A minha última crónica no Portal do Astrónomo:
Nesta crónica costumo descrever viagens fantásticas pelo Universo, que são unicamente fruto da minha imaginação. No entanto, a tentativa de fazer passar a imaginação humana por ciência é uma prática comum. A astrologia é um dos mais antigos exemplos e a ovnilogia dos mais recentes. Neste último domínio destaca-se o mistério de Roswell.
O famoso Mistério de Roswell baseia-se num incidente em que uma alegada nave alienígena se despenha em 1947 no deserto perto de Roswell, no Novo México, com extra-terrestres a bordo, tendo a nave sido de seguida removida e ocultada pelo exército americano. Apesar de alguma especulação nos jornais locais da época, o Mistério de Roswell só teve difusão mundial após um filme em que se exibia uma alegada autópsia a um extra-terrestre ter sido transmitido pela cadeia de televisão FOX em 1995. O filme da autópsia circulou posteriormente pelas televisões de todo o mundo, tendo sido vendido por quantias astronómicas. A RTP foi uma das televisões que adquiriu uma cópia do filme. Muitos de nós ainda recordamos o debate organizado na altura pela RTP, onde o Dr. José Pinto da Costa se insurgiu com insistência sobre a forma desastrada como a autópsia era realizada no filme. Desde então uma gigantesca campanha de marketing foi montada à volta do mistério de Roswell, foi construído um museu em Roswell dedicado ao incidente de 1947, foi comercializado merchandising diverso, foram produzidos inúmeros documentários e ainda séries televisivas e filmes que não escondem uma óbvia colagem ao clima de mistério gerado pelo filme da autópsia. A série “Ficheiros Secretos”, produzida pela mesma cadeia de televisão FOX e o filme “O Dia da Independência” são talvez as produções mais caras, mas que também geraram mais receitas, explorando o caso Roswell.
Recentemente, descobriu-se que o filme da autópsia é falso e que o seu produtor, Ray Santilli, recorreu ao escultor John Humphreys – também produtor de efeitos especiais que criou Max Headroom - para a realização do cenário do filme da autópsia. Recorrendo a um manequim desenhado para o efeito, a carne de galinha, a um cérebro e a uma perna de carneiro, Humphereys foi o artífice do extra-terrestre autopsiado. Os actores que participam na acção foram os próprios, sem qualquer experiência em autópsias, daí ser inteiramente legítima a célebre irritação do Dr. José Pinto da Costa. No documentário “Eamonn Investigates: The Alien Autopsy” (ver aqui) transmitido pela cadeia Sky, o assunto é dissecado quase na sua totalidade, tendo os autores da embuste enveredado por uma argumentação pouco convincente de que o filme da autópsia seria uma hipotética cópia de um filme original muito degradado que Santilli adquiriu nos EUA. O lucro gerado pelo filme da autópsia estima-se em 4 milhões de euros. Resta saber se o mistério de Roswell, refiro-me agora ao mistério comercial de Roswell, acaba na confissão Santilli, ou se tem ramificações a quem mais lucrou com a lenda: a cadeia de televisão Fox e a sua empresa irmã da sétima arte Twenty-Century Fox.
Nesta crónica costumo descrever viagens fantásticas pelo Universo, que são unicamente fruto da minha imaginação. No entanto, a tentativa de fazer passar a imaginação humana por ciência é uma prática comum. A astrologia é um dos mais antigos exemplos e a ovnilogia dos mais recentes. Neste último domínio destaca-se o mistério de Roswell.
O famoso Mistério de Roswell baseia-se num incidente em que uma alegada nave alienígena se despenha em 1947 no deserto perto de Roswell, no Novo México, com extra-terrestres a bordo, tendo a nave sido de seguida removida e ocultada pelo exército americano. Apesar de alguma especulação nos jornais locais da época, o Mistério de Roswell só teve difusão mundial após um filme em que se exibia uma alegada autópsia a um extra-terrestre ter sido transmitido pela cadeia de televisão FOX em 1995. O filme da autópsia circulou posteriormente pelas televisões de todo o mundo, tendo sido vendido por quantias astronómicas. A RTP foi uma das televisões que adquiriu uma cópia do filme. Muitos de nós ainda recordamos o debate organizado na altura pela RTP, onde o Dr. José Pinto da Costa se insurgiu com insistência sobre a forma desastrada como a autópsia era realizada no filme. Desde então uma gigantesca campanha de marketing foi montada à volta do mistério de Roswell, foi construído um museu em Roswell dedicado ao incidente de 1947, foi comercializado merchandising diverso, foram produzidos inúmeros documentários e ainda séries televisivas e filmes que não escondem uma óbvia colagem ao clima de mistério gerado pelo filme da autópsia. A série “Ficheiros Secretos”, produzida pela mesma cadeia de televisão FOX e o filme “O Dia da Independência” são talvez as produções mais caras, mas que também geraram mais receitas, explorando o caso Roswell.
Recentemente, descobriu-se que o filme da autópsia é falso e que o seu produtor, Ray Santilli, recorreu ao escultor John Humphreys – também produtor de efeitos especiais que criou Max Headroom - para a realização do cenário do filme da autópsia. Recorrendo a um manequim desenhado para o efeito, a carne de galinha, a um cérebro e a uma perna de carneiro, Humphereys foi o artífice do extra-terrestre autopsiado. Os actores que participam na acção foram os próprios, sem qualquer experiência em autópsias, daí ser inteiramente legítima a célebre irritação do Dr. José Pinto da Costa. No documentário “Eamonn Investigates: The Alien Autopsy” (ver aqui) transmitido pela cadeia Sky, o assunto é dissecado quase na sua totalidade, tendo os autores da embuste enveredado por uma argumentação pouco convincente de que o filme da autópsia seria uma hipotética cópia de um filme original muito degradado que Santilli adquiriu nos EUA. O lucro gerado pelo filme da autópsia estima-se em 4 milhões de euros. Resta saber se o mistério de Roswell, refiro-me agora ao mistério comercial de Roswell, acaba na confissão Santilli, ou se tem ramificações a quem mais lucrou com a lenda: a cadeia de televisão Fox e a sua empresa irmã da sétima arte Twenty-Century Fox.
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