É engraçado notar a semelhança entre o incómodo causado pelo 25 de Abril nas pessoas que não digeriram bem o fim do Estado Novo e o incómodo causado pela queda do Muro de Berlim nos comunistas saudosistas dos países de leste. E não me refiro à treta da discussão sobre o "R", que na minha opinião só introduziu ruído na comemoração dos 30 anos do 25 de Abril. Sinceramente, até achei uma evolução muita gente de direita ter abraçado o 25 de Abril através do slogan da "Evolução". Há não muito tempo ainda ouvíamos muitos políticos do PSD e do PP a lamentarem-se por a Ponte Salazar ter mudado de nome para Ponte 25 de Abril. "Foi ele que a construiu", diziam eles. Então não foi?! Andou lá a carregar baldes de cimento nas obras! Nomes como Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), Paulo Portas e Manuel Monteiro proferiram declarações deste tipo. MRS até foi mais longe dizendo que os capitães de Abril tomaram o poder de uma forma ilegítima. Isto passou-se há três, quatro anos. Por isso até achei que a direita fez uma boa evolução neste aspecto e fiquei caladinho nessa polémica do "R". A semelhança aos saudosistas dos ex-regimes comunistas a que me refiro é patente nos textos do FA do blogue Quinto dos Impérios.
FA leu um texto em que eu criticava a actual classe política polaca e leu-o na diagonal! Só pode, para fazer a interpretação abusiva que faz do meu texto... Diz FA: "Achará concerteza que Húngaros e Polacos estavam melhor antes da implantação do regime democrático". Não há uma única linha no meu texto que ponha em causa o fim do comunismo, pelo contrário. E depois continuou a divagar de uma forma que revela muita precipitação, pois a sua interpretação é claramente contrariada pela ideia geral da minha série de textos sobre o Alargamento, em que me congratulo bastante com este acontecimento que é de carácter democrático e de ruptura completa com o passado ligado ao Imperialismo Soviético. Mas, assim que comecei a ler os textos recentes de FA no Quinto dos Impérios percebi rapidamente a ânsia e a sofreguidão de me "apedrejar" de uma forma tão precipitada e despropositada. Percebe-se bem neste texto que FA fica deprimido com o 25 de Abril. É uma data que lhe causa alguma azia. Este tipo de desabafo: "Cada vez mais me convenço que o meu Abril não é de 74 ou 75", é típico de quem não resolveu o seu conflito com a revolução de Abril. Os comunistas dos países de leste, têm exactamente a mesma reacção em relação à data do fim do Muro de Berlim. Ficam com azia. Dizem que aquela não é a data deles. Que aquilo era um bando de selvagens sem legitimidade democrática a destruir um muro e criticam sempre qualquer detalhe das comemorações desse importante evento.
A Oeste e a Leste a azia ataca quem não se dá bem com a liberdade.
Sai um Alka-Seltzer para o Vasco Pulido Valente!
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