Descobri esta vergonha de artigo através do David Luz da Linha dos Nodos. O David Luz desmonta bem o chorrilho de asneiras com que nos brinda o autor. Sugiro mesmo ao DN que não pague este artigo ao autor Luís Miguel Viana (LMV), porque é um artigo tão mau que lança a confusão na opinião pública sobre estas questões que são importantíssimas fazendo recurso de uma argumentação profundamente errada e mal informada. Um jornal não é bem um blogue, a remuneração dos cronistas exige um mínimo de trabalho de pesquisa e se não se está suficientemente informado sobre um assunto o melhor é não escrever.
LMV escreve um artigo desta índole sem perceber que não existe praticamente relação entre um projecto de investigação (e não de comercialização ou de distribuição) para produzir energia nuclear por fusão como o ITER, e as centrais nucleares que produzem energia nuclear por fissão nuclear. O único ponto comum é que a fissão (processo de produção de energia das centrais nucleares) e a fusão (processo de produção de energia estudado no ITER) são explicadas pela mesma disciplina da física: a física nuclear. Também duvido que LMV tenha uma ideia da diferença entre fissão e fusão. LMV deve julgar que lá porque é tudo nuclear deve ser a mesma coisa!
O projecto ITER é um projecto de investigação internacional para estudar métodos e soluções para futuramente ser possível a produção de energia por fusão. Seria excelente um dia conseguir produzir energia através deste método pois teoricamente (sublinho teoricamente) seria um método limpo de produzir energia em quantidades quase inesgotáveis, como seria excelente também se Portugal se associasse a este projecto. Pelo contrário seria péssimo se Portugal desenvolvesse um projecto de construção de centrais nucleares, duvidoso e complicado do ponto de vista económico e perigoso e complicado do ponto de vista ambiental, quando em toda a Europa já não se constrói uma nova central nuclear há cerca de 20 anos. Actualmente, a Alemanha está a pôr termo ao seu programa nuclear e outros países, como a Itália, estão a reduzir bastante o seu programa de produção de energia nuclear por fissão. Como já aqui escrevi, o próprio orçamento da EURATOM para o 6° Programa Quadro da EURATOM 2002 a 2006 não deixa dúvidas ao atribuir cerca de 80% do orçamento ao ITER, dedicando apenas os 20% restantes à manutenção de centrais nucleares. Só uma leitura às avessas ou mal informada desta realidade, como a de LMV, é que pode ver no projecto ITER uma justificação para a construção de uma central nuclear em Portugal.
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