Fez ontem um ano que o Protocolo de Quioto entrou em vigor. Um ano depois, o Protocolo está mais forte do que nunca, depois das decisões tomadas na United Nations Climate Change Conference que decorreu no passado Dezembro em Montreal. Quioto foi prolongado para lá de 2012 e foi alargado o espaço de diálogo com países que até tinham resistido a participar nas conversações, como os EUA. Mas Quioto está sobretudo mais forte do ponto de vista científico. Hoje todas as grandes instituições internacionais que estudam o clima (NASA, IPPC, AEA, USEPA, etc.) convergem em dois pontos importantes: 1) o aquecimento global é um facto confirmado; 2) É preciso combatê-lo agora, pois quanto mais tarde o fizermos mais difícil será a tarefa. Para estas conclusões contribuíram os novos dados, a diminuição das barras de erro através de novas técnicas de análise, o aperfeiçoamento dos modelos teóricos e a sua validação no terreno e um trabalho mais eficaz das redes internacionais de investigação.
O cenário piorou
O problema é que em política ambiental só se começam a tomar decisões inteligentes quando as coisas começam a correr mal. Em Dezembro passado em Montreal já havia alguma certeza que o ano de 2005 seria um dos mais quentes jamais registados (desde 1880), foi por isso e por causa dos estragos do Katrina que os EUA e outros países mais relutantes aproximaram a sua política ambiental do grupo de países do Protocolo de Quioto. Como podemos ver 2005 está no topo da lista da NASA dos 5 anos mais quentes desde que há registo. Aliás, a página da NASA que analisa o ano de 2005 é bem elucidativa do perigoso cenário climático que se está a desenhar. Mas, existe um perigo adicional que tem vindo a preocupar bastante a comunidade científica, que é a questão da retro-alimentação positiva do desequilíbrios climáticos, ou seja os desequilíbrios que estamos hoje a provocar no ambiente poderão originar novos desequilíbrios ainda mais perigosos, não contemplados nos modelos hoje existentes. Sobre eles falarei numa próxima entrada.
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