O livro "The European Dream" de Jeremy Rifkin é na minha opinião o livro de ciência política (semi-académica) da década. Está para esta nossa década como o "O fim da história e o último homem" de Francis Fukuyama esteve para a década de 90, quer concordemos ou não com as opiniões dos respectivos autores. Aliás, à medida que vamos desfolhando a obra de Jeremy Rifkin ficamos com a sensação de que o conteúdo da obra de Fukuyama é hoje profundamente obsoleto. Rifkin desactualiza Fukuyama sem sequer necessitar de fazer muitas referências (duas ou três) ao mesmo, ao contrário de outros que tentaram desconstruir a teoria de Fukuyama com pouco sucesso.
Há algo de novo no pensamento político mundial que desponta na Europa e Rifkin de uma forma perspicaz organiza esse novo pensamento nesta obra. É um pensamento que se debate e desenvolve sobretudo num terreno de esquerda. Portugal tem andado arredado deste debate que fervilha na Europa nos sectores ambientalistas e socialistas.
Há algum tempo o Paulo César da Aba de Heisenberg confessava-me que já não se debatiam novas ideias à esquerda depois do Maio de 68. Julgo que o desabafo do Paulo César tem alguma pertinência a nível nacional, mas a nível europeu, as novas ideias que fervilham estão compiladas neste texto. Resta saber quanto tempo é que vai ainda decorrer até ser traduzido.
Jeremy Rifkin é presidente da Foundation on Economic Trends em Washington e é um americano que conhece muito bem a Europa. O seu livro, que dissecarei aqui na Klepsýdra em próximas entradas, termina com as seguintes palavras:
"These are tumultuous times. (...) The European Dream is a beacon of light in a troubled world. It beckons us to a new age of inclusivity, diversity, quality of life, deep play, sustainability, universal human rights, the rights of nature and peace on Earth. We Americans used to say that the American Dream is worth dying for. The new European Dream is worth living for."
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