

Sei que para muitos é uma heresia escrever isto, mas na minha opinião "Malena" é o melhor filme de Giuseppe Tornatore. Se tiver paciência um dia escreverei aqui o que acho de "Cinema Paraíso". Em "Malena", Tornatore mostra como é fácil e como é apetecível para uma comunidade condenar a mulher com alguma qualidade que não se submete aos códigos tradicionais. Pode ser o caso de uma mulher muito bonita que desperta desconfianças femininas ou que provoca mau estar entre os homens incapazes de ganhar a sua intimidade. Pode ser também o caso de uma mulher muito inteligente que ameaça o território intelectual masculino, em domínios habitualmente interditos a mulheres. Se uma mulher reunir estas duas qualidades o caso torna-se muito mais bicudo. A relação entre a comunidade e Malena (Monica Bellucci) faz-se em função da ameaça que esta representa ou não aos códigos estabelecidos. A cena de vingança popular sobre Malena por esta ter sido uma das prostitutas do bordel nazi aí instalado, é apenas um pretexto para castigar Malena, castigá-la por ser muito bonita, castigá-la pelo efeito que provoca entre os maridos, castigá-la porque não foi suficientemente amável para alguns homens e castigá-la por não se render à penitência moralista que a comunidade inflige a si mesma.
Sem comentários:
Enviar um comentário