"Infiltrado" não é um Spike Lee como os outros. A receita base é tipo Hollywood mas o cozinheiro, não é um cozinheiro qualquer, é Spike Lee. É como pedir a um grand maître para fazer um simples bife com batatas fritas. "Infiltrado" conta a história de um sofisticado assalto a um banco cujo objectivo vai para além do próprio assalto, onde todos os personagens parecem cúmplices de alguém do lado oposto da barricada. Pelo meio Spike Lee introduz bem ao seu estilo alguns diálogos interessantes sobre as tensões étnicas e sociais do meio nova-iorquino: o polícia branco ameaçado num bairro negro, o contraste entre a linguagem dos nova-iorquinos de berço de ouro e os da periferia, o desconhecimento embaraçoso da Albânia e de Enver Hoxa numa cidade multicultural, etc.
Spike Lee vs 50 Cent
Em "Infiltrado" Spike Lee volta à carga na sua crítica ao rapper 50 Cent. Fiel à máxima de que primeiro é preciso varrer o lixo em frente à sua porta, Spike Lee denuncia a onda 50 Cent através da cena em que um rapazinho joga um violento videojogo de gangsters cuja inspiração vem da obra do rapper, nomeadamente da filosofia de vida "get rich or die or die tryin" (uma das variantes do american dream). Não é por acaso que o verdadeiro gangster do filme, um albanês, chocado com a violência do videojogo diz ao rapazinho que vai ter que conversar seriamente com o seu pai.
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