A administração Bush, fervorosa adepta da real politik, não deixa escapar a ocasião para um belo momento de sentimentalismo agudo e montam o teatro adequado à situação. Desta vez foi na Hungria. A visita do presidente Bush ao monumento dedicado aos cerca de 2500 húngaros que morreram há 50 anos atrás na revolta contra a ocupação soviética (aproveito a ocasião para lembrar que o PCP nunca condenou este acontecimento) é uma infeliz homenagem à memória dos revoltosos. E é uma homenagem infeliz pois estes revoltosos lutaram com coragem contra uma ditadura asfixiante, coragem essa referida no discurso de Bush, mas é também a mesma coragem que falta a Bush para deixar de vender armas (em troca do petróleo) ao país com a pior e a mais asfixiante ditadura do mundo: a Arábia Saudita. A Arábia Saudita possui neste momento um dos 10 maiores arsenais militares do mundo! Não se pode andar a depositar coroas de flores e a chorar os mortos de um lado do mundo e do outro lado da Terra a beber chá com alguns dos maiores ditadores e criminosos do planeta.
Para cúmulo todo este teatro tem como pano de fundo a questão dos vistos obrigatórios de entrada nos EUA para os novos países da UE. A Administração Bush tem discutido o critério alucinante de facilitar mais os vistos aos países que enviaram mais de um certo número de tropas para o Iraque. Claro que os húngaros não são parvos, tirando meia dúzia que vivem à custa de fundações e fundaçõezinhas americanas de lavagem ao cérebro profissional instaladas na Hungria, o resto da população já não vê os EUA como salvadores e uma parte parece cultivar um anti-americanismo mais agudo.
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