segunda-feira, novembro 08, 2004
O esquecido trabalhador-estudante
Numa das minhas "fricções" sadias com o Alexandre Monteiro do Empatia, ele chamou a atenção e bem para o problema do trabalhador-estudante no ensino superior. É um problema reiteradamente esquecido pelo Ministério, pelas universidades e pelas associações de estudantes. Um dos inconvenientes da luta contra as propinas (que eu apoio) é que tem subalternizado outros problemas gravíssimos da universidade, como este do trabalhador-estudante. Hoje em dia um estudante que queira ganhar independência dos pais e trabalhar enfrenta uma missão praticamente impossível se quiser tirar um curso universitário num intervalo de tempo minimamente razoável. As nossas universidades ignoram completamente esta classe de estudantes. Basta ver os horários das aulas, dos serviços académicos e até das cantinas para perceber que está tudo formatado para o aluno que depende dos pais. Numa altura em que as propinas estão a atingir valores incomportáveis para uma boa parte dos alunos da classe média baixa (aqueles cujo o rendimento familiar os excluem da acção social, mas cujos custos de estudante deslocado estão no limite de sobrevivência familiar), as condições do aluno trabalhador-estudante deveriam ser seriamente encaradas, pois para muita gente não vai restar outra alternativa ao abandono dos estudos senão a de estudar e trabalhar simultaneamente.
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