O filme "ENRON" descreve cruamente o fraudulento processo de construção de uma mega-central de produção de energia eléctrica em Dabhol na Índia. O mais interessante e sórdido desta história é que o objectivo principal da construção desta central não era iluminar bondosamente a casa dos indianos ou levar a electricidade aos sítios mais pobres da Índia, mas sim e apenas fazer subir as acções da ENRON na bolsa de valores através do anúncio do projecto e da construção da central na Índia, um país populoso e com carências energéticas. O projecto foi apresentado com pompa e circunstância com a ambição de iluminar toda a Índia. O efeito que este anúncio teve em Wall Street deu para cobrir largamente o que se gastou na construção da central na Índia. Hoje em Dabhol existe uma central eléctrica gigantesca, que se encontra fechada e que nunca funcionou, ocupando uma superfície considerável de terrenos expropriada à força a milhares de indianos. Ficou uma obra que faz lembrar os mais megalómanos projectos estalinistas, mas construída pelo liberalismo mais selvagem. Como tudo isto foi possível? A ENRON limitou-se a comprar alguns dos principais responsáveis pela energia do governo indiano, que deram carta verde a tudo. Outro dos pormenores sórdidos desta história é que o preço da electricidade a pagar caso esta central alguma vez funcionasse seria um dos preços mais caros do mundo. Para a ENRON seria tudo lucro.
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