O fascínio do realizador alemão Wim Wenders pela América é tal que este escolheu os EUA para viver e para trabalhar. Porém esse seu amor pela América não o impede de criticar o país onde escolheu viver. Wim Wenders tinha afirmado sobre as recentes obras de Michael Moore que este estava a realizar um bom trabalho ao denunciar a deriva do país para uma ideologia conservadora associada a um liberalismo económico radical. Mas Wenders não se ficou pelas palavras e à sua maneira juntou-se a Michael Moore na luta contra o apodrecimento social dos EUA, realizando "Land of Plenty".
"Land of Plenty" mostra de uma forma chocante como uma parte da América vive mergulhada numa paranóia securitária para protecção ilusória de uns quantos, esquecendo os mais de 40 milhões de americanos que não possuem qualquer protecção social ou acesso a saúde preventiva vivendo mais de metade destes numa completa exclusão social. Wenders conta-nos uma parábola sobre a América actual. A América dividida entre uma América multicultural, a América da aventureira Lana, que cultiva o prazer da descoberta da geografia terrestre, mas também da geografia interior, e uma outra América, a América esquizofrénica de Paul que deixa o medo dominar o quotidiano, essa América que olha para a cor da pele e para a origem do nome de família, utilizando a tecnologia, ironicamente uma das suas melhores contribuições para a humanidade.
O resultado do confronto entre estas duas américas será determinante para o futuro do planeta, daí a importância do filme. A importância de perceber até que ponto a América está doente e a capacidade que uma América mais fresca e mais aberta terá de impedir a deriva do país.
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