Esta entrada do Rui A. dos Blasfémias é o exemplo de algum mau estar que causam os aniversários do 25 de Abril entre algumas pessoas que se relacionam mal com o fim da ditadura. O ano passado tivemos o festival de Vasco Pulido Valente (VPV). Entre muita argumentação que visava minimizar a importância do 25 de Abril, VPV referiu factos tão pertinentes como o livro "Portugal e o Futuro" do ignorante (nas suas palavras) Spínola ter sido de facto escrito por oficiais sob a sua orientação. Logo, das duas, três: se Spínola fosse um bom escriba, a revolução poderia realizar-se a 25 de Abril, se não seria preferível nada mudar e a elite a que pertencia VPV poderia manter as suas mordomias numa sociedade dividida entre rotos e remendados.
O irónico da argumentação tanto de Rui A. como de VPV é que recorre a um género de fundamentação que parece tirada a papel químico de escritos produzidos a cada aniversário da queda do muro de Berlim por uma elite deprimida que vivia bem do partido nos tempos áureos do bloco de leste. Com alguma regularidade, muitos dos ex-PCUS e dos ex-quadros dos partidos comunistas dos restantes países de leste saem-se com artigos da mesma índole: Yeltsin não sabia falar e era bêbado, a destruição do muro de Berlim não partiu de uma decisão democrática do povo, os novos políticos são oportunistas e os do antigamente pelo menos eram honestos, etc. Enfim, o mesmo tipo de tontices que podemos ler todos os 25 de Abril aqui nesta esclarecida e serena Lusitânia.
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