domingo, fevereiro 19, 2006

Lúcia ou o retrato de um país atrasado

Perdoem-me os crentes que respeito, mas este circo mediático à volta da transladação do corpo da Irmã Lúcia para Fátima é mais um episódio retrógrado de um país atrasado e que se está a atrasar como já não acontecia há muito. Não são só os indicadores económicos e sociais que dizem que nos estamos a atrasar, é também a política. Portugal tem uma esquerda atrasada e isso foi bem visível nestas presidenciais, onde os candidatos mais conservadores de esquerda obtiveram um excelente resultado. Mas a direita portuguesa, tal como as restantes direitas do sul da Europa, ainda é mais atrasada. Em contraste com a direita nórdica, a nossa direita não mostra preocupações ambientais, faz cruzadas contra o rendimento mínimo e abusa constantemente do direito à laicidade, da igualdade de direitos entre sexos e do direito a uma sexualidade própria.

A felicidade cai sempre do céu
Respeito a religiosidade e acho que por muito modernos que sejamos haverá sempre uma parte da população que recorrerá à espiritualidade para resolver os seus problemas do quotidiano. O problema é que em Portugal essa parte da população é exagerada. Uma percentagem considerável da população espera que a felicidade caia do céu, e isto não é apenas uma questão religiosa, por exemplo o Euromilhões é a outra vertente do mesmo problema. É assustador verificar a percentagem colossal de pessoas (comparando com os outros países do Euromilhões) que joga num jogo em que a probabilidade de ganhar é ínfima. Depois temos a face oposta do Euromilhões, as famosas "roletas russas": a prostituição sem preservativo, o chuto com seringa usada, a ultrapassagem sem visibilidade, etc. Os portugueses adoram confiar na sorte e nos santinhos.

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