Dois estudantes checos de cinema Vít Klusák e Filip Remunda decidiram fazer uso de uma bolsa atribuída pelo Estado para promover a abertura de um hipermercado fictício. Criaram uma mega campanha publicitária que incluía spots na TV e na rádio, anúncios nos jornais, publicidade nas ruas de Praga e nos transportes públicos e distribuição de panfletos. O irónico é que os anúncios ao hipermercado fictício transmitiam de certa forma a verdade: "Não Vá!", "Não corra!", "Não Gaste!", etc. Mas o poder da publicidade negativa é terrível e no dia destinado à abertura do hipermercado Česky Sen reuniram-se algumas centenas de pessoas num parque de estacionamento em frente a um descampado onde estava instalada a fachada do hipermercado, mas apenas a fachada! Obviamente que os baixíssimos preços afixados nos panfletos do hipermercado também ajudaram à festa. Publiquei aqui igualmente alguns desses produtos, ludibriando alguns dos meus caríssimos leitores mais inadvertidos. O resultado desta aventura que questiona de uma forma inteligente os comportamentos da sociedade de consumo é o filme "Česky Sen" (Sonho Checo). A reacção dos consumidores checos apanhados nesta cilada armada por Klusák e Remunda é bastante interessante para um observador luso habituado à histeria e ao folclore típico do comum portuga quando este é vítima de qualquer coisa em frente a uma câmara de televisão. A maior parte dos checos abordados, de uma forma até provocadora pelos realizadores, mostram-se relativamente calmos apesar de alguma decepção, muitos perceberam a brincadeira ironizando de uma forma inteligente sobre o assunto e apenas alguns mostraram alguma cólera, proferindo uns quantos insultos aos autores deste filme. Uma destas em Portugal seria certamente bem diferente. Lembram-se das reacções à "Branca de Neve"?
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