quarta-feira, setembro 28, 2005

Comunas ou fachos, eles andem aí!


A primeira vez que vi "Invasion of the Body Snatchers" devia ter uns 12 anos. Lembro-me que era uma noite de chuva e estava sozinho na sala, enroscado numa manta no sofá. Adorei aquele estilo de ficção científica com doses bem ponderadas de suspense (vulgo terror), que intimidam o espectador, sem os clichés dos entediantes filmes de "terror", na altura já não tinha pachorra para as moto-serras, os personagens góticos a escorrer sangue ou os dráculas de voz rouca a falar inglês. Fruto talvez desse clima excepcional em que assisti ao filme, "Invasion of the Body Snatchers" bateu que nem dose cavalar e é até hoje um dos meus filmes fetiche. Outro coisa que adoro no filme são aqueles efeitos especiais rudimentares dos anos 70, uma delícia.

Curiosamente este "Invasion of the Body Snatchers" de 1978 é uma versão mais recente de um outro "Invasion of the Body Snatchers" de 1956. Mas o que é ainda mais curioso é que apesar de ambos os filmes possuírem um enredo semelhante, a conotação política de cada um deles é perfeitamente antagónica. Se na película de 1956 os invasores são conotados com um invasor vermelho (portanto comunas) e a acção decorre à volta de Los Angeles, já na versão de 1978 a opressão dos invasores é associada ao fim das liberdades, a um estado para-militar e ao pensamento único, desenrolando-se a trama numa cidade bem simbólica: São Francisco.
É quase inacreditável como a mesma história sirva campos políticos tão opostos, mas os dois filmes são uma prova de como essa proeza é possível.

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