segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Barroso & Bush sobre Quioto

Depois da visita de Bush, Durão Barroso foi entrevistado pelo "Grand jury Bel-RTL-Le Soir", sobre o protocolo de Quioto ouvimos o seguinte:

Entrevistador: "N'a-t-on pas battu en retraite sur Kyoto pour le symbole de la réconciliation?"

Durão Barroso: "Il est préférable de souligner les points d'accord que les points de désaccord. C'est la bonne attitude. Sur le changement climatique, les Américains n'acceptent toujours pas Kyoto, mais ils font de progrès. Ils reconnaissent qu'il y a un problème. Ils veulent investir dans les nouvelles technologies. Nous pouvons travailler avec eux, sans renoncer à Kyoto."

Segundo Barroso, o encontro com Bush centrou-se nos assuntos mais importantes: o Médio Oriente e o Iraque. Por este andar, quando resolvermos tudo no Medio Oriente e no Iraque, provavelmente teremos o clima do planeta completamente desregulado e um problema da falta de agua potavel de dimensões verdadeiramente apocalipticas. E' que vai ser um descalabro tão grande que nem todos os Ben Ladens deste planeta conseguiriam provocar uma catastrofe tamanha. De Bush ja não se pode esperar nada, mas de Durão Barroso tanta passividade perante assuntos tão graves, revolta e revolta muito. Eu estou para ver para onde vai este planeta, com tantos irresponsaveis a mandar.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Mar gelado em Marte

A sonda europeia Mars Express descobriu muito provavelmente um mar de gelo coberto por uma camada de poeira (imagem sitio ESA). A certeza sobre esta descoberta ainda ainda nao e' absoluta. Em Marte o gelo e' instavel por causa da baixa pressao atmosferica, sublimando assim que fica em contacto com o ar marciano. Por isso permanece a duvida se a area que mostram as imagens ainda conserva a massa gelada desse mar por baixo dessa camada de poeira e de terra ou se o mar ja evaporou. Hoje a ESA organizara uma comunicacao sobre os resultados da Mars Express onde esta questao podera ser clarificada.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Rua da Judiaria com nova cara

A Rua da Judiaria tem um novo visual, esta' catita, e foi uma agradavel surpresa encontrar ali o genial Alberto Einstein a dar-nos as boas-vindas (agora ja mudou).

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Para onde vai o Bloco?

Alemanha?
Do ponto de vista da sua evolução, dos seus métodos e até da sua ideologia, vejo bem o Bloco como uma formação política muito próxima daquilo que são os Verdes alemães. Até acho que no Parlamento Europeu o Bloco deveria estar no grupo dos Verdes e não no grupo das Esquerdas Unidas que têm para lá muita intolerância à mistura. Se essa for a evolução do Bloco, na mesma direcção dos Verdes alemães, o Bloco pode deixar de ser um partido apenas interessante, para ser um partido interessante e interventivo, capaz de participar de uma forma construtiva na sociedade. Poderá, quando tiver uma representatividade acima dos 10% a 12% participar em coligações governamentais, ocupando ministérios determinados em que o seu contributo poderá marcar a diferença em relação às esquerdas tradicionais, nomeadamente ministérios como os do ambiente, da ciência, dos negócios estrangeiros ou do trabalho e da segurança social. Se esse for o caminho do Bloco, então estarão criadas todas as condições para que se concretizem contributos valiosos e necessários para a política das próximas décadas oriundos de uma esquerda moderna filha do Maio de 68 (pós-moderna), que aprendeu com os erros da velha esquerda, que abandonou o dogmatismo, que se questiona em contínuo e que tem poucas certezas, que é exigente, que é multiculturalista, que é europeísta como poderia ser africanista, que acredita na federação dos povos, que acredita na participação democrática a todos os níveis (bairros, freguesias, regiões, etc.), que é eco-responsável e simultaneamente tecnológica, que é integradora das diferenças e que combate todas as formas de exclusão, que procura a dose equilibrada de feminilidade na política depois de 10 mil anos de governos e de civilização com poucas mulheres, tudo isto sem baixar a fasquia da qualidade de vida dos cidadãos e elevando-a sempre que possível.

Marretas?
Se é para enveredar pelo caminho do Partido dos Dois Velhos Marretas, que só se sente à vontade na oposição, não contem comigo. Na minha opinião isso não é fazer política séria e pior que tudo é dar espaço e futuro à concretização de ideias pouco brilhantes que graçam nos tradicionais governos socialistas e conservadores.

Campo Pequeno?
Felizmente, o crescimento do Bloco tem acontecido quase exclusivamente à custa de pessoas que há muito rejeitaram ou fizeram o luto de ideologias como as que defendeu há 30 anos José Manuel Fernandes, o director do Público, nomeadamente o estalinismo e o maoismo - ideologias essas que só não conseguiram atingir as performances assassinas de Adolf Hitler porque as câmaras de gás já tinham direitos de autor. Para além do mais, grande parte do crescimento actual do BE deve-se a pessoas que nunca tiveram sequer qualquer passado de simpatia política por tais ideologias. Mas, segundo José Manuel Fernandes a direcção do Bloco seria a do Campo Pequeno e disse que até os conhecia, os tais bloquistas que gostariam de fechar uns quantos no Campo Pequeno. Realmente, não admira que José Manuel Fernandes os conheça, afinal em 30 anos conservam-se muitas das boas companhias dos velhos tempos. Só que o Bloco não é isso, nem nada que se pareça. Tal como o PP não é o partido de Adolfo Basílio Horta, nem o PSD é o partido do Marcelo Rebelo de Sousa que afirmou que "o 25 de Abril foi um golpe ilegal, sem legitimidade democrática", nem o PS é o do Mário Soares militante comunista antes da invasão da Hungria. É que se enveredamos por este tipo de argumentação, facilmente estamos a apontar a direcção de todo o espectro partidário para sítios que vão desde o Tarrafal até à Sibéria. É a análise política trauliteira, que tem pouco interesse e alcance, morre depois da traulitada. Morre assim também a teoria do Campo Pequeno...

domingo, fevereiro 20, 2005

O Compromisso Portugal II

"Trabalho por conta d`outrém há mais de 25 anos. Sou jornalista. Nunca, até hoje, algum patrão me deu a oportunidade para melhorar a minha qualificação profissional. O que faço, faço por minha conta e risco em horário pós-laboral. E que sabem eles da minha qualificação, se o que lhes interessa é apenas quantificar o investimento e o lucro? Mesmo em empresas de comunicação social só se ouve falar em produtividade. Ninguém quer saber de qualidade. Em tempos, na SIC, o patrão mandou medir o tempo que os jornalistas levavam para montar uma reportagem... os auditores eram italianos e nem percebiam uma palavra da notícia. Hoje, os jornalistas são bons enquanto forem baratos. Depois, substituem-se. Quanto mais permissivo for o código de trabalho, melhor."

Carlos Narciso

O Compromisso Portugal I

sábado, fevereiro 19, 2005

Sábado em Coimbra XXIII: mastigar o Mondego

O Mondego pela manhã parece de prata,
de pequeno habituei-me a vê-lo na Foz, na Figueira.
Mas em Coimbra o Mondego é mais frio,
possui uma cor de prata mais austera,
o rio parece duro,
dá a sensação que se pode mastigar.

Sábado em Coimbra XXII

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Um hino às 35 horas


Os bons resultados económicos da Airbus e a liderança económica e tecnológica do mercado mundial conseguida nos últimos dois anos - apesar do programa de espionagem americano ECHELON ter servido para lesar gravemente a Airbus em favor da Boeing em vários negócios bilionários - são bem demonstrativos do potencial de sistemas em que se priviligia um trabalho com boas condições, bem remunerado, com boa cobertura social e simultaneamente compatível com a qualidade de vida do trabalhador, tudo isto dentro de um consórcio em que empresas privadas e estado trabalham conjuntamente numa rede em que coexistem várias línguas a até dois sistemas monetários diferentes (o euro e a libra). Este é o perfil típico da construção europeia dos nossos tempos e que se pretende expandir e multiplicar. Estamos bem longe do "todos contra todos" de Hobbes. E ainda mais longe do provincianismo de algumas multinacionais que funcionam em pirâmide autistas às diferenças culturais dos países onde se instalam.

Na minha opinião, o pormenor mais delicioso que a construção do Airbus 380 trouxe para a rivalidade com a Boieng é que grande parte da sua construção foi feita por trabalhadores franceses em regime de 35 horas semanais de trabalho. Só por si este pormenor já é aterrador para os gestores da concorrente Boieng, cujos mitos sobre o trabalho ficam à beira da implosão. O pior é que nos últimos anos, vários países europeus têm ultrapassado a produtividade dos EUA e entre esses países temos a França. Por exemplo em 2002, em pleno regime de 35 horas, a França teve uma produtividade de 41.85$/hora e os EUA de 38,83$/hora. Estes resultados desafiam toda a lógica da doutrina dogmática do neo-liberalismo (refiro-me a um liberalismo fundamentalista na componente económica que combina um conservadorismo em todos os outros aspectos da vida). É neste aspecto que o Airbus 380 toma uma dimensão simbólica que vai muito para além do facto de ser um avião, é também o símbolo de que algo de novo está a nascer na Europa. Lá iremos na análise do livro "European Dream" de Jeremy Rifkin, quando tiver tempo para o acabar de ler.

35 horas em Portugal?
Para já sou contra. Antes é necessário resolver graves problemas organizativos e burocráticos no nosso sector público e privado, introduzir novas tecnologias aliadas a boas metodologias de trabalho, só depois estaremos aptos a baixar para as 39, depois 37, 35...

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Os sons de Titã

Os sons gravados durante a descida da sonda Huygens estão disponíveis aqui neste sítio da ESA. Através destes sons é possível ter uma ideia sobre o comportamento da sonda durante a descida até à superfície, nomeadamente os modos de vibração e de rotação da sonda. Estes dados de origem sonora combinados com os dados recolhidos pelos outros instrumentos da sonda permitem conhecer melhor a densidade da atmosfera de Titã.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

O Compromisso Portugal...

Eu estranho um grupo de empresários, como o do Compromisso Portugal, que se apresenta como fresco, dinâmico e com ideias novas para contribuir para o debate político, e depois a cada oportunidade propõe como medidas principais:

- A diminuição de impostos
- A flexibilização dos contratos de trabalho
- A redução da cobertura social
- A moderação salarial
- O aumento das propinas nas universidades

Eu julgava que um grupo de empresários estaria mais preocupado com:

- O investimento (privado ou público) na investigação em ciência fundamental e em novas tecnologias
- Estreitar a cooperação entre empresas e universidades
- A diminuição da burocracia
- Uma aposta acima da média europeia no investimento na educação e na investigação para recuperarmos o nosso imenso atraso
- A formação dos nossos empresários, dado que os empresários nacionais são os que apresentam as qualificações mais baixas da Europa, bem longe dos países com valores mais próximos
- O melhoramento da rede de transportes e telecomunicações
- A regulação do sector da energia, para acabar com situações de cartel e monopólio, permitindo a baixa dos preços

Mas não, disto ouve-se muito pouco. Tudo tresanda a ideologia no discurso do Compromisso Portugal. Aquele verniz de independência partidária estala ao primeiro contacto. Percebe-se que a preocupação genuína não é com o país, não é um compromisso com Portugal, é mais a preocupação de que os empresários se vão safando. Aliás dentro da mesma filosofia da geração de empresários anterior, que se foi sempre safando à custa de mão de obra barata e outras habilidades que não requerem muito esforço.
É por estas e por outras que estamos na cauda.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

10000 dias das Voyager

Talvez ofuscadas pelo sucesso da sonda Huygens, foi esquecida injustamente a data em que as sondas Voyager atingiram 10000 dias de operação, os engenhos construídos pelo homem que mais se afastaram do planeta Terra, cruzando actualmente o limite do Sistema Solar. A Voyger 1 é também o veículo interplanetário construído pelo homem que atingiu maior velocidade ponta: mais de 60000 km/h. Através das câmaras instaladas nas Voyager foram captadas pela primeira vez imagens dos planetas do Sistema Solar exterior: Júpiter, Saturno (Titã também foi fotografada de perto), Urano e Neptuno. As Voyager captaram também fotografias inéditas de grupo do Sistema Solar, com todos os planetas a posarem pela primeira vez para única uma câmara. As Voyager continuam a enviar dados preciosos, magnetómetros e vários tipos de detectores continuam a funcionar, e espera-se que funcionem pelo menos até ao ano 2020.

sábado, fevereiro 12, 2005

Cientista e burocrata

Começo a dar razão ao João Magueijo, um investigador em Portugal a partir de uma certa altura começa a transformar-se num burocrata. São resmas de papel, horas e horas em frente a formulários (e agora é tudo muito mais simples com a internet), escrevo o meu nome dezenas de vezes, o nº de BI, a minha morada, a da instituição e a privada, nº de telefone, fax, email, a cidade, o país, o nº de telemóvel (que raramente ligo). Pergunto-me para quê tanta informação? A maior parte dos casos sabemos que basta o nº de BI para ser identificado e o curriculum para ser avaliado. Mas não, parece vício que herdamos do tempo da catalogação política da PIDE. Só falta a côr das cuecas. Mas essa até seria uma informação que daria com bastante gosto, ao menos quebraria a monotonia cinzentona da burocracia. Venha a porra do cartão do cidadão com uma banda magnética (a única medida anunciada pelo Sócrates que não me faz soltar um bocejo)!
É nestas alturas em que tenho saudades do tempo em que era estudante, quando podia estar livremente até às tantas da manhã a estudar assuntos que me davam gozo, a resolver problemas até o galo cantar, a derreter muita massa cinzenta cheio de satisfação.
Hoje, depois de mais uma candidatura-mais uma viagem a um projecto sinto-me um Joseph K. da ciência, infernizado pela papelada e condenado a não sei muito bem o quê.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Mundo de Aventuras XXII


(Carnaval de Mainz, Renânia-Palatinado, Alemanha, 2002)

Mundo de Aventuras XXI

Miséria ambiental II

"Cresci por essas bandas, a menos de 10 km da fábrica. Quando era puto, espantava-me sempre com os telhados cinzentos que circundavam a fábrica, e com algumas ruas feitas em cimento, ao invés do alcatrão. Memórias com 20 anos..."

Blitzkrieg (O quarto segredo da Fátima)

Nesse tempo as partículas emitidas pelas chaminés da fábrica polvilhavam Maceira sem qualquer controlo. Há alguns anos foram instalados filtros de manga, que pelo menos impedem a emissão de partículas, sendo emitidos apenas os gases produzidos pelos fornos.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Miséria ambiental

Durante um encontro com trabalhadores da fábrica de cimento de Maceira, perto de Leiria, é com um aperto no coração que oiço as descrições sobre as condições de trabalho na empresa. Para além dos combustíveis convencionais, nos fornos de Maceira queima-se lixo, muito lixo, lixo esse que supostamente deveria ser proveniente de resíduos urbano banais, não deveriam ser queimados ali resíduos tóxicos perigosos. As descrições deixam uma grande dúvida sobre a natureza dos resíduos.
Em Maceira e em pleno sec. XXI, quando os fornos da cimenteira são periodicamente desligados e limpos, o fato que os trabalhadores utilizam para entrar nesses fornos são exactamente os mesmos que os fatos utilizados num dia normal de trabalho. Não há botas, nem roupa, nem equipamento para respiração especial. As queixas de problemas de pele e de respiração após a limpeza dos fornos são frequentes. É o terceiro mundo em plena Europa.

No aterro de Taveiro, perto de Coimbra, existe uma unidade de triagem de lixo para reciclagem. A unidade de reciclagem parece uma casa de um nómada. Vai tudo para o chão, não há separação para contentores estanques, está tudo muito sujo, as trabalhadoras (imigrantes) que separam parte do lixo à mão não têm fatos especiais e duvido muito que tenham tomado as vacinas adequadas àquele tipo de trabalho. Os cães e os gatos andam à vontade lá dentro, sinal de desleixo dos responsáveis. Miguel Almeida, o Rei das nomeações e pau para toda a obra de Santana Lopes, é o administrador desta miséria. É uma empresa à sua imagem.

domingo, fevereiro 06, 2005

Chico Buarque no Tout Le Monde en Parle

Não me canso de escrever isto, o programa "Tout Le Monde en Parle" é provavelmente o melhor talk-show do planeta. Hoje, lá para as 23.45, na TV5 (canal 43), Chico Buarque será entrevistado por Thierry Ardison.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Titã: Água não! Metano!

Na China enquanto seguia o aparecimento das primeiras imagens enviadas pela Huygens (pronuncia-se aijenss, com o som do jota espanhol) com os meus colaboradores, exclamámos "Água!" quase simultaneamente quando vimos esta imagem. E corrigimos logo imediatamente: "Água não! Metano!"


(Foto Huygens, sítio ESA)

Passo a explicar a razão pela qual exclamámos água e depois corrigimos para metano. Inicialmente exclamámos água porque a forma das "pedras" que apareciam na imagem (não são pedras são formações de gelo) fazem lembrar a forma das pedras que encontramos no leito dos rios, com formas arredondadas, sem arestas afiadas. Isso é uma evidência de actividade fluvial, o que nos sugeriu a exclamação primária de "Água!". Mas após um momento de reflexão lembrámo-nos que naquela zona do sistema solar um planeta não pode ter água líquida à superfície, as temperaturas são muito baixas. Os corpos que estão a distâncias do Sol semelhantes à distância entre Saturno e o Sol, têm uma forte probabilidade de possuir metano no estado líquido à superfície. E foi por isso que corrigimos para metano. De facto, apesar de ainda existirem muitos dados por analisar a primeira teoria sobre a morfologia do solo de Titã, é a teoria dos rios de metano.


Estados da água e do metano no sistema solar em função da distância ao Sol
(esquema do livro "Cometa", Carl Sagan, Gradiva)

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Um gráfico espectacular, cheio de rigor...



Este gráfico vem deste blogue. No eixo das ordenadas ficamos sem saber se as unidades correspondem a batatas, peras, eucaliptos, percentagem de votos ou quilos de sabão. Quando olhamos para as abcissas, percebemos logo que o homem é um ás e trata a matemática e a geometria por tu: "há um mês" e "hoje" representados por dois pontos centrados em dois intervalos da mesma dimensão, que se supõe temporal...está bem. A união dos dois pontos por uma recta dão-lhe um toque naif, digna de uma criança da escola primária que acabou de descobrir a magia da representação gráfica. O segmento de recta empoleirado na linha 2 a bater com a cabeçorra na linha 6 demonstram a perícia do autor nas artes do Excel.

Aqui no laboratório já chorámos a rir a olhar para este gráfico, mas infelizmente o caso não é tanto para rir. O que é grave é que o autor, Paulo Portas, é um candidato a primeiro ministro e foi director de uma empresa de sondagens. O gráfico demonstra uma pobreza franciscana no que toca aos seus conhecimentos de matemática e demonstra também que nem sequer sabe trabalhar com um simples programa como é o Excel. E o pior é que este candidato, e o partido deste candidato, são especialistas em passar atestados de incompetência às gerações mais jovens, acusando-os de já não saberem escrever, de já não saberem matemática, etc., fazendo a apologia da autoridade na escola, como ouvimos a semana passada no debate sobre a educação na RTP. Ora, o melhor seria recambiar o candidato Paulo Portas para o liceu repetir as cadeiras de matemática e as de estatística, para junto dos jovens "que não sabem nada". Talvez ele aprendesse alguma coisa com os seus jovens colegas e se habituasse a fazer cadeiras com mais de 10 valores.

Mundo de Aventuras XXI


(Norfolk, Virginia, EUA, Novembro de 2002)

Mundo de Aventuras XX