A isto chama-se fuga para a frente:
"[O atentado da ETA] mostrou a enorme irresponsabilidade do caminho negocial que iniciou com o terrorismo", J. Pacheco Pereira, "A ETA e Zapatero" no Abrupto.
Acho espantoso como é que uma pessoa inteligente que tomou as posições que tomou sobre o conflito iraquiano - onde estoiram bombas quase diariamente que fazem dezenas de vítimas - achar que o atentado do aeroporto de Madrid mostra a enorme irresponsabilidade do caminho negocial. Deveremos concluir que uma escolha responsável é a escolha do caminho bélico que se iniciou no Iraque?
Esta entrada do Abrupto é o exemplo típico da indiferença aos atentados diários no Iraque a que me referi na entrada anterior em contraste com a sobrevalorização excessiva a tudo o que se passa no Ocidente. Vivemos tempos em que uma mochila perdida no metro de Londres ou de Madrid provoca histerias colectivas enquanto uma bomba que explode junto a uma estação de serviço em Bagdade matando 20 pessoas e ferindo 30 provoca um enorme bocejo em frente ao televisor. O sangue branco e ocidental é hipervalorizado, vale muito mais do que o sangue mesopotâmico.
Esta entrada revela também um estilo de crónica grosseira que começa a ser demasiado habitual (V. Graça Moura usa e abusa deste estilo). Parte-se de pressupostos de deturpação grosseira da realidade para depois se atacar o adversário político através de um exercício de retórica inteligente e sofisticado, de interessante leitura, que embala alguns leitores em justificações desejadas, mas longe (ou fora) da realidade. Esta passagem é outro exemplo deste estilo:
"políticas de Aznar que serviam Espanha: (...) uma política de intransigência com o terrorismo basco..."
A política de intransigência com o terrorismo basco foi nada mais nada menos que igualar a ETA à Al Qaeda. Foi afirmar que um grupo terrorista com objectivos sobretudo nacionalistas e territoriais fosse comparado a uma organização de escala quase planetária cujo o objectivo é o de converter todo planeta a uma visão deturpada de uma religião, utilizando para isso os meios que forem necessários. O resultado é conhecido. Aznar atraiu para Espanha a Al Qaeda e foi surpreendido pelo maior atentado vivido em Espanha desde o fim da Guerra Civil. Aznar não poderia ter feito pior, porque era muito difícil fazer pior.
Além do mais não há memória de no tempo de Aznar o Batasuna fazer declarações em que se demarca do núcleo mais violento da ETA (se é que estes ainda se consideram da ETA). Contrariamente a tudo o que escreve JPP, o que este atentado de Madrid revelou foi que a sociedade espanhola passou a perceber muito bem com quem é que não pode negociar: com o núcleo violento que se isola cada vez mais dentro da ETA e com os obcecados do terrorismo do PP, próximos de Aznar.
"[O atentado da ETA] mostrou a enorme irresponsabilidade do caminho negocial que iniciou com o terrorismo", J. Pacheco Pereira, "A ETA e Zapatero" no Abrupto.
Acho espantoso como é que uma pessoa inteligente que tomou as posições que tomou sobre o conflito iraquiano - onde estoiram bombas quase diariamente que fazem dezenas de vítimas - achar que o atentado do aeroporto de Madrid mostra a enorme irresponsabilidade do caminho negocial. Deveremos concluir que uma escolha responsável é a escolha do caminho bélico que se iniciou no Iraque?
Esta entrada do Abrupto é o exemplo típico da indiferença aos atentados diários no Iraque a que me referi na entrada anterior em contraste com a sobrevalorização excessiva a tudo o que se passa no Ocidente. Vivemos tempos em que uma mochila perdida no metro de Londres ou de Madrid provoca histerias colectivas enquanto uma bomba que explode junto a uma estação de serviço em Bagdade matando 20 pessoas e ferindo 30 provoca um enorme bocejo em frente ao televisor. O sangue branco e ocidental é hipervalorizado, vale muito mais do que o sangue mesopotâmico.
Esta entrada revela também um estilo de crónica grosseira que começa a ser demasiado habitual (V. Graça Moura usa e abusa deste estilo). Parte-se de pressupostos de deturpação grosseira da realidade para depois se atacar o adversário político através de um exercício de retórica inteligente e sofisticado, de interessante leitura, que embala alguns leitores em justificações desejadas, mas longe (ou fora) da realidade. Esta passagem é outro exemplo deste estilo:
"políticas de Aznar que serviam Espanha: (...) uma política de intransigência com o terrorismo basco..."
A política de intransigência com o terrorismo basco foi nada mais nada menos que igualar a ETA à Al Qaeda. Foi afirmar que um grupo terrorista com objectivos sobretudo nacionalistas e territoriais fosse comparado a uma organização de escala quase planetária cujo o objectivo é o de converter todo planeta a uma visão deturpada de uma religião, utilizando para isso os meios que forem necessários. O resultado é conhecido. Aznar atraiu para Espanha a Al Qaeda e foi surpreendido pelo maior atentado vivido em Espanha desde o fim da Guerra Civil. Aznar não poderia ter feito pior, porque era muito difícil fazer pior.
Além do mais não há memória de no tempo de Aznar o Batasuna fazer declarações em que se demarca do núcleo mais violento da ETA (se é que estes ainda se consideram da ETA). Contrariamente a tudo o que escreve JPP, o que este atentado de Madrid revelou foi que a sociedade espanhola passou a perceber muito bem com quem é que não pode negociar: com o núcleo violento que se isola cada vez mais dentro da ETA e com os obcecados do terrorismo do PP, próximos de Aznar.
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