A realização mais conseguida da União Europeia (UE) desde a sua criação em 1951, como Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, foi a expansão efectiva de uma fórmula que combina democracia, desenvolvimento sustentado e direitos sociais a espaços nacionais circundantes mais pobres e mais frágeis. Em mais nenhuma outra região do globo se realizou algo de semelhante. Em 1951 quando tudo começou com a Alemanha, a Bélgica, a França, a Itália, o Luxemburgo e a Holanda, estes países podiam ter optado por formar uma pequena fortaleza de prosperidade na Europa, mas não o fizeram. 53 anos mais tarde o modelo criado por estes países evoluiu e expandiu-se até 25 países. Pelo caminho foram integrados espaços nacionais com grandes dificuldades a quase todos os níveis como Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e a RDA, espaços esses que têm hoje outra consistência. O que é notável, é que à medida que grandes espaços como a Península Ibérica ou a RDA foram sendo integrados as prestações económicas da UE foram melhorando sem sacrificar a qualidade de vida dos cidadãos, nomeadamente em relação ao ambiente, à educação e às regalias sociais (férias, segurança social, horas de trabalho, etc.). Esperemos agora que a história se repita depois da entrada dos 10 novos parceiros.
Os maus exemplos
No início dos anos 80 cidadãos mexicanos e americanos jogavam volei na praia que fica entre San Diego e Tijuana utilizando como rede a vedação metálica da fronteira entre os EUA e o México. Hoje no mesmo local ergue-se um muro colossal, o maior muro do planeta que separa dois países. Navios militares de grande porte patrulham aquela costa. As diferenças acentuaram-se de um lado e do outro da fronteira. Ao contrário do que aconteceu na Europa, a prosperidade da América do Norte não se expandiu aos outros espaços nacionais adjacentes mais pobres: México, Guatemala, República Dominicana, Nicarágua, Panamá e Haiti. Isso deveria fazer reflectir os responsáveis pelos modelos económicos e sociais que foram escolhidos para desenvolver de uma forma equilibrada aquela região do mundo, mas há quem esteja mais ocupado com coisas importantíssimas como mudar o nome das batatas fritas de french fries (que ironicamente são belgas) para freedom fries.
Em relação ao leste asiático - o outro espaço de prosperidade do planeta - as recentes escaramuças na fronteira entre a Malásia e a Tailândia ilustram bem o resultado que se consegue quando se constróem espaços económicos somente baseados num liberalismo selvagem. O crash asiático dos anos 90 já tinha dado uma indicação que a maratona do desenvolvimento sustentado não se faz à custa de sprints liberais efémeros, mas pelos vistos por ali a classe política também não aprende muito.
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