Se há algo que esta cidade tem de particular são os múltiplos muros e muretes, alguns floridos, que em vez de servir para separar servem para suster o relevo acidentado de Coimbra e que convidam os putos a saltá-los, os namorados a entrelaçar as pernas enquanto se beijam e as flores e as plantas a praticar rapel do mais radical. Do mercado municipal à Sé Nova, da Rua da Sofia à Cruz de Celas, da Portagem ao Departamento de Física, podemos desfrutar de muros de todos os tipos e feitios. Gosto particularmente do muro que serpenteia a Couraça de Lisboa, gosto do panorama para o rio e dos inúmeros quintais e escadarias estreitas que se escondem por detrás.
Um dia, um tipo muito provinciano que por aqui passou, chamado António Oliveira decidiu destruir uma das sequências mais poéticas de muros, muretes e pequenas escadas enfeitadas de árvores e flores, para deixar no seu lugar uma desértica e austera escada, apelidada de Monumental...
Sábado em Coimbra XXV
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