Sinto-me bastante revoltado com as cenas que vi este fim de semana nas estradas portuguesas. Portugal tem uma Igreja Católica que é rica, poderosa e influente, que até se mete em certas questões políticas de uma forma despropositada e por vezes pouco elegante (como o panfleto sobre a referência ao catolicismo na futura constituição europeia), mas que é incapaz de propor uma solução para acabar com esta vergonha nacional que é o desfile perigosíssimo de milhares de peregrinos através das faixas de rodagem das nossas estradas. Eu já tinha escrito sobre este problema ilustrando o meu texto com umas fotos que mostram peregrinos em situações perigosas. Mas, o que vi este fim de semana foi largamente mais grave do que o que mostram essas fotos. Vi grupos de cerca uma centena de pessoas a ocupar uma faixa de rodagem da N1 antes do romper da aurora. Numa curva com perfil ao contrário e a descer perto de Condeixa fui praticamente obrigado a parar para não pôr em perigo a integridade dos peregrinos. Havia pessoas a saltar os separadores de betão e carros de assistência parados em plena faixa de rodagem. Da minha janela em Coimbra tenho vista para o viaduto da ponte de Açude em Coimbra, que é uma estrada onde é proibido o atravessamento de peões. Desde sexta, da minha janela observo grupos de algumas dezenas de peregrinos a atravessar o viaduto, chegando estes ao ponto de parar o trânsito, com direito a travagens no limite de carros e de camiões de grande porte. É um arrepio! De minha casa oiço o barulho de travagens o dia todo!
Então onde é que estão os movimentos pró-vida da Igreja Católica? Será que a vida dos peregrinos é carne para canhão? Custava muito à Igreja Católica celebrar um acordo com os municípios ou as regiões (se as houvesse) para construir uma rede de caminhos de peregrinação para Fátima no meio da natureza e fora das estradas nacionais???
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