Registo que os defensores do Não andam muito preocupados com a vertente económica do aborto. Como já aqui tinha escrito em Março de 2005, presume-se que o João Miranda, entre outros, estão dispostos a pagar os julgamentos de mulheres acusadas de aborto. Eu acho que isso é chato. Para evitar este incómodo financeiro, basta ir ao baú das velhas e boas práticas da Igreja:
"[O Papa] Inocêncio desancadeou um movimento de acusação, tortura e execução sistemáticas de inúmeras "bruxas" em toda a Europa (...) [segundo Thomas Ady em "A Candle in the Dark"] se uma mulher for acusada de bruxaria, é uma bruxa. A tortura é um meio infalível de demonstrar a validade da acusação. A ré não tem quaisquer direitos. Não há oportunidade de um confronto com os acusadores. Dá-se pouca atenção à possibilidade de as acusações poderem ser feitas com objectivos ímpios - por ciúme, por exemplo, ou por vingança, ou pela cupidez dos inquisidores, que costumavam fiscar em seu proveito os bens da acusada. (...) [a tortura] inclui métodos de sevícias concebidos para libertar os demónios do corpo da vítima antes desta ser mortas (...) Isto tornou-se rapidamente um sistema de fraude financeira. Todos os custos da investigação, julgamento e execução ficavam a cargo da acusada e seus familiares - incluindo as diárias pagas aos investigadores privados contratados para espiar a ré, vinho para os guardas, banquetes para os juízes, as despesas de viagem de um mensageiro enviado para ir buscar um torturador mais experiente a outra cidade, bem como lenha para a fogueira, o alcatrão e a corda para o enforcamento. E havia ainda um bónus para os membros do tribunal por cada bruxa queimada. O remanescente dos bens da bruxa condenada, se ainda houvesse algum, era dividido entre a Igreja e o estado."
"Um Mundo Infestado de Demónios", Carl Sagan, Gradiva, 2002, pp. 127-129.
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