segunda-feira, maio 14, 2007
Belle de Jour
"Belle de Jour" de Luis Buñuel é uma adaptação ao cinema de um romance de Joseph Kessel. A qualidade dos elementos que Buñuel acrescentou ao original levaram o próprio Kessel a admitir que o filme era superior ao seu romance. Esta obra-prima de Buñuel conta a história de Séverine (Catherine Deneuve) uma aristocrata frígida, cuja vida sexual com Pierre, o seu marido, é praticamente inexistente. Severine descobre um discreto bordel, onde poderá trabalhar durante o dia, na ausência de Pierre, com o intuito de dar largas aos seus fantasmas e com a esperança de encontrar aí algo que possa dar de novo um sentido à sua vida sexual com Pierre. No entanto, os planos de Séverine serão alterados quando esta conhece Henri Husson (Michel Piccoli), um cliente habitual do bordel...
Esta obra-prima de Buñuel confrontou em 1967 a sociedade da época com fantasmas femininos que representavam uma clara transgressão às normas estabelecidas - estávamos a um ano do Maio de 68. No entanto, apesar das transformações sociais que ocorreram até aos dias de hoje, a obra de Buñuel continua actual. Para ilustrar a actualidade da obra transcrevo uma pequena parte de um excelente texto intitulado igualmente "Belle de Jour" da autoria Joana Amaral Dias publicado na revista Manifesto n°5:
"...apenas a validação a a apreciação da prostituição voluntária, que entretanto substituiu o discurso abolicionista na cena internacional, verdadeiramente desafia as perspectivas tradicionais sobre a sexualidade feminina, ela é frequentemente conjugada no modo criminal ou estigmatizante. As mulheres que escolhem ser prostitutas e recusam o estatuto de vítimas, são mais provavelmente ostracizadas e desprezadas... implicitamente dizendo-se que, pela sua transgressão, "merecem o que têm"."
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