"Jesus Camp" de Heidi Ewing and Rachel Grady é um documentário que questiona as práticas religiosas de uma seita protestante norte americana representativa da corrente espiritual com mais influência junto da actual Administração Bush. Toda a cartilha moralista da Casa Branca é expressa em "Jesus Camp" na sua forma mais radical, pelos mais puros entre os puros.
Na cena inicial, uma criancinha aprende por um livro escolar que o darwinismo não existe, foi tudo criado por Deus (obviamente), e que o aquecimento global se trata de uma conspiração inventada pelos cientistas (onde é que nós já ouvimos isto?). Aliás, são as crianças os actores principais deste filme, que nos mostra o dia-a-dia de um campo de férias organizado pela referida seita evangelista. A directora do campo de férias informa-nos que no Médio Oriente, "eles" ensinam as crianças desde tenra idade a manipular armas para combater o cristianismo e que "nós" deveríamos fazer melhor do que "eles". De Jesus, o verdadeiro, o da Bayer, o campo de férias não tem quase nada, o campo na verdade é um vulgar negócio onde as crianças são simultaneamente o trabalhador e o produto. Esse é verdadeiro segredo das escolas de lavagem ao cérebro que se vão tentando implantar um pouco por todo lado nos EUA. A não obrigatoriedade de sujeitar os alunos a exames nacionais com a mesma matéria e com um nível de dificuldade que exprima o rigor próprio do ano escolar que frequentam, abre portas a que surjam escolas de fanatismo religioso, onde os alunos pouco ou nada aprendem sobre ciência, cultura e literatura. A lavagem ao cérebro a que estão sujeitos serve unicamente para perpetuar um negócio perigoso que explora as fraquezas sentimentais dos cidadãos, em particular os das próprias crianças.
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