A confrontação entre a candidatura presidencial de Cavaco e a de Soares é tudo aquilo que Portugal não precisa neste momento. Previsivelmente, será um debate conjugado no passado. Está-se mesmo a ver que haverá um ajuste de contas sobre o período em que Soares era Presidente e Cavaco era Primeiro Ministro. O lavar de roupa suja já começou, basta ler os comentadores do costume para o constatar. O debate será também retrógrado no conteúdo, pois tanto Cavaco como Soares andam alheados de grandes temas internacionais que marcarão os próximos anos: a política europeia, o aquecimento global, a penúria no planeta de água potável e de energia e a inevitabilidade de grandes movimentos migratórios para evitar o colapso do tandem trabalho-reforma. Em relação aos temas nacionais que merecem a intervenção presidencial, dificilmente qualquer um dos candidatos produzirá um discurso centrado em políticas que aliam a modernidade ao desenvolvimento, como a ecologia, a tecnologia, a ciência, a formação contínua dos trabalhadores e dos empresários, etc.
Além do mais, julgo que Cavaco não tem perfil para Presidente, possui sim um perfil claramente de Primeiro Ministro de direita. Julgo também que Soares cometeu um erro grave relacionado com o seu último mandato. Na altura, Soares teve a excelente iniciativa de realizar uma presidência aberta que denunciava as assimetrias e a excessiva centralização do país, o problema é que passados alguns meses Soares foi um dos que se manifestou contra a Regionalização. Se for eleito Presidente, Soares poderá voltar a realizar uma presidência aberta sobre as assimetrias e a excessiva centralização. O tema continua actual...
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