É curioso, em 2006, verificarmos os resultados de duas políticas europeias distintas sobre a ostentação de símbolos religiosos nas escolas públicas.
Em França desde que entrou em vigor a circular Bayrou de 1994 que proibia a ostentação de símbolos religiosos nas escolas, o número de casos de litígio sobre a aplicação da lei baixou de 9000 em 1994 para 300 em 2006. Devo esclarecer que por princípio não concordo com este tipo de procedimento, mas devo confessar que os resultados são sem dúvida muito positivos.
No Reino Unido, a política seguida nas escolas públicas foi a de não restrição de ostentação de símbolos religiosos, embora nalguns casos tivesse existido um acordo em adaptar a farda escolar obrigatória à cultura de origem dos alunos, permitindo os turbantes no caso de estudantes indianos. Os resultados no Reino Unido são catastróficos a todos os níveis na comunidade muçulmana, sobretudo no abandono da escola pública pela escola corânica, cuja dimensão escapa aos responsáveis políticos. É neste particular que se comete o erro mais grave. A inexistência de documentos de identificação oficiais permite aos movimentos islâmicos mais radicais colocarem fora de circulação milhares de crianças - o estado britânico não sabe da sua existência - que vão encher as escolas corânicas controladas pelos mesmos movimentos.
A recente polémica da professora muçulmana que se apresentou numa escola pública para ensinar de véu, através do qual apenas se vislumbravam os olhos, mostra o estado de degradação a que se chegou no Reino Unido.
Preferia que não existissem interdições, parafraseando Cohn Bendit, preferia que as raparigas entrassem para o liceu de lenço na cabeça e saíssem de cabelo pintado e piercing no umbigo. Mas os franceses que foram tão criticados de jacobinismo por alguns anglófilos da nossa praça acabam por sair claramente vencedores deste combate, muito graças ao seu pragmatismo e àquele espírito de "raleurs" que é bem conhecido.
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