Os custos do novo Túnel do Marquês já vão em cerca de 19 milhões de euros e "ainda não estão fechados" como afirmou o próprio Carmona Rodrigues. O Túnel é uma obra estrategicamente errada que vai contra todas as regras actuais de organização das grandes cidades. A subida do preço do petróleo, a escassez prevista deste recurso e o aquecimento global irão obrigar inevitavelmente a que as grandes cidades organizem prioritariamente a sua mobilidade em função dos transportes públicos e não em função do transporte individual e poluente, como é o caso do automóvel. Ao contrário do que se pretende através da abertura do Túnel do Marquês, o acesso do automóvel ao centro das grandes cidades deve ser progressivamente limitado e não aumentado ou facilitado. Ao contrário da filosofia subjacente à obra do Marquês, é ao transporte público que deve ser facilitado o acesso e a mobilidade dentro do espaço urbano. Não se pense que este erro não comportará custos adicionais ao custo efectivo da obra (ainda não fechado). A obra incitará a mais investimento errado em mais transporte individual, carburante e a tudo o que lhe está associado, a que se somam os custos inerentes à emissão de mais gases de feito de estufa e retira desnecessariamente potenciais clientes aos transportes colectivos de Lisboa que são pagos pelos contribuintes de todo o país. Estranho que no recente frenesim de exigência de estudos de obras públicas (que acho muito bem) não se tenha discutido publicamente o custo/benefício desta obra.
No próximo dia 25 de Abril, no momento da sua inauguração, o Túnel do Marquês será já uma obra obsoleta, desnecessária e com custos futuros que se acumularão à factura que continua a subir.
Esta obra é também um símbolo do centralismo deste país. Um país que está a cometer um interioricídio arrepiante, enterra mais de 19 milhões de euros numa obra desnecessária mesmo no umbigo da capital, quando no resto do país existem carências de toda a ordem nos transportes urbanos, nos transportes ferroviários e rodoviários entre cidades e projectos essenciais que não saem do papel há décadas (ex: metro de superfície de Coimbra).
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