Sempre que vou ao café Santa Cruz tento ficar no canto da esplanada mais próximo da igreja, mais próximo do Afonso, o Afonso Henriques. Do seu túmulo, que fica a apenas alguns metros da minha mesa, o Afonso saúda-me erguendo ligeiramente a espada pousada sobre o peito. De seguida iniciamos grandes cavaqueiras sobre o estado da nação e do mundo. Ele quer saber tudo. Falamos do passado e falamos destas ruazinhas em frente a nós, quem vivia ali há 800 e tal anos, os episódios passados com os seus servidores, os seus soldados, os clérigos e as mulheres que serviam todos estes homens. Fixo o início da rua direita e começo a percorrê-la de sandálias, sobre a lama amassada pelas montadas, pelos comerciantes, viajantes e locais que vinham à praça de Coimbra recém conquistada para o campo do cristianismo. Toco alguns dos artefactos à venda, bem como as castanhas, as peras e as romãs de há 800 anos, respiro fundo e sinto o cheiro original desta cidade...
Sábado em Coimbra XXXV
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