O debate entre Spike Lee e Curtis James Jackson (50 Cent) é um dos mais interessantes debates da actualidade, embora difícil de seguir nas TV's americanas pouco dadas a debates intelectuais entre afro-americanos, especialmente a Fox, uma TV de brancos para brancos. No entanto, inúmeros fóruns na internet mostram que este debate não deixa indiferente essa América dos bairros de Spike Lee e de 50 Cent.
Apesar de achar pobrezinho o gangsta rap de 50 Cent e merecedor de poucas simpatias da minha parte, há algo que aprecio na personagem. 50 Cent veio de um meio difícil e embora o relembre repetidamente, 50 Cent raramente se arma em vítima. Numa era em que a vitimização é fácil e barata (especialmente nos meios islamistas do Médio Oriente e na América Latina), pelo menos 50 Cent tem a virtude de ser pouco dado a hipocrisias.
50 Cent apresenta-se e representa-se como um gangster, fazendo uso exaustivo de toda a simbologia de poder dos gangsters: o dinheiro, os grandes carros, as piscinas, as gajas, o proxenetismo, os anéis, o ouro e os diamantes. É esta faceta gangster que é o alvo principal dos ataques de Spike Lee. Uma crítica especialmente deliciosa e incisiva de Spike Lee a 50 Cent é aquela interpretada pelo magnífico John Turturro através da personagem Don Angelo Bonasera no filme "Ela odeia-me". Nesta película, o mafioso Bonasera ensaia um discurso delirante no contexto em que decorre a narrativa, mas absolutamente sóbrio sobre os novos tempos da máfia e dos gangsters. Segundo Bonasera os verdadeiros gangsters continuam a pertencer à comunidade italiana e de uma forma jocosa constata as pretensões de 50 Cent e de outros oriundos da comunidade afro-americana à categoria de gangsters. Mas Bonasera lamenta que os seus recrutas mais jovens que cresceram a ouvir Sinatra, tenham acabado a ouvir Snoop Dogg...
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