O Pacto Ecológico apresentado por Nicolas Hulot antes do início da campanha eleitoral foi na minha opinião a contribuição política mais interessante para estas presidenciais francesas. Apontado pela imprensa como candidato, Nicolas Hulot surgiu nas sondagens com 10% de intenção de voto. Humildemente não apresentou candidatura às presidenciais, mas conseguiu a assinuatura do seu Pacto Ecológico da parte de todos os candidatos excepto Arlette Laguiller, Besancenot (já se sabe que o Marxismo tem resposta para tudo...), Le Pen, De Villiers e Nihous.
Na sequência do Pacto Ecológico, Nicolas Hulot lançou o livro "Pour un Pacte Écologique". A obra de Hulot para além de ser um interessantíssimo retrato das actuais sociedades em que vivemos, apresenta sem grandes preconceitos ideológicos 10 objectivos para que o nosso modo de vida possa ser compatível com os recursos finitos do planeta e com equilíbrio que rege os ciclos do clima terrestre. Hulot divide os seus objectivos em 10 áreas diferentes: economia, energia, agricultura, território, transportes, fiscalidade, biodiversidade, saúde, investigação científica e política internacional. Hulot apresenta números crús e chocantes sobre o nosso modo de vida actual: apenas 7% das matérias-primas estão presentes nos produtos que consumimos; 80% desses produtos são utilizados uma única vez; a produção de um computador portátil de 3kg necessita do equivalente energético de 350kg de petróleo; 1 kg de cereais necessita de 1000 litros de água; um hamburguer necessita de 10 mil litros de água; 47% dos frutos e legumes europeus contêm pesticidas; a superfície de florestas primárias do planeta foi reduzida a 1/4.
Esta é uma obra incontornável sobre a sustentabilidade do nosso modo de vida, sobre o futuro das próximas gerações e sobre a reflexão política a que estaremos obrigados nos próximos 100 anos, imposta pelos limites do nosso planeta. Assim que possível tentarei aqui transcrever algumas das suas passagens mais interessantes.
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