.
Para quando o Google Universe?
Cá para mim, nesta altura até Deus já deve estar a temer o aparecimento aí de um Google Paradise ou coisa que o valha, onde será devidamente assinalada a tenebrosa árvore dos frutos proibidos.
sábado, março 18, 2006
Voz ao Islão moderno na ARTE
Soheib Bencheikh, investigador de ciências islâmicas e ex-mufti de Marselha, é o convidado do excelente Fórum dos Europeus do canal ARTE, hoje às 18.00. Frequentemente, os meios de comunicação em busca de sensacionalismo e de vendas fáceis acabam por atiçar os espíritos dando a voz aos representantes islâmicos mais radicais. A ARTE ao convidar Soheib Bencheikh faz o contrário e dá voz a um Islão moderno e moderado, coisa rara em televisão. Soheib Bencheikh já tinha brilhado no excelente debate sobre as caricaturas moderado por Cohn Bendit na ARTE. É imperativo ouvir Soheib Bencheikh sobre a importância das caricaturas na religião islâmica, que é quase nenhuma ao contrário do que se possa pensar. Segundo o investigador Soheib Bencheikh a interdição da representação de figuras humanas teve apenas importância no período em que Maomé pretendeu erradicar a idolatria de estatuetas e de figuras entre o seu povo. Depois desse período o Islão foi das poucas religiões em que a representação ícones e figuras se manteve praticamente residual até aos dias de hoje. Actualmente, só uma interpretação deturpada e mal intencionada do Islão pode atribuir um significado blasfematório às caricaturas, significado esse que elas de facto não possuem.
sexta-feira, março 17, 2006
Este fim-de-semana manifestarei contra:
- A ocupação e gestão desastrosa do Iraque por parte da coligação internacional liderada pela Administração Bush.
- A NATO. É de longe a organização menos democrática de que Portugal faz parte. Uma aliança faz-se entre aliados e na NATO existem países que praticamente já não têm aliados dentro da organização.
- O obscurantismo e o fascismo desse Islamismo que mata, destrói e inferniza a vida de milhões de pessoas e contra as alianças militares e petrolíferas entre a Administração Bush e os regimes islâmicos mais medievais e sanguinários, como a Arábia Saudita.
- O programa de espionagem ECHELON e seus derivados. A NSA continua a violar as liberdades e os direitos de cidadãos e de empresas de todo mundo, vasculhando informações políticas, pessoais e económicas através de um único critério: o proveito nacional político e económico.
Agenda de manifestações em todo o mundo: aqui.
- A NATO. É de longe a organização menos democrática de que Portugal faz parte. Uma aliança faz-se entre aliados e na NATO existem países que praticamente já não têm aliados dentro da organização.
- O obscurantismo e o fascismo desse Islamismo que mata, destrói e inferniza a vida de milhões de pessoas e contra as alianças militares e petrolíferas entre a Administração Bush e os regimes islâmicos mais medievais e sanguinários, como a Arábia Saudita.
- O programa de espionagem ECHELON e seus derivados. A NSA continua a violar as liberdades e os direitos de cidadãos e de empresas de todo mundo, vasculhando informações políticas, pessoais e económicas através de um único critério: o proveito nacional político e económico.
Agenda de manifestações em todo o mundo: aqui.
quarta-feira, março 15, 2006
Mais uma para a lista
Deeyah é uma cantora norueguesa muçulmana de pai paquistanês e mãe afegã cuja carreira musical - na onda de um pop misturado com hip-hop - tem conhecido algum sucesso. A carreira de Deeyah tem provocado a ira dos sectores mais conservadores da comunidade muçulmana por aparecer frequentemente com algumas partes do seu corpo desnudadas e mais recentemente por dançar com um negro num dos seus videoclips. Deeyah e a sua família têm sido alvo de insultos públicos constantes, aconteceram inclusivamente ataques ao palco durante alguns dos seus concertos, o que contribuíu em muito para que Deeyah se mudasse para o Reino Unido. Recentemente, já no Reino Unido durante a sua última digressão de espectáculos, Deeyah foi obrigada a contratar um corpo de guarda-costas pois começou a ser objecto de ameaças de morte da parte de muçulmanos extremistas.
Deeyah junta-se assim a Hirsi Ali, a Salman Rushdie e a muitos outros que estão na lista negra de um punhado de fascistas que decidiram deturpar a religião islâmica, transformando-a numa caricatura de mau gosto do Islão.
Deeyah junta-se assim a Hirsi Ali, a Salman Rushdie e a muitos outros que estão na lista negra de um punhado de fascistas que decidiram deturpar a religião islâmica, transformando-a numa caricatura de mau gosto do Islão.
terça-feira, março 14, 2006
Italiano para principiantes
"Italiano para principiantes" é uma deliciosa película dinamarquesa realizada por Lone Scherfig e é também o filme número 12 da Dogme 95 (ver entrada sobre "Festen"). Lone Scherfig propõe-nos uma interessante história de um conjunto de adultos que se reúne, sob o pretexto de um curso de italiano para principiantes, com o objectivo de conhecer indivíduos do sexo oposto. A narrativa é simples mas cada uma das relações que se estabelecem é complexa, e é aí que reside toda a piada deste filme. A hesitação, a dúvida, a timidez, a insegurança, a estupidez, a ousadia, o desejo e a angústia misturam-se de forma bem doseada, resultando num conjunto de jogos amorosos cujo o efeito é o de amplificar ainda mais a intensidade dos sentimentos de cada um. Em "Italiano para principiantes" não basta carregar num botão e salta logo uma mulher (ou homem) disponível para amar, é por isso que considero aquele engate a martelo de "Match Point" tão atroz. As personagens de "Italiano para principiantes" movem-se no melhor dos mundos, movem-se nas tortuosas dimensões dos preliminares e dos jogos de sedução.
segunda-feira, março 13, 2006
Comentários sobre a declaração contra o Islamismo
Comentários sobre a declaração de Ayaan Hirsi Ali, Chahla Chafiq, Caroline Fourest, Bernard-Henri Lévy, Irshad Manji, Mehdi Mozaffari, Maryam Namazie, Taslima Nasreen, Salman Rushdie, Antoine Sfeir, Philippe Val e Ibn Warraq:
"Subscrevo tudo excepto o trecho: "the world now faces a new totalitarian global threat: Islamism." Nao vejo que exista essa ameaca existencial; ainda menos me parece que possa ser equiparada em natureza, dimensao e perigo existencial com os casos do fascismo, do nazismo ou do estalinismo. E' que todas esses "movimentos" tiveram um forte suporte, tacito ou explicito, de parte significativa das populacoes do Ocidente. Nao e', de modo algum, o caso do dito Islamismo."
MP-S
"...não me parece que seja o mesmo tipo de ameaça, nem a mesma dimensão. Mas é uma ameaça à democracia. E já tem tido consequências como bem sabemos. Discutir o papel da superpotência no desenrolar disto tudo é um exercício interessante..."
Random
"Subscrevo tudo excepto o trecho: "the world now faces a new totalitarian global threat: Islamism." Nao vejo que exista essa ameaca existencial; ainda menos me parece que possa ser equiparada em natureza, dimensao e perigo existencial com os casos do fascismo, do nazismo ou do estalinismo. E' que todas esses "movimentos" tiveram um forte suporte, tacito ou explicito, de parte significativa das populacoes do Ocidente. Nao e', de modo algum, o caso do dito Islamismo."
MP-S
"...não me parece que seja o mesmo tipo de ameaça, nem a mesma dimensão. Mas é uma ameaça à democracia. E já tem tido consequências como bem sabemos. Discutir o papel da superpotência no desenrolar disto tudo é um exercício interessante..."
Random
domingo, março 12, 2006
Reacção previsível
Daqueles cujo passatempo preferido é tentar desacreditar todas as organizações internacionais (ONU, UE, TPI, etc.), excepto a NATO claro. Em Guantanamo aquilo é bem melhor que o TPI já se sabe...
sábado, março 11, 2006
Bernard-Henri Levy no Tout Le Monde en Parle (correcção)
Bernard-Henri Levy no Tout Le Monde en Parle, em Portugal passa na TV5 às 22.18 do próximo Sábado (e não este Domingo como aqui escrevi).
quinta-feira, março 09, 2006
A minha boa experiência da paridade
Quando estudei em França, participei numa lista às eleições municipais de Estrasburgo, a "100% à Gauche". Na altura já estava em vigor a paridade a 50%. A medida obrigou os políticos do costume a convidar mulheres de associações, de movimentos, de sectores da população que raramente se viam representados na política. A composição final da lista era muito heterogénea, partilharam-se experiências diversas e muito interessantes, debateram-se temas pouco habituais em política, o tom do debate foi mais racional e menos exaltado e praticamente não se falou de futebol.
As minhas experiências políticas sem quotas (ou de quotas baixas) em Portugal confirmam as vantagens que atribuo à paridade. Verifica-se que são os homens que continuam a controlar os partidos, estes convidam geralmente outros homens, geralmente amigos ou colegas de trabalho, fala-se de futebol e de gajas dentro e fora das reuniões, a potência dos decibéis, a agressividade da linguagem e a gesticulação ameaçadora continuam a ser critérios para designar um "bom político" e toda a panóplia de tiques machistas desde os tiques de engate até aos tiques de chefe de família continuam a ser utilizados na relação com as poucas mulheres que ainda têm paciência para suportar tudo o resto.
Não concordo nada com essa ideia peregrina de considerar uma "ofensa" as quotas para as mulheres na política. Portugal é objecto de discriminação positiva todos os dias por parte de organizações internacionais como a UE, a ESA ou o CERN, e não é por isso que nos sentimos ofendidos na nossa condição de portugueses. Sabemos perfeitamente que é uma forma mais rápida de atingir equilíbrios que são benéficos para todos, em vez de esperar duas ou três gerações para obter o mesmo resultado.
Depois de mais de 4000 anos de civilizações essencialmente guerreiras, em que a força física prevaleceu sobre a razão, em que os homens subjugaram as mulheres, ficam marcas profundas que não desaparecem de um dia para o outro. Há países que já percorreram uma boa parte do caminho, como a Suécia, mas em Portugal ainda há muita coisa a fazer. Obviamente que não defendo a paridade para sempre. Julgo que algum dia isto se há-de endireitar e nesse dia não será preciso estabelecer cotas de 1/3 ou outras para termos mulheres permanentemente bem representadas na política.
Ler: Laurindinha no Abrigo de Pastora
Ler: Joana Amaral Dias no Bicho Carpinteiro
As minhas experiências políticas sem quotas (ou de quotas baixas) em Portugal confirmam as vantagens que atribuo à paridade. Verifica-se que são os homens que continuam a controlar os partidos, estes convidam geralmente outros homens, geralmente amigos ou colegas de trabalho, fala-se de futebol e de gajas dentro e fora das reuniões, a potência dos decibéis, a agressividade da linguagem e a gesticulação ameaçadora continuam a ser critérios para designar um "bom político" e toda a panóplia de tiques machistas desde os tiques de engate até aos tiques de chefe de família continuam a ser utilizados na relação com as poucas mulheres que ainda têm paciência para suportar tudo o resto.
Não concordo nada com essa ideia peregrina de considerar uma "ofensa" as quotas para as mulheres na política. Portugal é objecto de discriminação positiva todos os dias por parte de organizações internacionais como a UE, a ESA ou o CERN, e não é por isso que nos sentimos ofendidos na nossa condição de portugueses. Sabemos perfeitamente que é uma forma mais rápida de atingir equilíbrios que são benéficos para todos, em vez de esperar duas ou três gerações para obter o mesmo resultado.
Depois de mais de 4000 anos de civilizações essencialmente guerreiras, em que a força física prevaleceu sobre a razão, em que os homens subjugaram as mulheres, ficam marcas profundas que não desaparecem de um dia para o outro. Há países que já percorreram uma boa parte do caminho, como a Suécia, mas em Portugal ainda há muita coisa a fazer. Obviamente que não defendo a paridade para sempre. Julgo que algum dia isto se há-de endireitar e nesse dia não será preciso estabelecer cotas de 1/3 ou outras para termos mulheres permanentemente bem representadas na política.
Ler: Laurindinha no Abrigo de Pastora
Ler: Joana Amaral Dias no Bicho Carpinteiro
quarta-feira, março 08, 2006
Festen
"Festen", filme Klepsýdra da semana, de Thomas Vinterberg é uma obra-prima dinamarquesa em formato vídeo que narra a história de uma festa organizada em honra do patriarca da família Klingelfeldt onde são revelados acontecimentos abomináveis do passado familiar. Essas revelações são feitas da pior maneira, são servidas a frio perante familiares e amigos, o que gera inicialmente uma indiferença mal contida transformando-se gradualmente em dor, vergonha e violência. O formato de vídeo casa perfeitamente com o dramatismo da história, o movimento da câmara acompanha os sobressaltos das personagens, o que poupa o filme de diálogos banais cujo o único intuito seja o de reforçar o drama. Os actores são de muito bom nível. Gosto particularmente de Ulrich Thomsen e Paprika Steen (uma das minhas actrizes preferidas).
"Festen" é o filme número 1 da Dogme 95 - movimento de produtores de cinema que decidiram estabelecer uma série de regras de produção (votos de castidade) em nome da criatividade cinematográfica, opondo-se àquilo que eles apelidam de umas "certas tendências" do cinema actual. Thomas Vinterberg e Lars von Trier são os dois fundadores da Dogme 95.
terça-feira, março 07, 2006
American Vertigo no Le Point
O Le Point de 2 de Março publica extractos do novo livro de Bernard-Henri Lévy, "American Vertigo", cuja edição francesa saiu esta semana. A não perder esta edição do Le Point que conta também com um debate Chomsky-Fukuyama sobre o estado das coisas nos EUA.
segunda-feira, março 06, 2006
Hirsi, Rushdie, BHL et al. contra o obscurantismo
«After having overcome fascism, Nazism, and Stalinism, the world now faces a new totalitarian global threat: Islamism. We, writers, journalists, intellectuals, call for resistance to religious totalitarianism and for the promotion of freedom, equal opportunity and secular values for all. The recent events, which occurred after the publication of drawings of Muhammed in European newspapers, have revealed the necessity of the struggle for these universal values. This struggle will not be won by arms, but in the ideological field. It is not a clash of civilisations nor an antagonism of West and East that we are witnessing, but a global struggle that confronts democrats and theocrats. Like all totalitarianisms, Islamism is nurtured by fears and frustrations. The hate preachers bet on these feelings in order to form battalions destined to impose a liberticidal and unegalitarian world. But we clearly and firmly state: nothing, not even despair, justifies the choice of obscurantism, totalitarianism and hatred. Islamism is a reactionary ideology which kills equality, freedom and secularism wherever it is present. Its success can only lead to a world of domination: man's domination of woman, the Islamists' domination of all the others. To counter this, we must assure universal rights to oppressed or discriminated people.We reject «cultural relativism», which consists in accepting that men and women of Muslim culture should be deprived of the right to equality, freedom and secular values in the name of respect for cultures and traditions. We refuse to renounce our critical spirit out of fear of being accused of "Islamophobia", an unfortunate concept which confuses criticism of Islam as a religion with stigmatisation of its believers.We plead for the universality of freedom of expression, so that a critical spirit may be exercised on all continents, against all abuses and all dogmas.We appeal to democrats and free spirits of all countries that our century should be one of Enlightenment, not of obscurantism.»
Ayaan Hirsi Ali, Chahla Chafiq, Caroline Fourest, Bernard-Henri Lévy, Irshad Manji, Mehdi Mozaffari, Maryam Namazie, Taslima Nasreen, Salman Rushdie, Antoine Sfeir, Philippe Val e Ibn Warraq, Charlie-Hebdo, 1 de Março de 2006. Via Esquerda Republicana.
Ayaan Hirsi Ali, Chahla Chafiq, Caroline Fourest, Bernard-Henri Lévy, Irshad Manji, Mehdi Mozaffari, Maryam Namazie, Taslima Nasreen, Salman Rushdie, Antoine Sfeir, Philippe Val e Ibn Warraq, Charlie-Hebdo, 1 de Março de 2006. Via Esquerda Republicana.
Polaróides
Auto-retrato com a preciosa ajuda dos fotões que escaparam à opacidade do meu corpo, algures em Ravenna, 2005
Polaróides são fotografias tiradas à queima roupa, com o que estiver à mão, uma Polaroid, uma digital de bolso, uma máquina descartável, um secador de cabelo e há falta de melhor até se tiram fotografias com um saca-rolhas.
domingo, março 05, 2006
As mulheres e o poder
"As mulheres e o poder" é o título da Soirée Thema do canal ARTE desta noite de domingo. Um dos documentários "Le voyage de Hillary sur la lune" conta a curiosa história da rejeição do pedido de Hilary Clinton para ser astronauta da NASA, quando era ainda criança, pelo simples facto de ela ser do sexo feminino e não por ela ser demasiado jovem ou por outro motivo ainda mais óbvio. A ARTE avança com alguns números sobre a participação das mulheres em algumas áreas de actividade. Reparem nos números relativos à actividade económica. É a mão invisível no seu esplendor...
sexta-feira, março 03, 2006
Mulheres contra o obscurantismo
Kenza Braiga e Olivia Cattan, ambas francesas mas oriundas de família muçulmana e judia respectivamente, publicam juntas "Deux femmes en colère" sob o lema: juive ou musulmane, citoyennes et libres. Apesar do livro criticar inicialmente alguns dos estereótipos em que se incorre quando se classificam os judeus ou os muçulmanos (portanto os Vascos P. Valente e os Miguéis S. Tavares do sítio), o propósito desta obra é o de denunciar as derivas obscurantistas que se verificam nas duas comunidades, pelo prisma das maiores vítimas desse obscurantismo: as mulheres. O actual contexto político internacional tem sido bastante propício às vozes mais radicais dando cobertura a abusos execráveis dentro das referidas comunidades. Cada vez há mais crianças a estudar em escolas islâmicas e judaicas, cujos programas são progressivamente mais radicais, intolerantes e racistas, segundo palavras das próprias autoras. Multiplicam-se a abertura de piscinas exclusivamente para mulheres em ambas as comunidades (não vá algum atrevido infiel olhar para a perna de alguma). Todos os anos acontecem milhares de casamentos forçados no seio da comunidade muçulmana e na comunidade judaica, embora menos numerosa, continuam a verificar-se situações humilhantes para as mulheres em certos meios mais fechados, tais como o isolamento da mulher durante a menstruação ou a desigualdade entre sexos na condição resultante de uma situação de divórcio. Estas e outras misérias são denunciadas pelas autoras ao longo deste "Deux femmes en colère".
quinta-feira, março 02, 2006
Até sempre
Pelo Almocreve das Petas descobri a triste notícia do falecimento da professora Natércia Crisanto. Costumava referir-me a ela como a minha melhor professora do secundário. Lembro-me perfeitamente de como começou a primeira aula de história. Mostrou-nos três desenhos: um professor baldas a dar uma aula no meio do caos, um professor autoritário a malhar com uma vara nos alunos e um professor a dar uma aula com rigor sem conseguir no entanto impedir um ou outro burburinho entre os alunos. A seguir perguntou-nos que professor preferíamos. Ela disse-nos que ia tentar ser o terceiro. Conseguiu-o sem burburinhos, dando o programa de história de uma forma interessante, cativante e rigorosa.
Encruzilhadas políticas fizeram que nos encontrássemos anos mais tarde, a última foi no debate organizado pela Rádio Clube Foz do Mondego para as eleições municipais. Era a mesma pessoa agradável de sempre, de facto prestante, fraterna e corajosa como refere o Masson.
Encruzilhadas políticas fizeram que nos encontrássemos anos mais tarde, a última foi no debate organizado pela Rádio Clube Foz do Mondego para as eleições municipais. Era a mesma pessoa agradável de sempre, de facto prestante, fraterna e corajosa como refere o Masson.
quarta-feira, março 01, 2006
Česky Sen, o hipermercado que nunca existiu
Dois estudantes checos de cinema Vít Klusák e Filip Remunda decidiram fazer uso de uma bolsa atribuída pelo Estado para promover a abertura de um hipermercado fictício. Criaram uma mega campanha publicitária que incluía spots na TV e na rádio, anúncios nos jornais, publicidade nas ruas de Praga e nos transportes públicos e distribuição de panfletos. O irónico é que os anúncios ao hipermercado fictício transmitiam de certa forma a verdade: "Não Vá!", "Não corra!", "Não Gaste!", etc. Mas o poder da publicidade negativa é terrível e no dia destinado à abertura do hipermercado Česky Sen reuniram-se algumas centenas de pessoas num parque de estacionamento em frente a um descampado onde estava instalada a fachada do hipermercado, mas apenas a fachada! Obviamente que os baixíssimos preços afixados nos panfletos do hipermercado também ajudaram à festa. Publiquei aqui igualmente alguns desses produtos, ludibriando alguns dos meus caríssimos leitores mais inadvertidos. O resultado desta aventura que questiona de uma forma inteligente os comportamentos da sociedade de consumo é o filme "Česky Sen" (Sonho Checo). A reacção dos consumidores checos apanhados nesta cilada armada por Klusák e Remunda é bastante interessante para um observador luso habituado à histeria e ao folclore típico do comum portuga quando este é vítima de qualquer coisa em frente a uma câmara de televisão. A maior parte dos checos abordados, de uma forma até provocadora pelos realizadores, mostram-se relativamente calmos apesar de alguma decepção, muitos perceberam a brincadeira ironizando de uma forma inteligente sobre o assunto e apenas alguns mostraram alguma cólera, proferindo uns quantos insultos aos autores deste filme. Uma destas em Portugal seria certamente bem diferente. Lembram-se das reacções à "Branca de Neve"?
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