Algo que me intriga em relação aos Polacos, aos Húngaros e ao povo Judeu, é que são povos que espalharam pelo mundo um número impressionante de talentos e de pessoas brilhantes, mas depois nos respectivos países possuem governos absolutamente decepcionantes, onde graça a estupidez no seu estado mais bruto. Na Polónia nasceram alguns dos melhores músicos, físicos e escritores do mundo. Personalidades nascidas na Polónia ganharam prémios Nobel em várias áreas, entre os mais conhecidos estão os físicos Maria Sklodowska (Marie Curie) e Georges Charpak. Ao contrário, a classe política polaca é composta em grande parte por gente manhosa altamente comprometida em negociatas pouco claras. É caso para dizer: em casa de ferreiro espeto de pau! Depois da queda do Muro de Berlim, uma classe política oportunista amanhou-se à grande vendendo quase todo o tecido industrial a empresas americanas e alemãs ao preço da chuva (atenção, não estou a insinuar que os políticos do antigo regime comunista eram melhores). Em 1993 tive a oportunidade de visitar Varsóvia e fiquei verdadeiramente abismado com a quantidade de estabelecimentos de fast-food americanos que existiam no centro da cidade, ocupando indiscriminadamente edifícios históricos ou modernos. Para terem uma ideia, na altura fui visitar o impressionante Centro Cultural de Varsóvia para desanuviar a vista de copos de Coca-cola (havia todas as variedades de Pepsi e de Coca-cola que em Portugal nunca apareceram) e de hambúrgueres, mas quando entrei logo ali no hall de entrada havia uma exposição de esculturas de Coca-cola! Eram latas e latinhas retorcidas, garrafas e copinhos de todos os tipos da referida marca!
Por isso, não me espantei mesmo nada quando a Polónia foi o único país da Europa de Leste que enviou um contingente significativo, que não era meramente simbólico, para o Iraque, apesar de todos os problemas económicos que o país atravessa. Havia que prestar vassalagem ao Imperador. Mas entretanto as coisas mudaram e a Polónia parece ter acordado do limbo político manhoso em que se encontrava. O primeiro ministro Leszek Miller vai demitir-se do seu cargo dia 2 Maio, um dia depois da adesão da Polónia. A sua classe política parece ter recuperado a lucidez e muito provavelmente as suas tropas serão retiradas do Iraque. O fim da sua participação na irresponsabilidade chamada Iraque é simbolicamente muito forte, pois a Polónia era um daqueles trunfos que os irresponsáveis da actual administração americana usavam na sua vergonhosa campanha anti-europeia. Saiu-lhes o tiro pela culatra! Num dos primeiros textos da Klepsýdra eu alertei que algo deste género poderia acontecer, dado o crescendo fortíssimo que o anti-americanismo está a ter nos países de leste.
Esperemos então que a adesão da Polónia seja marcada por uma saudável renovação da sua classe política e seja capaz de criar uma nova classe política ao nível de todos os cérebros brilhantes que a Polónia ofereceu ao mundo.
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Alargamento: uma canção eslovaca
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