Aviso à navegação antes de lerem o texto que se segue:
1- Não nutro qualquer simpatia por Pinto da Costa, qualquer comentário que me ligue a essa figura será pura e simplesmente ignorado;
2- Considero um 4° lugar num campeonato do mundo um resultado muito bom;
3- O futebol é um jogo, não é uma catástrofe natural, nem uma guerra, nem um despedimento colectivo, por isso aviso já que não respondo a comentários raivosos.
Joguei mais de uma dezena de anos basquetebol, tive grandes treinadores e também tive maus treinadores, por isso não é um trapalhão como Scolari que me vai deslumbrar.
Erros Básicos de Scolari
- Um treinador que não é capaz de formar uma equipa com os melhores jogadores, não deve ser treinador, deve fazer outra coisa qualquer.
- Fazer jogos de preparação apenas contra equipas modestas (Cabo Verde e Luxemburgo), não só é redundante como não permite qualquer treino táctico e estratégico para defrontar equipas do mesmo nível ou superior. Quem praticou desportos colectivos sabe perfeitamente que estes jogos são aproveitados para dar asas ao individualismo, para fazer aquela jogada de sonho, para se bater aquele record pessoal e a recompensa de motivação colectiva que proporcionam pode por vezes traduzir-se num perigoso excesso de confiança.
- A disciplina trabalha-se no início da época e não no decorrer da fase final de uma competição, quando existe já um clima de excitação. O mau comportamento na selecção já vem dos Jogos Olímpicos onde Cristiano já apresentara mau comportamento, onde Boa Morte e Hugo Viana foram expulsos, ficando a expulsão deste último a dever-se a Ricardo Costa. Como desde então nada foi feito para disciplinar estes jogadores, assim que começaram as primeiras provocações ao Cristiano, não houve capacidade para travar a onda de indisciplina.
- Não se deve divulgar a formação de uma equipa um dia antes da partida durante uma grande competição como um campeonato da Europa. Scolari fê-lo duas vezes, e as duas vezes saiu derrotado contra a Grécia. Isto não quer dizer que perdemos exclusivamente por esse motivo, quer dizer sim que a probabilidade de se perder um jogo aumenta quando se oferece a composição da equipa ao adversário.
Os números mais significativos deste Mundial
- 4° lugar.
- Balanço de golos: 7-5 em 7 jogos
Na péssima campanha de 2002 foi de 6-4 em 3 jogos. No Mundial de 1966 de 17-8 em 6 jogos. Reparem que a prestação da equipa de Scolari está muito próxima da desastrosa campanha de 2002 que durou apenas 3 jogos e está a léguas da brilhante campanha de 66. Aliás o vergonhoso Holanda-Portugal parecia tirado a papel químico do Coreia-Portugal: duas expulsões, muita indisciplina (um Figo com atitudes nunca vistas), bolas no ferro decisivas (a de Sérgio Conceição correu mal e a de Kuyt correu bem para nós) e o erro de esgotar as substituições tirando Pauleta ficando Portugal sem pontas-de-lança para um possível prolongamento.
- Portugal bateu o record de 365 minutos sem marcar golos (Maniche aos 23' contra a Holanda até Nuno Gomes aos 88') e de cerca de 250 minutos sem uma ocasião perigosa.
A análise destes números não resiste à conclusão de que o resultado foi muito melhor do que o trabalho desenvolvido. O futebol é um desporto que possui uma componente aleatória importante, essa incerteza contribui em muito para a sua beleza. O trabalho principal de um treinador é diminuir tanto quanto possível essa componente aleatória e controlar o máximo possível os outros aspectos do jogo. Estes números mostram claramente que Scolari andou a jogar à roleta russa com a selecção. A roleta foi-nos favorável até às meias-finais. Mas se é um jogador de roleta que se pretende para dirigir a selecção podemos ir buscar o treinador dos Dragões Sandinenses, na Taça de Portugal o homem tem tido mais sorte e não tem estrelas na equipa como o Figo ou o Cristiano.
Trapalhada Estratégica e Táctica
A estratégia de Portugal na campanha para este mundial mostrou a bizarria de uma equipa que joga no mesmo esquema 4-5-1 (com os laterais a subirem) quer o adversário seja o Lieschtenstein, quer seja a França! Portugal nunca ensaiou a utilização de dois pontas-de-lança, excepto a 10 minutos do fim contra a França (Postiga e Meira avançado) quando perdíamos 1-0 e a 20 minutos do fim contra a Alemanha (Pauleta e N. Gomes) durante apenas 8 minutos quando perdíamos 2-0. Como esta situação nunca foi antes ensaiada não deu qualquer resultado.
Em termos tácticos vimos duas estrelas como Figo e Ronaldo serem colocados em autênticos beco-sem-saída, a correrem das pontas para o meio, mas sem ligação ao ponta-de-lança Pauleta, que se encontrava tão isolado como a ilha do Corvo. Scolari foi o principal responsável pelo seu fraco rendimento. Ao Cristiano restava o remate muito raramente efectuado em boas condições. Foi o 4° mais rematador, os 21 remates para zero concretizações diz bem do seu estatuto de beco-sem-saída na equipa de Scolari.
As substituições de Scolari foram surrealistas. Duas vezes Pauleta saiu para dar lugar a Simão (Inglaterra e França), passando o Cristiano a ponta-de-lança, para 10 a 15 minutos mais tarde, e sem qualquer resultado, entrar uma das cunhas de Scolari: Hélder Postiga. Pior só a já referida substituição de Pauleta contra Holanda, onde corremos o risco de ir para prolongamento sem ponta-de-lança e em desvantagem numérica.
(Continua com o Mito do "Grupo")
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