Escreveram-se muitos romances sobre Marte. Sobretudo desde que Percival Lowell descobriu que o planeta vermelho possuía canais de uma dimensão comparável ao Grande Canyon. Desde a «Guerra dos Mundos» de George Orwell até às Amazing Tales, Marte fez parte do imaginário da ficção científica. Mas há um romance que se destaca pela profundidade da reflexão que proporciona e pelo colorido das suas personagens e das propostas futuristas do autor. Essa obra é o «Estranho numa terra estranha», a história do homem que veio de Marte.
O Homem de Marte é Valentin Michaël Smith, Mike, o filho de um casal de investigadores que participa numa missão tripulada a Marte que resulta num falhanço. Todos os tripulantes morrem em Marte excepto Mike cujo nascimento ocorreu no planeta vermelho. Mike é educado pelos marcianos. Anos mais tarde uma nova missão vinda da Terra chega a Marte e entra em contacto com os marcianos. Mike é levado para a Terra. Apesar de fisicamente Mike ser um humano, Mike vive como um marciano. Mike é envolvido numa trama rocambolesca de interesses. Alguns tentam aplicar direito Terrestre abusivamente ao planeta Marte. Todos os falcões do liberalismo cercam Mike desde as cadeias de «estereovisão» até aos movimentos espirituais que dão tudo ao devotos que os devotos querem (onde é que já ouvimos isto?). Até que Mike cai na armadilha…
O que me agrada neste livro é que foge a muitos dos vícios típicos dos romances anglo-saxónicos como a bocejante luta entre o «bem» e o «mal». Há ali muitos personagens com comportamentos dúbios e subversivos, ninguém parece inocente nem o próprio Mike. Estamos sempre a duvidar se ele é mesmo aquele «bom selvagem» que aparenta. Temas como a sociedade, a política, o sexo, a religião e até o direito à propriedade são constantemente postos em causa!
Aqui vos deixo este aperitivo para a noite da oposição de Marte. Boas observações.
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