"As Vidas dos Outros" é na minha opinião um dos melhores filmes de 2006. O grande interesse desta obra de Florian Henckel von Donnersmarck - Filme Europeu do Ano e Oscar para o Melhor Filme Estrangeiro - é o de mostrar até que ponto a polícia política da ex-RDA era capaz de corromper a alma dos cidadãos, mesmo dos que se esforçavam para não pactuar com o regime. O filme abre com um interrogatório a um preso político que evidencia dois aspectos tenebrosos. Primeiro, é difícil não associar o efeito produzido pela farda de Gerd Wiesler e o ambiente de interrogatório, às fardas e aos interrogatórios do período nazi. Para muitos Stasis o fim da Segunda Guerra Mundial constituiu apenas uma pequena mudança de adereço da farda, onde a suástica foi substituída pela foice e o martelo. Em segundo lugar, o interrogatório em si, acompanhado pela sua explicação académica apresentada numa sala de aula, mostra a verdadeira essência da perseguição política. Curiosamente, outro alemão, o padre jesuíta Friedrich von Spee já tinha escrito em 1631 a propósito da inquisição e da caça às bruxas, na obra Cautio Criminalis, algo que ilustra na perfeição a natureza destes interrogatórios:
"[A acusada de bruxaria] ou levou uma vida de pecado e indigna, ou levou uma vida boa e respeitável. No primeiro caso, deve ser considerada culpada. Por outro lado, se levou uma vida boa, também deverá ser condenada, pois as bruxas são dissimuladas e tentam parecer particularmente virtuosas"
Preso por ter cão e por não ter, assim foram as perseguições políticas tanto na comunista RDA como no Portugal fascista de Salazar e Caetano. Aliás o filme mostra isso mesmo, mostra que os métodos das ditaduras comunistas eram muito parecidos com os das ditaduras fascistas.
A narrativa de "As Vidas dos Outros" segue o trabalho do stasi Gerd Wiesler (Ulrich Mühe) que tinha por missão escutar e investigar a vida privada de Dreyman, um intelectual objecto de suspeita do regime. Seguimos primeiro as suas certezas, depois as suas dúvidas, enquanto isso as vidas dos outros, de Dreyman e da sua companheira Christa-Maria (Martina Gedeck) vão-se degradando. O efeito corrosivo do regime é tal que atinge as mais sólidas relações amorosas.
Martina Gedeck tem neste filme mais uma das suas grandes interpretações do ano, depois de "Partículas Elementares". Aqui na Klepsýdra é já considerada uma das melhores actrizes deste nosso planeta azul.
"[A acusada de bruxaria] ou levou uma vida de pecado e indigna, ou levou uma vida boa e respeitável. No primeiro caso, deve ser considerada culpada. Por outro lado, se levou uma vida boa, também deverá ser condenada, pois as bruxas são dissimuladas e tentam parecer particularmente virtuosas"
Preso por ter cão e por não ter, assim foram as perseguições políticas tanto na comunista RDA como no Portugal fascista de Salazar e Caetano. Aliás o filme mostra isso mesmo, mostra que os métodos das ditaduras comunistas eram muito parecidos com os das ditaduras fascistas.
A narrativa de "As Vidas dos Outros" segue o trabalho do stasi Gerd Wiesler (Ulrich Mühe) que tinha por missão escutar e investigar a vida privada de Dreyman, um intelectual objecto de suspeita do regime. Seguimos primeiro as suas certezas, depois as suas dúvidas, enquanto isso as vidas dos outros, de Dreyman e da sua companheira Christa-Maria (Martina Gedeck) vão-se degradando. O efeito corrosivo do regime é tal que atinge as mais sólidas relações amorosas.
Martina Gedeck tem neste filme mais uma das suas grandes interpretações do ano, depois de "Partículas Elementares". Aqui na Klepsýdra é já considerada uma das melhores actrizes deste nosso planeta azul.
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