No jornal Expresso de 8 de Novembro de 2003 podemos ler as seguintes declarações do Prof. Carlos Fernandes, especialista em transportes:
"Se as SCUT mudarem para portagem, o custo real dessa auto-estrada aumenta 40 %"
Só as praças de portagem e equipamentos de cobrança representam 5% a 15% dos custos. Nas SCUT este valor anda mais perto dos 15% devido ao elevado número de nós de acesso. A estes custos adicionam-se os custos de operação das portagens e a manutenção, aumentando os custos de operação das auto-estradas para cima dos 40%.
Perante este cenário, pagar para pagar parece ser a lógica das nossas auto-estradas. Soa a algo inteligente? Não? É por estas e por outras que os países do Sul são muitas vezes gozados pelas suas estratégias absurdas. De facto este tipo de sistemas são adoptados por países do Sul da Europa, nomeadamente pela França, Espanha, Portugal e Itália. Em países como a Holanda ou Alemanha as auto-estradas são gratuitas. Nos países em que não são gratuitas (Suíça, Áustria, Rep. Checa, Eslováquia, etc), existe um sistema de vinhetas, bem mais em conta do que os preços praticados por cá. A título de exemplo, na Suíça uma vinheta válida para um período de um ano que permite circular em todas as auto-estradas do país custa apenas 27,50 €.
A IP5 poderá passar a ter portagens. Poderão chamar-se as portagens de S. Pedro...
Além do mais é um absurdo ter que parar para pagar (quantas vezes uns longos 15 minutos) num tipo de estrada que foi concebido para ser rápida, para aumentar a produtividade das nações. Relembro que nos EUA e na Alemanha as auto-estradas são gratuitas, isto deve querer dizer alguma coisa.
Por exemplo, se todos os carros que entram numa cidade como Lisboa perderem três minutos em média para pagar a portagem (o que é uma perspectiva optimista ponderando as horas de ponta com as horas de menor tráfego), para 100 mil veículos que entram em Lisboa por dia passando pelas portagens, chegamos ao valor de 300 mil minutos perdidos por dia, ou seja 5000 horas, ou seja 625 dias trabalho. É equivalente a 625 trabalhadores não trabalharem todos dias na cidade de Lisboa. 625 trabalhadores é um número de empregados que poderia ser o de uma grande empresa. A fábrica da Nissan na Holanda tem metade deste número de trabalhadores…
Noto que estes veículos não pagam para entrar na cidade mas para sair da auto-estrada. Ao contrário seria mais inteligente criando parques de estacionamento e transportes alternativos logo na periferia.
É certo, agora há a Via Verde. Conhecem as últimas da Via Verde? Os utentes que já tinham adquirido o dispositivo de leitura, tiveram que o comprar pela segunda vez por causa de um desdobramento em duas empresas da empresa que explorava a Via Verde. Agora só para ter o dispositivo no carro paga-se 10 € por ano! E se se pagar 30 € adquire-se o dispositivo em definitivo, isto depois de o terem comprado já uma vez. Acham isto normal? A pilha para o dispositivo custa 6 € e só pode ser adquirida nos postos da BRISA…Nós portugueses somos muito molezinhos.
Salte até ao Portugal Único 4, mas cuidado não escorregue no musgo
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