Agora é a minha vez de recomendar à atenção do Francisco do Aviz, e já agora do Nuno Guerreiro, o filme "Vas, vis et deviens" de Radi Mihaileanu que aborda o assunto da migração dramática dos judeus da Etiópia, os Falasha, para Israel durante os anos 80. Só durante a primeira fase de migração dos 12000 Falashas que tentaram chegar a Isreal, cerca de 4000 morreram.
Curiosamente a personagem principal é um rapaz cristão que, para fugir à fome e às doenças dos campos de refugiados do Sudão, se faz passar por judeu sob a identidade de Schlomo de modo a poder ser transferido para Israel. O filme aborda a complexa questão de se ser estrangeiro, mas neste caso de um estrangeiro ao quadrado, um estrangeiro entre estrangeiros e um estrangeiro em todos os seus estados: nacionalidade, cor de pele, religião, língua, etc. A própria família de acolhimento é estrangeira, são "judeus-ateus" franceses de esquerda. Tudo isto se passa em Israel que em si é já considerado um país estrangeiro naquela região e cujos governantes (alguns) tratam os seus vizinhos como se fossem também estrangeiros. Enfim, a salada que nos serve este filme é muito boa e recomenda-se. Não sei quando o filme será estreado em Portugal, se é que será estreado, porque em Portugal todos os filmes que não sejam falados em "americano" é uma complicação.
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