quinta-feira, novembro 11, 2004
Arafat: há alturas em que prefiro não ter razão
Espero sinceramente que o Aviz e o Nuno Guerreiro tenham razão. Eu não concordo com eles sobre o facto de ter sido Arafat o principal obstáculo à paz, mas desejo ardentemente estar errado. Acho que o falhanço dos acordos de paz se deve mais ao assassínio de Rabin, à eleição de Benjamin Netanyahu e de seguida à radicalização das acções do Hamas. Na minha opinião Arafat foi levado no turbilhão da escalada de violência que se seguiu, tal como muita gente no campo israelita que se esforçou para obter a paz. Para além disso, não ajudaram em nada os últimos três anos de Arafat em que este esteve muito doente e enclausurado à força por Sharon que se recusou sempre a negociar directamente com o próprio Arafat. Agora, impossibilitada que está a concretização da vendetta pessoal de Sharon em relação a Arafat, espero que o Nuno Guerreiro tenha razão, que existam outras pessoas do lado palestiniano com capacidade de dialogar e que se cumpra também o seu desejo de que "seria agora a vez de Ariel Sharon abandonar o governo israelita, de forma a permitir que o retomar das negociações de paz possa ser feito sem a presença de figuras polarizadoras". Além disso, eu gostaria de ver Sharon a ser julgado pela sua responsabilidade nos massacres ocorridos no Líbano nos anos 80, mas se for preciso abdicar disso para se obter a paz, é preferível. Sharon não merece assim tanta importância.
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