quinta-feira, outubro 19, 2006

A evidente influência do CO2 no aquecimento global


(Sítio UNEP)

Estive a ler os comentários nos vários blogues ao gráfico aqui apresentado que mostra a evolução da temperatura global e da concentração de CO2 ao longo dos últimos 400 mil anos e noto que há alguma confusão na interpretação dos dados, que são bem simples, principalmente da parte do autor da confusão: o João Miranda.

Após dezenas de entradas sobre o aquecimento global dou-me conta que o João Miranda não percebeu o que é um gás a efeito de estufa, como o CO2. Um gás como o CO2 não "aquece", o CO2 não é radiação, mas é um gás que uma vez fortemente concentrado na atmosfera impede uma quantidade importante de radiação de se escapar da Terra para o espaço. Por isso, o CO2 - usando as palavras do João quando acertou enquanto se enganava - funciona como amplificador do aquecimento global. Pois é, tal como uma estufa. Uma estufa não precisa de aquecedor, basta que não deixe sair uma determinada quantidade de radiação para que a sua temperatura interior aumente. Se não existissem gases de efeito de estufa e a atmosfera fosse completamente transparente à radiação infravermelha emitida pela Terra, a temperatura à superfície seria de -18°C. À semelhança do que acontece nos planetas desprovidos ou de ténue de atmosfera. Por isso e ao contrário do que refere o João Miranda, é importantíssimo conhecer a relação entre a concentração de CO2 e o aquecimento global, pois são os gases a efeito de estufa (e não a radiação) a causa determinante para que a temperatura média na Terra seja cerca de 15°C em vez de -18°C.

O comentário que acompanha o gráfico do UNEP é claríssimo:
"The information presented on this graph indicates a strong correlation between carbon dioxide content in the atmosphere and temperature". Os comentários de Caillon para os quais João Miranda remete ainda o reforçam mais: "Some (currently unknown) process causes Antarctica and the surrounding ocean to warm. This process also causes CO2 to start rising, about 800 years later. Then CO2 further warms the whole planet, because of its heat-trapping properties. This leads to even further CO2 release. So CO2 during ice ages should be thought of as a "feedback", much like the feedback that results from putting a microphone too near to a loudspeaker."
O João Miranda confundiu o papel do CO2 com o da radiação, esqueceu-se que o CO2 é a estufa e não a radiação que fica aprisionada na estufa aquecendo o seu interior... Acontece!

Por todas as razões apontadas acima é que o gráfico dos gelos de Vostok é uma espécie de xeque-mate às teorias negacionistas do aquecimento global, sobretudo quando cruzado com os gráficos abaixo apresentados que mostram a subida vertiginosa da concentração do dióxido de carbono nos últimos anos provocada pela actividade humana, acompanhada do respectivo aumento de temperatura. Comentário do UNEP: "A possible scenario: anthropogenic emissions of GHGs could bring the climate to a state where it reverts to the highly unstable climate of the pre-ice age period. Rather than a linear evolution, the climate follows a non-linear path with sudden and dramatic surprises when GHG levels reach an as-yet unknown trigger point."


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